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sexta-feira, 13 de julho de 2012

Salmo 34 -Pr. Biagini


Salmo 34 – 
Como Alcançar a Longevidade?
Introdução (1-3)
Este cântico de louvor é um acróstico: cada verso inicia com as letras em sequência do alfabeto hebraico. Quanto ao conteúdo, é um cântico de Ação de Graças, semelhante no pensamento ao livro de Provérbios. Pode ser descrito como um salmo didático, que nos ensina lições extraordinárias, lições que procedem da experiência pessoal de Davi, o suave cantor de Israel, que muito mais do que todos, sabe o que é ser atribulado, mas que sabe também o que é ser liberto.
Davi se introduz com uma promessa de que louvará a Deus. Verso 1: "Bendirei o Senhor em todo o tempo, o seu louvor estará sempre nos meus lábios." Não basta louvar a Deus apenas em alguns momentos em que estamos emocionados diante das muitas maravilhas divinas. É um estilo de vida louvar a Deus em todo o tempo, ininterruptamente, porque isso passa a ser parte de nossa atitude mental. Não pode ser diferente, se você está com o coração cheio da Sua graça e amor.
Então, o salmista apresenta o resultado de louvar a Deus em todo o tempo: o seu louvor ajudará a outros a conhecerem a Deus e estes passarão a louvá-lO também. A resolução de louvar a Deus continuamente é a base para levar outros a magnificar e exaltar o Senhor. V. 2: "Gloriar-se-á no Senhor a minha alma; os humildes o ouvirão e se alegrarão."
Muitos se gloriam nas suas aquisições, nos seus carros novos, em suas casas ou terras férteis. Outros se gloriam no seu conhecimento, nas suas aquisições intelectuais, nos seus doutorados. Outros ainda se gloriam nos seus talentos, nas suas habilidades, nos seus recursos humanos. E há até os que se gloriam no seu cônjuge, no seu casamento, e nos seus filhos.  Mas o salmista aqui se gloria no Senhor: toda a sua glória, todo o seu valor, todo o seu mérito, toda a sua riqueza estava em Deus. A glória do seu passado, a realidade do seu presente e a esperança do seu futuro estavam centralizados em Jeová, o Deus da aliança.
Mas enquanto Davi fala em se gloriar, ele destaca que isso não deveria se confundir com orgulho porque louvar a Deus é uma atividade dos humildes: "os humildes o ouvirão e se alegrarão." A humildade é essencial para louvar a Deus, porque esse louvor exige a necessidade de reconhecer, não só a nossa pecaminosidade completa e a incapacidade de nos salvar, como também exige a necessidade de reconhecer as virtudes e qualidades de um Deus Criador, Mantenedor e Salvador. Portanto, Jesus Cristo inicia o seu maior discurso com um glorioso estímulo aos humildes: "Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus." (Mt 5:3).
Então, Davi faz um convite universal, no v. 3: "Engrandecei o Senhor comigo, e todos, à uma, lhe exaltemos o nome." Este convite é dirigido a todos. Não importa quão pobres sejam os adoradores. Não importa quão desprezados sejam os que O louvam. Não importa quão pecadores sejam os que O buscam. Se eles começarem a louvar a Deus, eles deixarão os seus pecados e se voltarão para Aquele que é poderoso para salvar, bendizendo-O por Sua gloriosa salvação. 
Os justos que louvam a Deus buscam 3 coisas: LIBERTAÇÃO, LONGEVIDADE E APROVAÇÃO
I – OS JUSTOS BuscaM Libertação (4-10)
V. 4: "Busquei o Senhor, e Ele me acolheu." Davi buscava a Deus continuamente, tanto nas horas boas, como nos momentos difíceis. Buscava ao Senhor quando estava feliz, mas também O buscava quando se sentia muito infeliz. Buscava o Seu Libertador quando estava alegre, mas também O buscava quando se sentia triste. E o seu testemunho é de que ele nunca foi decepcionado; pelo contrário, sempre foi acolhido. Assim como Davi, temos que buscar ao Senhor nosso Deus em todas as circunstâncias, porque Ele sempre nos acolherá.
1. Deus nos liberta do temor. Davi podia comprovar esse fato. Ele pôde testificar: O Senhor "livrou-me de todos os meus temores" (verso 4). Davi tinha muitos temores. Temor de animais selvagens, temor de pessoas invejosas, temor de gente hipócrita no palácio, temor de traidores, temor da guerra, temor de seus muitos inimigos, temor de falsos amigos, temor de não ser perdoado, temor de perder a salvação, temor de ser abandonado por Deus. Mas o Senhor o livrou de todos esses temores, e como Ele fez com o Seu servo, pode fazer com você.
Vivemos em um mundo de temor. O homem moderno vive acicatado pelo temor. O homem de nosso tempo vive atormentado pelo medo. O homem tem medo do escuro, da sexta-feira 13, tem medo de perder o emprego, teme um colapso cardíaco, tem medo da velhice, tem medo da vida, tem medo da morte, e teme o que virá depois da morte, e teme se perder no fogo do inferno. Mas Deus prometeu livrá-lo de todos esses temores. Disse Davi: O Senhor "livrou-me de todos os meus temores". (v. 4).
2. Deus nos liberta do vexame: V. 5: "Contemplai-O e sereis iluminados, e o vosso rosto jamais sofrerá vexame." O sentimento de vergonha é inato no ser humano decente, naquele que tem caráter. Note o sentimento dos cristãos romanos, em relação ao tempo de sua vida pregressa: "Quando éreis escravos do pecado, ... Naquele tempo, que resultados colhestes? Somente as coisas de que, agora, vos envergonhais; porque o fim delas é morte." Rm 6: 20-21.
Davi também olhava para o seu passado e temia que os outros lançassem em seu rosto os seus erros e pecados. Se não, vejamos. Ele tinha cometido adultério com a mulher de Urias, esposa de um de seus mais valorosos oficiais. Para piorar a situação, Davi, longe de Deus, planejou e executou a morte de Urias, a fim de ocultar o seu pecado. Pouco depois, Amnon, filho de Davi, se apaixonou por sua irmã Tamar e, arquitetando um plano diabólico, praticou um pecado de incesto e estupro contra ela, arruinando a sua vida e a vida dela.
Ora, o povo reclamava por justiça, e Davi foi tentar censurar o pecado de Amnon, seu filho, atribuindo-lhe o castigo merecido. Mas quando Davi foi lhe falar em castigo, Amnon riu de sua cara e lhe lançou os seus próprios pecados em rosto. Pode imaginar a vergonha de Davi diante dos seus oficiais, com o rosto ruborizado, sem nenhuma moral para repreender o filho, ao dizer-lhe que era digno de morte, quando o filho era menos culpado que o próprio pai que agora o ameaçava?
Davi sentiu um grande complexo de inferioridade por causa de seus pecados. Nós também sentimos muitos complexos de inferioridade por causa do sexo, por causa da cor, ou a profissão, pela falta de conhecimento, pela falta de habilidade, mas também sentimos um grande complexo de inferioridade por causa de nossos pecados.
Mas agora, Davi nos fala como evitar a vergonha: "Contemplai-O e sereis iluminados, e o vosso rosto jamais sofrerá vexame." Em outras palavras: "Buscai a Deus, contemplai-O, e então, vocês serão iluminados com a luz fulgurante de Sua glória; então, nunca sofrereis a vergonha de seus pecados, porque estes serão perdoados e esquecidos." 
Contemplar a Deus não significa passar 4 horas em meditação vazia, como sugere a doutrina do yoga. Contemplar a Deus significa meditar no Seu caráter, nos Seus atributos e no Seu poder. O Seu caráter é justo, santo e bom. Os Seus atributos são a imortalidade, a imutabilidade e a eternidade. Já o Seu poder se mede pela onisciência, onipresença e onipotência.
Quando contemplamos a Deus desse modo, somos iluminados, conforme nos disse Davi, e somos transformados, conforme disse Paulo: "E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito." (2Co 3:18).
Quando contemplamos a Deus, somos transformados à semelhança do Seu caráter, e somos iluminados de tal modo que vencemos toda a espécie de complexos. Nessa feliz contemplação, nós teremos a solução de todos os problemas espirituais e psicológicos. Conhece pessoas que ficam com o rosto vermelho facilmente? Aqui está o segredo para vencer esse tipo de constrangimento: Contemplar a Deus pela fé, a fim de ver não os nossos pecados, mas o próprio Libertador. Disse Paulo: "Olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus." (Hb 12:2).
"Olhar firmemente" é contemplar. Temos que contemplar mais Aquele que é o Autor e Consumador de nossa fé, Jesus, o qual morreu numa ignominiosa cruz para que não precisássemos sentir ignomínia, vergonha de nada, mas para que fôssemos capazes de levantar a cabeça e sairmos vitoriosos em nossa vida espiritual.
3. Deus nos liberta da dúvida: V. 6: "Clamou este aflito, e o Senhor o ouviu." Davi duvidou de que seria ouvido por Deus em sua oração de angústia. A sua dúvida é provada por seu forte clamor buscando a Deus em momentos em que parecia que Ele estava muito longe, cuidando de Suas galáxias. Mas as suas dúvidas acabavam porque quando Davi clamava, Deus o ouvia, e Se fazia entender em Suas claras respostas ao Seu servo aflito. 
Assim pode se dar conosco. Assim se dará com você: quando você clamar com fé, com inteireza e confiança, Deus o ouvirá. Naturalmente, Deus ouve a todas as suas orações, mas aqui "ouvir" significa atender, responder, tornar-se propício. Nossas dúvidas devem ser todas dirimidas, porque Ele nos ouve, atende e Se torna propício para conosco, abrindo um mar de esperanças, mesmo quando estamos desesperados, sem ver nenhuma saída para os nossos intrincados problemas.
4. Deus nos liberta da tribulação. Davi passou muitas vezes pela experiência de que Deus "o livrou de todas as suas tribulações". Muitas foram as suas tribulações, mas Deus o livrou de todas. A palavra "todas" é significativa. Não somos libertos de algumas tribulações; não somos libertos apenas de umas poucas tribulações. Não somos deixados sozinhos quando as tempestades da tribulação nos afligem, porque o Senhor nos livra de "todas" as nossas tribulações.
Ou podem vir angústias, aflições de espírito, melancolia de alma. Podem nos visitar as provações, os testes em nossa vida familiar, ou no trabalho, ou mesmo na vida espiritual. Deus nos prova a todo o momento, a fim de desenvolvermos um caráter à Sua semelhança. Mas Ele promete nos valer em todas as nossas tribulações.
5. Deus nos liberta do perigo: V. 7 "O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que O temem e os livra." A Bíblia nos informa em muitos lugares que o Anjo do Senhor foi o próprio Jesus Cristo, que andava entre o Seu povo no Antigo Testamento. Deus enviou o Seu Anjo para Josué, antes da destruição de Jericó. E ele viu um homem  diante dele com uma grande espada reluzente, e lhe perguntou:  "És tu dos nossos ou dos nossos adversários?" E o Anjo lhe respondeu: "Não; sou Príncipe do Exército do Senhor e acabo de chegar." Era o Senhor Jesus Cristo que Se manifestava diante dele, em forma de um anjo, e aceitou a sua adoração. (Js 5:13-15; At 5:31). Com efeito, Deus manda o Seu Anjo para nos visitar e proteger. Mas esse texto (Sl 34:7) também se aplica à verdade de que cada um de nós tem o seu anjo da guarda.
Davi sofreu muitos perigos. Sua experiência começou quando cuidava de seu rebanho e teve de enfrentar um leão e logo um urso; depois, teve de enfrentar o perigo de lutar com o gigante Golias; então, teve de se livrar do rei Saul que lhe atirou uma lança para o matar, movido de inveja, e tratou de persegui-lo de morte, cassando a sua vida como a um bandido, tentando destruí-lo. Davi enfrentou o perigo nas guerras combatendo os inimigos de fora, perigos entre inimigos de dentro dos limites de Israel, perigos entre os seus próprios filhos, sendo perseguido por seu filho Absalão, que, além de cometer os crimes incestuosos com suas mulheres, tentou matá-lo para lhe usurpar o trono. Mas o anjo do Senhor se acampou ao seu redor, e o livrou de todos esses perigos, dando-lhe a força descomunal para salvá-lo, preservando-lhe a vida e o trono até ditosa velhice.
Paulo, como Davi, passou por muitos perigos: "Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um; fui três vezes fustigado com varas; uma vez, apedrejado; em naufrágio, três vezes; uma noite e um dia passei na voragem do mar; em jornadas, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns, muitas vezes; em frio e nudez." (2Co 11:24-27).
Vivemos em um tempo de muitos perigos, muito mais do que em épocas antigas, por mais perigosas que fossem. Enfrentamos hoje perigos na natureza, perigos de enchentes, de ciclones, de furações, de terremotos, de maremotos, de tsunamis como nunca houve nos outros tempos. Temos o perigo de pessoas, em roubos, assaltos à mão armada, estupros, pedofilia, incesto e assassinatos. Temos perigos políticos que geram as guerras, as revoluções e os levantes, além de roubos em grande escala da riqueza pública. Temos perigos dentro e fora de casa. Enfrentamos o perigo em uma loja comercial, num banco ou andando numa praça com nossos filhos, ou passeando em nosso carro com a família.
Mas a grande promessa é de que Deus enviará o Seu anjo para nos livrar de qualquer perigo, se nós, ao invés de colocarmos o nosso temor mórbido no homem, colocarmos o nosso temor saudável em Deus. O Seu anjo nos cercará com as asas de sua proteção a fim de nos preservar a vida.
6. Deus nos liberta da necessidade: V. 8: "Oh! Provai e vede que o Senhor é bom". As bondades de Deus são a certeza de que não passaremos nenhuma necessidade. Somos desafiados a testar ao Senhor, a fim de provar que, de fato, a bênção é reservada aos que põem nEle a sua confiança, e experimentam a felicidade. Portanto, é "bem-aventurado o homem que nEle se refugia" quando surge a necessidade ameaçadora.
Podem vir privações. Isto significa que a pobreza pode bater à nossa porta. Um problema financeiro na China ou na Grécia, um decisão do governo nas poupanças (como em 1990), uma guerra inoportuna, um sequestro, um assalto à mão armada, e lá se vão as nossas economias de uma vida toda. De uma hora para outra, os ricos podem se tornar pobres, e os pobres se tornam miseráveis. Mas Deus nos liberta das privações e necessidades.
O salmista continua enfatizando esse aspecto, e nos estimula a temer ao Senhor em vista de Suas bondades, e ilustra o fato na própria natureza: V. 9 e 10: "Temei o Senhor, vós os seus santos, pois nada falta aos que O temem. Os leõezinhos sofrem necessidade e passam fome, porém aos que buscam o Senhor bem nenhum lhes faltará."
II – OS JUSTOS BuscaM A longevidade (11-14)
Davi tem uma orientação para dar aos filhos de Deus. V. 11: "Vinde, filhos e escutai-me; eu vos ensinarei." Aqui ele se coloca na posição de pai e professor, pela experiência que já demonstrou de tantas tribulações na sua vida. A matéria é o seu conhecimento experimental que lhe deu o direito de ensinar aos outros. O auditório é composto por aqueles que são chamados de filhos, pessoas humildes e capazes de aprender, discípulos de todas as idades. O método é através de perguntas e respostas didáticas como fazem os homens sábios, na sua simplicidade. O tema é a vida, não a vida física simplesmente, herdada de um processo biológico, mas a vida espiritual e como pode ser prolongada e bem vivida, em paz e felicidade. 
 Aqui está o convite do salmista: V. 11: "Vinde, ... eu vos ensinarei o temor do Senhor." O grande tema geral é o temor de Deus. Este é um tema que engloba toda a nossa vida espiritual. O temor do Senhor está enraizado na vida de todos os que Lhe pertencem e desejam fazer a Sua vontade.
No verso 12, temos a pergunta retórica: "Quem é o homem que ama a vida e quer longevidade para ver o bem?" Aqui está a proposição: quem ama a vida deseja saber como viver mais e melhor. "Quem de vós ama tanto a vida que deseja longevidade, mais vida ainda?" Longevidade não só para viver e apreciar a vida, mas para viver uma vida eterna na companhia de um Deus amorável.
Anote as 3 simples regras do suave cantor de Israel:
1 – Domínio das palavras: V. 13: "Refreia a língua do mal e os lábios de falarem dolosamente." Todos têm a capacidade de falar, mas nem todos dominam a arte de falar bem. Temos que ter o domínio da linguagem, temos de refrear a língua do mal. Mas não é fácil dominar a arte de falar, dominar as palavras. Tiago falou desse assunto: "Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça no falar, é perfeito varão, capaz de refrear também todo o corpo." (Tg 3:2). Porque virão muitas consequências desastrosas, se nós não atentarmos cedo na vida para esta simples regra.
Mas então, onde está o segredo para dominarmos a arte de falar bem e refrearmos a língua do mal? Jesus Cristo fez a mesma pergunta nestas palavras: "Como podeis falar coisas boas, sendo maus?" O seu auditório ficou esperando que Ele mesmo desse a resposta. E Ele completou: "Porque a boca fala do que está cheio o coração." (Mt 12:34). Então, eles concluíram que o problema está no coração; resolvendo o problema do coração, podemos refrear a língua do mal.
O coração é um símbolo de nossa mente. A língua está sempre pronta para falar aquilo que está na mente. Se temos a mente cheia do mal, do que é que falaremos? Portanto, precisamos renovar o nosso coração, a nossa mente. Paulo disse: "Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." (Rm 12:2). Renovamos a nossa mente quando lemos a Bíblia, e somos iluminados pelo Espírito Santo. Temos que encher a nossa mente com as coisas espirituais. Então, teremos domínio de nossa língua e falaremos as palavras de Deus.
2 – Domínio dos atos: V. 14: "Aparta-te do mal e pratica o que é bom." Temos uma luta que não termina senão apenas na morte. Temos uma natureza má, cheia de paixões, tendências para o mal. Assim nasceram todos os habitantes desta terra. Mas podemos, mercê de Deus, dominar as paixões de nossa natureza pecaminosa. Podemos dominar os nossos atos. 
Temos muitos exemplos na Escritura de homens justos que se desviavam do mal e praticavam o que era bom. José do Egito, um padrão de pureza e retidão de vida, não só fugia literalmente do pecado, como salvou aquela nação da extinção pela fome. O patriarca Jó foi descrito como um "homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal." (Jó 1:1). Disse o mesmo Jó que Deus falou ao homem: "Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e o apartar-se do mal é o entendimento." (Jó 28:28).
Disse também Jesus Cristo que é do coração que vem todo o mal: "Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura." (Mc 7:21-22). Portanto, assim como más palavras procedem de um coração mau, assim procedem os maus atos de um coração maligno. Desse modo, concluímos como antes: o problema está no coração; se o coração for consertado, daí procederão só boas práticas e boas ações. Nós estaremos nos desviando do mal e praticando o que é bom.
3 – Domínio dos pensamentos. V. 14: "Procura a paz e empenha-te por alcançá-la." Isto significa que devemos buscar a paz de tal modo que não desistimos até que a encontremos. Deus é a Fonte da paz, chamado o "Deus da paz" (Rm 15:33), e temos de buscar a paz em Deus porque só Ele a pode dar. Ele primeiro nos dá a paz judicial, que significa o perdão dos pecados. Isto se consegue através da justificação, que nos vem quando recebemos a Jesus Cristo, o "Príncipe da Paz" (Is 9:6). "Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo" (Rm 5:1). Depois como resultado, Ele nos dá a paz mental.
Paz é uma virtude da mente ligada em Deus. É a harmonia do pensamento humano com o divino: quando todos os pensamentos estão em harmonia, temos paz com Deus, paz conosco mesmos e paz com os semelhantes. Esta é uma virtude que está diretamente relacionada com a mente humana.
É por isso que Satanás está muito preocupado em dominar as mentes de homens e mulheres. Porque, se ele conseguir isso, então conseguirá dominá-los completamente. Se Satanás tiver o domínio da mente, poderá dominar as palavras e os atos do homem. Desse modo, não haverá limites para o mal.
Portanto, precisamos do temor de Deus a fim de receber o Seu poder que nos capacita a dominarmos a mente e em consequência os nossos pensamentos. E o conselho de Davi é para que dominemos os pensamentos, as palavras e os atos: Refreando a língua, desviando-nos do mal, e buscando a paz, como base fundamental de tudo o mais. Temos que seguir as regras de Davi que é uma regra tríplice: boas palavras, bons atos, e bons pensamentos. Palavras sem dolo, atos do bem, e pensamentos de paz.
A ordem é um costume oriental e hebraico de colocar o principal no fim, quando nós ocidentais colocamos o principal no início: pensamentos, palavras e atos. O que Davi quer dizer é que, se temos dificuldades com as palavras, se temos dificuldades com os atos, na sua prática, então, temos que avaliar os nossos pensamentos. Portanto, ele coloca isso em último lugar, didaticamente, em um grande clímax: cuide dos pensamentos, harmoniosamente, e tudo estará bem. Este é o máximo domínio que está à nossa disposição.
Aqui está o segredo da longevidade, o segredo da vida longa. E a base está no temor de Deus. Muito tem se feito em busca da longevidade. Esse tema tem despertado o interesse de todos os povos. Todos querem viver muito e com muita felicidade, porque longevidade só tem graça se estiver ao lado da felicidade. Mas longevidade e felicidade só podem ser conquistadas se tivermos a Deus como o centro de nossa vida e de nossos pensamentos. Se nós tivermos o nosso "eu" como o centro de tudo, logo haverá desarmonia nos pensamentos, não estaremos em paz com o nosso mundo, nem com as pessoas próximas ou distantes, e não estaremos em paz nem conosco mesmos. O resultado será degenerescência e morte, não vida prolongada.
III – OS JUSTOS BuscaM a Aprovação (15-18)
1 – Os justos buscam a aprovação de Deus: V. 15: "Os olhos do Senhor repousam sobre os justos, e os seus ouvidos estão abertos ao seu clamor." Muitas vezes teremos de clamar a Deus e buscar a Sua aprovação. Às vezes estamos angustiados com muitos problemas e muitos conflitos em nossa vida. Quando buscamos ao Senhor e a Sua aprovação, somos surpreendidos com o fato maravilhoso de que Ele já tem os Seus olhos repousando sobre nós e os Seus ouvidos atentos ao nosso clamor.
Mas isso não acontece com os ímpios sobre quem impende a desaprovação divina. V. 16: "O rosto do Senhor está contra os que praticam o mal, para lhes extirpar da terra a memória." O rosto de Deus Se demonstra a favor ou contra uma pessoa consciente e livre para agir. Se ele age pelas práticas do bem, Deus se lhe mostrará com Seu rosto favorável. Mas se ele pratica o mal conscientemente, a terrível desaprovação divina virá contra ele e logo, se ele não se arrepender, a sua memória será apagada e extinta da terra.
2 – Os justos clamam a Deus. V. 17: "Clamam os justos, e o Senhor os escuta e os livra de todas as suas tribulações." Este verso é uma repetição do que Davi havia dito no v. 6, onde ele declara que esta foi a sua experiência. Se Deus podia cuidar de Davi desse  modo tão amorável, Ele também pode cuidar de nós da mesma forma, quando clamarmos com inteireza de coração. 
Assim também somos estimulados a clamar ao Senhor. Não basta apresentar diante de Deus uma oração vazia, desconcentrada e sem alma. Você tem que colocar todo o seu coração e toda a sua esperança em Deus ao clamar em oração fervente. É preciso erguer a voz com sentimento e interesse real. E a promessa é de que seremos ouvidos, atendidos e libertos de todas as nossa tribulações.
3 – Os justos sentem a presença de Deus. V. 18-19: "Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito oprimido. Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor de todas o livra." Aqui está a definição do que é um justo: ele sente a presença divina. Ele tem uma noção muito clara da presença de Deus consigo mesmo. Ao passar por muita opressão ocasionada pelos ímpios, ele tem o seu coração quebrantado e oprimido porque é humano e padece, mas tem a consoladora certeza da presença divina. Ele sabe que Deus o livrará de todas as suas aflições. Consola-se com a convicção de que Deus sabe de tudo o que se passa com ele e o salvará.
4 – Os justos são protegidos de Deus: V. 20: "Preserva-lhe todos os ossos, nem um deles sequer será quebrado." Esta é uma vívida figura de completa preservação. Esta afirmação foi literalmente cumprida na experiência de Cristo, após à Sua morte (Jo 19:36). Os Seus ossos não Lhe foram quebrados, por não ser isto necessário, porque Ele já estava morto, segundo interpretação do costume da época, mas isso ocorreu com os outros dois crucificados, cujas pernas foram-lhe quebradas. Portanto, este salmo tem nesta parte uma aplicação messiânica.
Davi sentiu a proteção física de modo extraordinário, sendo perseguido pela lança de Saul, pelas flechas do inimigo e pela espada dos soldados gentílicos que também buscavam a sua morte. Ele foi preservado e seus ossos não foram quebrados. Assim, os justos serão preservados, no tempo de angústia: nenhum osso lhes será quebrado. Mas isto não acontecerá com os ímpios: "Deus tirou do Egito a Israel, cujas forças são como as do boi selvagem; consumirá as nações, seus inimigos, e quebrará seus ossos, e, com as suas setas, os atravessará." (Nm 24:8).
Mas esta é a promessa de Deus para aqueles que O servem: "O Senhor te guiará continuamente, fartará a tua alma até em lugares áridos e fortificará os teus ossos; serás como um jardim regado e como um manancial cujas águas jamais faltam." (Isaías 58:11). 
CONCLUSÃO (21-22)
Os dois últimos versos do salmo 34 podem ser considerados como uma conclusão e um resumo de todo o salmo: Só há duas classes de pessoas: os justos que são absolvidos, e os ímpios que serão condenados. Este é um dos principais temas de todo o livro dos Salmos: o justo que será salvo da perseguição do ímpio que por sua vez será condenado, e sua memória extinta para sempre. Isto acontecerá com o ímpio, porque "o infortúnio matará o ímpio, e os que odeiam o justo serão condenados". (v. 21).
1 – Os ímpios serão condenados. Aqui está a própria razão por que serão condenados os ímpios: eles "odeiam o justo". De fato, não serão condenados os ímpios à morte, basicamente, porque cometem alguns pecados, como assassinatos, ou adultérios, porque isto também aconteceu com alguns homens de Deus. Os ímpios serão condenados porque "odeiam os justos" que são protegidos por Deus, e odeiam a Deus porque protegem os justos. Se não podemos amar os filhos de Deus a quem vemos, como poderíamos amar a Deus a quem não vemos? (1Jo 4:20). Os ímpios estão condenados porque odeiam os justos. E quem odeia é assassino e está em trevas. (1Jo 3:15; 2:11).
2 – Mas os justos serão justificados: V. 22 "O Senhor resgata a alma dos seus servos, e dos que nEle confiam nenhum será condenado." Davi compreendia o Evangelho: Deus resgata a alma dos que O servem, daqueles que confiam nEle, pela fé em Seu poder, providência, proteção e, finalmente na Sua salvação. Os justos são chamados "justos" porque já foram justificados e perdoados no passado, vivem uma vida justa no presente e porque no futuro serão também justificados diante do tribunal divino.
Davi sabia muito bem a definição do Evangelho: são as boas novas que podem nos tornar sábios e justificados para a salvação. Como disse Paulo: "Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus." "Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós." Rm 8:1,33-34.
E como é com você meu prezado amigo? Este salmo pôde falar ao seu coração? Você tem a aprovação de Deus e já foi muitas vezes liberto de muitas tribulações? Deus enviará o Seu Anjo para protegê-lo, o próprio Salvador Jesus Cristo. Você sente a presença de Deus com você agora mesmo? Você se sente justificado diante de Deus tendo os seus pecados perdoados? Aquele que confia em Deus e aceita o Seu plano de salvação será justificado, jamais será condenado. Você está ansiando por longevidade, vida longa e feliz? Sabe que isto depende de sua ligação com Deus que lhe dá o poder para dominar os pensamentos, palavras e atos. 
Portanto, aceita a Jesus Cristo como o seu Salvador pessoal. Busca a Deus e a Sua Libertação. Busca a Vida verdadeira, que está no temor do Senhor, e domina pelo Seu poder os seus pensamentos, palavras e atos. Busca a Sua aprovação. Você terá paz e felicidade, e muita vida, a própria vida eterna.

Pr. Roberto Biagini
Mestrado em Teologia
15/08/2012


quinta-feira, 12 de julho de 2012

Estudando Salmos 33


Salmo 33 – A Soberania de Deus
Este é um cântico de adoração. Este salmo traduz a experiência pessoal em um hino nacional de ação de graças. Este poema é uma expressão conjunta de louvor e adoração marcada por um equilíbrio de pensamento e simetria de estrutura.
O Salmo 33 é um dos mais belos e impressionantes salmos. É composto de muita beleza e contém muito ensinamento teológico. Através dele podemos conhecer mais acerca de algumas das doutrinas da Bíblia. Neste salmo, podemos aprender mais de Deus e de Seus atributos. É muito proveitoso e gratificante conhecê-lO mais em um tempo de tanta insegurança e temor. A estrutura do salmo pode ser vista da seguinte forma:
A. Apelo dos Justos [1-3]
     B. O Caráter de Jeová [4-5]
          C. Jeová é Criador [6-9]
          D. Jeová é Governador [10-17]
     E. A Vigilância de Jeová [18-19]
F. Confiança dos Justos [20-22]

Introdução
Notemos as palavras iniciais do salmo: v. 1-3: “1 Exultai, ó justos, no Senhor! Aos retos fica bem louvá-lo. 2 Celebrai o Senhor com harpa, louvai-o com cânticos no saltério de dez cordas. 3 Entoai-lhe novo cântico, tangei com arte e com júbilo.”
O salmo começa com um apelo, diferentemente do esperado, porque os apelos ficam para o final. Este é um forte apelo para adoração com alegria. Os justos são convidados a adorar ao Senhor com júbilo. Porque adorar sem alegria é uma incongruência. Não podemos imaginar um grupo de crentes que vão adorar a Deus em Seu templo com o coração cheio de ressentimento, mágoas e dissabores. Aos retos fica bem louvá-lO com alegria. Já estamos fartos de legalismo que é uma tentativa de adorar sem alegria. Portanto, vamos usar também os instrumentos musicais que dão um sabor de júbilo e entusiasmo ao louvor.
Inicialmente, este salmo nos convida a louvarmos a Deus, e logo nos dá as razões por que Ele Se demonstra Soberano, Altíssimo, Excelso através de todo o Salmo. Este Salmo apresenta 4Razões por que Deus é Soberano e, portanto, tem o direito de ser louvado, exaltado e engrandecido. 
I – Deus é Soberano Porque Tem Caráter Excelente (4-5)
Por que temos de louvar a Deus com alegria? “Porque a palavra do Senhor é reta, e todo o seu proceder é fiel.” (v. 4)
O caráter de uma pessoa tem que ver com sua palavra. Para conhecermos o caráter de alguém, basta deixá-la falar por algum tempo. Aqui temos o caráter divino que se manifesta em Sua Palavra. Temos que louvar a Deus, porque a Sua Palavra é reta, correta, sem erro, verdadeira e por isso perfeita. E se a Sua palavra é perfeita, Ele tem caráter perfeito. Disse o apóstolo Tiago: “Se alguém não tropeça no falar, é perfeito.” (Tg 3:2). Deus é soberano por Seu caráter excelente, que se revela em Sua palavra que é reta.
Todos os conceitos divinos são retos, corretos; não são tortos, tortuosos, não nos iludem com promessas falsas, mas nos indicam um caminho proveitoso e, portanto, ao nós descobrirmos essa retidão da Palavra de Deus por experiência, a nossa alma encontra a alegria e louvor.
Retidão e alegria sempre vão de mãos dadas, e estão intimamente relacionadas. Temos que provar a retidão da Palavra em nós mesmos, ao termos um contato diário com os Escritos Inspirados, através dos quais ouvimos a voz de Deus. Então, saberemos por experiência própria o que significa a retidão da Palavra de Deus. O coração que encontrou a retidão da Palavra encontra verdadeira satisfação e regozijo para louvar e engrandecer ao Senhor por Seu caráter soberano. 
 O salmista continua descrevendo o caráter divino, no v. 4: “... e todo o Seu proceder é fiel.” O caráter tem que ver com as palavras e as ações. O caráter tem que ver com a coerência entre as palavras e os atos. As palavras não serão retas se o proceder não for fiel. A palavra tem que estar em harmonia com o proceder. A fala tem que ser coerente com o fazer.
Muitas vezes as pessoas demonstram um caráter fraco e defeituoso quando as palavras não são coerentes com o que dizem. Eles falam, mas não fazem, e isso se chama de hipocrisia. Muitos pretensos cristãos têm semelhante caráter: as suas palavras não estão em consonância com as suas obras. Há muitos que são considerados “tratantes”, porque tratam uma coisa e fazem outra. Pode ser alguém que desfaz um negócio por falta de palavra. Pode ser outro que marca um encontro, mas não aprece na hora marcada. Ou pode ser uma pessoa que não cumpre os seus compromissos pontualmente. 
Mas Deus, que tem um caráter perfeito, pelo contrário, tem uma palavra reta e um procedimento fiel. Todos os seus atos estão baseados naquilo que Ele já falou e estão ambos, a palavra e o proceder, em harmonia. As Suas obras são fiéis, porque estão de conformidade com o que Ele disse. O Seu proceder é fiel, porque Ele cumpre todas as Suas promessas feitas através de Sua Palavra.
O caráter tem que ver com a coerência e a excelência. Mas, Qual é a excelência do caráter divino? Quais são as máximas virtudes do caráter divino? “Ele ama a justiça e o direito; a terra está cheia da bondade do Senhor.” (V. 5). Justiça e amor são duas palavras que revelam toda a excelência do caráter de Deus. Aqui temos as duas palavras que representam em essência a perfeição do caráter divino: justiça e amor. E estas duas palavras estão sintetizadas na palavra santidade. É por isto que Ele é chamado em Isaías como “o Santo de Israel”: porque somente Deus é santo (Ap 15:4).
(1) “Ele ama a justiça e o direito.” Ele é justo, porque todos os Seus atos estão adornados pela justiça, e é impossível que Ele pratique qualquer injustiça. “Ele ama a justiça e o direito.” Isto significa ser justo, a tal ponto que Deus pratica a justiça não por seguir uma série de regras, mas porque Ele faz tudo por amor. Disse o salmista acerca do Filho de Deus: “Amas a justiça e odeias a iniquidade.” (Sl 45:7). É impossível amar a justiça e a iniquidade ao mesmo tempo. Ele ama tanto a justiça ao ponto de odiar a iniquidade. O seu trato com pessoas é justo. Não importa se as pessoas são justas ou ímpias, Ele permanece justo e imparcial em todas as circunstâncias. E isto indica a Sua perfeição de caráter, em um aspecto. Mas há um outro aspecto:
(2) “A terra está cheia da bondade (amor) do Senhor.” O outro aspecto do caráter divino é o amor. Não seria perfeito o caráter divino [dizemos isso com reverência e gratidão], se Deus fosse apenas justo, sem amor. João descreve esse aspecto de tal modo intenso que chega a identificar o Seu Possuidor com a virtude dEle, dizendo que “Deus é amor” (1Jo 4:8).
Esta é a perfeição da santidade. O amor de Deus é uma expressão da Sua santidade. Assim como a Sua justiça, o Seu amor é dirigido para maus e bons, justos e injustos. E Jesus Cristo completa dizendo que assim é que Deus é perfeito (Mt 5:43-48). E é por isso que “a terra está cheia da bondade do Senhor”, que é apenas um reflexo do Seu exorbitado amor. 
Quando você ouve o canto dos pássaros, quando você sente o perfume das flores, quando contempla os céus e o mar em sua beleza e imensidão, você pode vislumbrar a bondade do Senhor em toda a terra. Quando vemos a perfeita adaptação de toda a natureza para a felicidade e subsistência do homem, quando vemos as bênçãos de prosperidade, crescimento e riqueza das nações, as novas descobertas tecnológicas deste século, vemos a Sua bondade em toda a terra.  
Justiça e amor são a base do trono de Deus (Sl 89:14). Ao lado da justiça estão todas as outras virtudes correlatas, como equidade, correção, retidão, direito, fidelidade etc. Ao lado do amor estão todas as outras virtudes que lhe são correlatas, como bondade, benevolência, misericórdia, piedade, longanimidade etc. Portanto, o Seu trono tem a base sólida de duas virtudes excelentes: justiça e amor, que representam todas as virtudes do caráter santo e perfeito de Deus.  
II – Deus é Soberano Porque Tem Poder Excelente (v. 6-9)
Lemos esta impressionante declaração: “6 Os céus por Sua palavra se fizeram, e, pelo sopro de Sua boca, o exército deles. 7 Ele ajunta em montão as águas do mar; e em reservatório encerra as grandes vagas. 8 Tema ao Senhor toda a terra, temam-nO todos os habitantes do mundo. 9 Pois Ele falou, e tudo se fez; Ele ordenou, e tudo passou a existir.”
Por que Deus é soberano? Ele é soberano por Sua Criação que revela as maravilhas da onipotência do Seu excelente poder. Esse poder maravilhoso é digno de adoração e louvor: é pelo poder de Deus que existimos e podemos ver tudo o que existe como manifestação do Seu poder onipotente.
Os céus com seus bilhões de galáxias, com o seu exército inumerável de estrelas, planetas, satélites, cometas e outros corpos celestes – tudo testifica do poder onipotente de Deus. E tudo isso foi criado com os seus trilhões de seres habitando esse universo infinito, seres de mundos desconhecidos – todos eles prontos para louvar e engrandecer o seu amorável, justo e soberano Criador Todo-poderoso, que “falou, e tudo se fez; Ele ordenou, e tudo passou a existir.”
Qual é o nosso privilégio? Temos o privilégio de erguer os nossos olhos para o alto e contemplar os céus das estrelas que podemos ver e reconhecer e louvar a grandiosidade dAquele cuja palavra trouxe todas essas maravilhas à existência. Não precisamos de nenhum cientista incrédulo que nos diga qual é a origem de tanta grandiosidade celeste, pois é “pela fé, [que] entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem.” (Hb 11:3).
Qual deve ser a nossa atitude diante de tanto poder? O salmista responde de modo claro e sucinto: “Tema ao Senhor toda a terra, temam-no todos os habitantes do mundo. Pois Ele falou, e tudo se fez; Ele ordenou, e tudo passou a existir.” (Vs. 8-9). O temor de Deus é o respeito que devemos prestar à onipotência do Seu maravilhoso poder. De fato, quando nos defrontamos com esse aspecto de Deus e compreendemos parcialmente os Seus atributos como um Criador Todo-poderoso, não temos outra atitude senão manifestar o nosso amor, respeito e reverência diante de tanta glória. E seguramente, louvamos a Deus pelo que Ele é e faz. E reconhecemos, humildes, a Sua soberania.
III– Deus é Soberano Porque Tem Governo Excelente (10-12)
Deus governa o universo e todas as nações deste mundo são obrigadas a fazer o que Ele quer. “10 O Senhor frustra os desígnios das nações e anula os intentos dos povos. 11 O conselho do Senhor dura para sempre; os desígnios do seu coração, por todas as gerações.”
Ele é o Grande Comandante, que governa a terra e todo o universo.  O próprio nome de Deus é Senhor dos Exércitos. Como Deus governa as nações? Pelos Seus propósitos, planos e desígnios.
Os propósitos de Deus são soberanos, porque Ele faz o que quer e não permite que os Seus planos sejam frustrados. Ninguém pode impedi-los. Ele cumpre toda a Sua vontade. Se Deus determina que uma nação deve dominar o mundo todo, assim acontecerá de fato, não importa o que dirão ou o que farão as outras nações, assim será de fato.
Temos visto muitos exemplos disso nos anais da história universal. Deus escolhia uma nação e aquela dominava o mundo. Mas quando Ele escolhia outra nação, ninguém podia impedi-lO. Assim aconteceu com Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia e Roma, no passado, e continua acontecendo hoje, com os povos.
Os propósitos de Deus são justos e portanto, Ele frustra os desígnios maus das nações ímpias que não se conformam com a vontade divina. Ele muitas vezes “anula os intentos (malévolos) dos povos”. Muitas vezes se encontram anjos poderosos em meio às assembleias dos políticos que não podem explicar por que os seus planos vão à bancarrota.
Assim aconteceu com Napoleão Bonaparte, Hitler, Mussolini, Carlos V, Carlos Magno – todos eles queriam unir as nações da terra e se tornarem reis do mundo inteiro, mas Deus não permitiu que isso acontecesse, porque Ele já havia determinado por meio do profeta Daniel que as nações da Europa jamais se uniriam (Dn 2:43).
Como é o Conselho de Deus? O Seu conselho é eterno, dura para sempre, porque é o conselho de Jeová cujo nome indica esse fato por ser igualmente eterno. Tudo o que o Senhor faz é realizado propositalmente, e isto permanece firme. Deus ignora todos os intentos humanos, e faz com que estes sirvam aos seus propósitos; ninguém é capaz de impedir que os planos eternos de Deus se cumpram, fato que para nós é dos mais surpreendentes.
Qual é o estado de quem procura o conselho de Deus? O salmista também descreve a felicidade do povo escolhido. V. 12: “Feliz a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo que Ele escolheu para Sua herança.” Nesta seção, Davi está falando dos povos e nações e não seria justo esquecer a nação que tem a Deus como o seu Senhor e é feliz por isso. Dentre todas as nações da terra, este é o povo que Deus escolheu para ser o Seu povo e nação. Dentre todos os povos da terra, esse é o povo mais feliz. De fato, a felicidade está em escolher a Deus e ser escolhido por Ele. E Deus manifesta a Sua soberania por escolher a nação que Ele deseja como o povo que dissemina a Sua verdade para a salvação dos outros povos.
Como se processa a Eleição divina? Esta é outra realidade no Plano da salvação. O apóstolo Paulo escreveu: “3 Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, 4 assim como nos escolheu nEle antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor 5 nos predestinou para Ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de Sua vontade.”  (Ef 1:3-5). Aqui notamos que a eleição divina acontece quando estamos “nEle” (em Cristo). Ou seja: Deus escolhe e predestina a todos os que escolhem a Cristo como o seu Senhor e Salvador pessoal. Esses são predestinados para a salvação. Esta é a única Eleição verdadeira.
IV – Deus é Soberano Porque Tem Visão Excelente (13-19)
A visão do Senhor é excelente porque se revela por Sua onisciência. Note as palavras: “13 O Senhor olha dos céus; vê todos os filhos dos homens; 14 do lugar de Sua morada, observa todos os moradores da terra, 15 Ele, que forma o coração de todos eles, que contempla todas as suas obras.” (Vs.13-15).
Qual é o alcance da visão de Deus? Ele vê a todos os habitantes da Terra, independente da distância, do lugar de morada e esconderijo. Ele vê a todos, independente do caráter, da posição ou raça. Sua visão é ampla e nada refoge ao Seu olhar penetrante, perscrutador e onisciente. O Senhor olha dos céus e vê os moradores da terra em suas mais distantes habitações. Aquele que forma o coração dos homens contempla todas as sua obras. Ele vê o seu interior, os motivos do coração: “Eu, o Senhor, esquadrinho o coração, Eu provo os pensamentos; e isto para dar a cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto das suas ações.” (Jr 17: 10).
Alguém poderia perguntar: Como pode Deus ser um Deus pessoal e ainda assim ser onipresente e estar em todos os lugares ao mesmo tempo? Os panteístas dizem que Deus está em toda a matéria, diluindo-Se nos átomos da natureza. Mas isto é despersonalizar a Deus que sabemos que é um Ser pessoal. Deus está além da matéria, e a Sua visão penetra além do que é visível.
Mas, se Deus tem uma forma (Jo 5:37), como pode ser onipresente? A resposta está aqui nos versos 13-14: “O Senhor olha dos céus; vê todos os filhos dos homens; do lugar de sua morada, observa todos os moradores da terra.” Isso Ele consegue pela Sua onisciência. A onipresença divina se revela através da Sua onisciência. Ele está lá no Seu trono, Ele está lá na sua morada, nos Céus dos céus, Ele não precisa sair de lá, e, no entanto, Ele está presente em todos os lugares mais longínquos através de Sua onisciência, que é a capacidade de saber de todas as coisas do universo, no exato momento em que acontecem. Ele vê a tudo e a todos.    
Mas ao contemplar a todos os homens, Qual é a visão de Deus? Aquele Deus que está muito interessado nos seres humanos, vê a nossa urgente necessidade de salvação porque sabe que“Não há rei que se salve com o poder dos seus exércitos; nem por sua muita força se livra o valente. O cavalo não garante vitória; a despeito de sua grande força, a ninguém pode livrar.” (Vs.16-17).
Deus vê as limitações do homem para se salvar. Não há rei que se salve com o poder do seu exército. Não há rico que se salve com a sua riqueza. Não há valente que se salve com a sua coragem. Não há sábio que se salve com sua sabedoria. Não há ninguém que se salve por si mesmo. Você não pode se salvar por suas boas obras; não pode se salvar por seus sacrifícios, ou por seus méritos. Você não pode se salvar por seu batismo, por suas observâncias ou pelo dízimo que você devolve a Deus. Essas boas obras são obras de Deus na pessoa que se salvou (Ef 2:10), mas não são o meio de salvação para o pecador.
Então, Como é que podemos nos salvar? Note ainda a visão de Deus agora sobre uma outra classe de pessoas: V. 18: “Eis que os olhos do Senhor estão sobre os que O temem, sobre os que esperam na Sua misericórdia.” Você só pode se salvar temendo a Deus e confiando na Sua misericórdia, através de Jesus Cristo. Os olhos de Deus estão “sobre os que O temem”: Temer ao Senhor significa respeitar tanto a Deus que vamos temer praticar o mal, e como vemos a nossa total incapacidade de guardar os Seus mandamentos, então, só podemos confiar na Sua misericórdia. Somente a misericórdia divina pode nos salvar. Ou como disse o apóstolo Paulo, somente a graça de Deus pode nos salvar, porque a graça é a fonte de Sua misericórdia, que por sua vez está baseada em Seu amor (Ef 2:1-10).
Mas em que consiste a misericórdia de Deus? Com que objetivo Deus “derrama” (Rm 5:5) o Seu amor sobre os que esperam na Sua misericórdia? V. 19: “Para livrar-lhes a alma da morte, e, no tempo da fome, conservar-lhes a vida.”  
Qual é a grande lição sobre a nossa alma? A misericórdia de Deus se manifesta em livrar a nossa alma da morte. Muitos cristãos evangélicos e católicos crêem sinceramente na doutrina da imortalidade da alma, porque foram desde cedo ensinados assim. Eles crêem que a sua alma é indestrutível e imortal. Mas aqui o texto fala da morte da alma dos justos, que confiam em Deus e na Sua misericórdia. A alma é perecível e está sujeita à morte. É por isso que necessitamos que Deus por Sua misericórdia livre da morte a nossa alma. Ele não precisaria fazer isso se nós fôssemos imortais e indestrutíveis. Mas a alma pode ser destruída e morta (Ez 22:27; 13:18-19; 18:4,20).
Qual é a nossa esperança? Tanto a alma dos ímpios como a alma dos justos é mortal, perecível. Mas pela misericórdia divina, todos podem salvar a sua alma da morte, tanto literalmente como espiritualmente. E é por isso que louvamos a Deus pela Sua visão maravilhosa e cheia de amor que paira por sobre todos quantos O buscam em sinceridade para serem salvos. E quando Jesus Cristo voltar, Ele nos salvará a alma da morte eterna, a fim de que possamos viver com Ele para sempre no Céu (Rm 5:9; Jo 14:1-3).
Deus vê o fim desde o princípio; Sua visão é excelente, e ninguém mais pode prever o que virá. Somente Deus pode ser exaltado como o Excelso e Soberano. Ele sabe de todas as coisas e pode ver todas as necessidades do ser humano. Ele sabe de suas aflições e pode socorrê-lo em tempo de carência e angústia. Você pode confiar nesse Deus porque Ele é Todo-poderoso e, portanto, soberano.
Conclusão (v. 20-22)
Portanto, temos o dever e o privilégio de louvar a Deus porque Ele é Soberano, por 4 razões apresentadas neste Salmo:
1) Porque Ele tem Caráter Excelente
2) Porque Ele tem Poder Excelente
3) Porque Ele tem Governo Excelente
4) Porque Ele tem Visão Excelente

Então, o Salmo 33 finaliza com 3 coisas:
1. Esperança: V. 20: “Nossa alma espera no Senhor, nosso Auxílio e Escudo.” Esperamos em Deus porque confiamos nEle como o “nosso Auxílio e Escudo”. Ele é a nossa proteção e segurança. De nada nos aproveitaria confiarmos em nossas aquisições, em nosso intelecto, em nosso salário, em nossas riquezas. A nossa única segurança para esta vida e para a vida eterna é o nosso Deus. 
2. Alegria“NEle, o nosso coração se alegra, pois confiamos no Seu santo nome.” Quando você encontra uma pessoa justa e correta, você confia e se alegra com ela. Deus é a Fonte de nossa alegria, porque confiamos em Seu nome. Não há outro nome igual ao Seu, porque é santo. E desse modo o salmo termina como iniciou: com alegria. Se no princípio temos um apelo para louvar com alegria (vs. 1-3), no final (v. 21), temos uma declaração de que “o nosso coração se alegra” porque confiamos em Deus, cujo nome é santo.
E aqui vemos mais um estímulo à santidade, que será a razão de nossa alegria e júbilo, porque ninguém pode ter alegria verdadeira se continuar a viver no pecado. Confiamos no “santo nome” de Deus, buscamos a santidade e oramos: “santificado seja o Teu nome”, como Jesus nos ensinou em Sua Oração Modelo.
2. Misericórdia: V. 22: “Seja sobre nós, Senhor, a Tua misericórdia, como de Ti esperamos.” Esta deve ser a nossa oração: Como esperamos, assim oramos: que a misericórdia de Deus seja sobre nós como igreja e indivíduos. Nossa esperança está em Deus que nos confere a Sua misericórdia a cada dia. “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as Suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã.” (Lm 3:22-23).

Pr. Roberto Biagini
Mestrado em Teologia

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Estudando Salmo 32


Salmo 32 - A Bem-Aventurança do Perdão
Vou começar com uma pergunta: Existe Felicidade? Há várias teorias: alguns dizem que felicidade é apenas um sonho, um ideal inatingível e que, portanto, ela não existe. Outros dizem que felicidade é formada por momentos felizes, e que felicidade é a soma desses momentos agradáveis.
Entretanto, a Bíblia afirma que embora existam momentos e tempos de tribulação para todos, podemos ser felizes, e que a felicidade existe.
Vamos estudar hoje a base e o fundamento da verdadeira felicidade, em 4 Partes do Salmo 32:
1-    O Homem Feliz (v. 1-2)
2-    O Homem Infeliz (v. 3-4)
3-    Como ser Feliz (v. 5-7)
4-    A Vida Feliz (v. 8-11)

I – O HOMEM FELIZ
Versos 1-2: “1 Bem-aventurado aquele cuja iniqüidade é perdoada, cujo pecado é coberto. 2  Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não atribui iniqüidade e em cujo espírito não há dolo.”
Aqui temos uma bem-aventurança. Isso significa felicidade. “Bem-aventurado” é o homem feliz. O salmista começa com um glorioso clímax, como era o método do pensamento hebreu. Ele começa com a melhor parte.  
Quem é bem-aventurado? Quem é o homem feliz? O homem feliz é o homem que foi perdoado.
Mas De que é que esse homem foi perdoado?
O salmista apresenta 4 palavras que descrevem o caráter desse homem: no v. 1, a palavra é transgressão, (heb. pesha) que significa rebelião contra as leis de Deus; a outra palavra pecado (chatâ-âh = katáh), que significa uma ofensa a Deus; a 3ª palavra é iniqüidade (‘âvôn), que quer dizer perversidade, injustiça, ou o contrário de eqüidade. E temos a 4ª palavra que é dolo, ou engano (remiyâh) que significa traição. Quem é o homem feliz? É o homem que foi perdoado da sua transgressão, do seu pecado, da sua iniqüidade e da sua traição.
Se eu perguntasse, O que é Pecado? Que resposta você daria?
O apóstolo Paulo faz uma lista dos pecados da carne, que “são: a prostituição, a impureza, a lascívia, a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as discórdias, as dissensões, os partidos, as invejas, as bebedices, as glutonarias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais eu vos declaro, como já antes vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam” (Gál 5:19-21).
Você tem uma outra lista? O que é pecado para você?
Irreverência é pecado; tomar o nome de Deus em vão é pecado;
Trabalhar ou falar palavras profanas no sábado é pecado;
Reter os dízimos e ofertas é pecado de roubo a Deus;
Comer demais, tomar cerveja ou vinho é o pecado da intemperança;
Ociosidade, gastar tempo em coisas inúteis, desperdício das horas;
Pornografia, imoralidade, fornicação e adultério é pecado;
Assassinato, homicídio é pecado; mas odiar também dá no mesmo.
Mentira, mexerico, fofoca, falar mal dos outros é pecado;
Orgulho, vaidade, avareza, ciúme, cobiça e inveja – é tudo pecado.
Mas a base de todo o pecado está no egoísmo, no egocentrismo, na egolatria – a adoração do próprio “eu”, em oposição à adoração do verdadeiro Deus.
Quem é o homem feliz? É o homem que foi perdoado de qualquer desses pecados ou de todos eles ao mesmo tempo, sem distinção de qualquer um.
Mas Qual é o pecado que Deus não perdoa? Não existe um pecado que Deus não possa perdoar. Alguém poderia contradizer isso  afirmando que a blasfêmia contra o Espírito Santo é o pecado que Deus não perdoa. Mas eu respondo que o pecado contra o Espírito Santo é justamente a recusa para obter o perdão. Se alguém não quer o perdão de Deus, então, o problema está com ele, não com o Salvador.
Deus perdoa a qualquer pessoa de qualquer pecado. Você pode imaginar um grande criminoso, culpado das maiores atrocidades, das maiores perversidades e blasfêmias. Imagina a um bandido que entra numa casa de noite e para roubar uma família mata primeiro os filhos na presença dos pais e depois mata a estes também. Pode Deus perdoar a um homem assim? Pode. E ele ainda pode ser feliz pelo perdão divino, enquanto o povo fica admirado ou revoltado diante de tão grande amor.
E, no entanto, Quantos são pecadores? Quantos precisam de perdão? Todos, sem distinção. Imagine uma grande multidão, e você olha para muitas pessoas: vê aquele homem, alto ou baixo; magro ou gordo; bonito ou feio; branco ou negro; rico ou pobre. Você jamais falou com uma pessoa que não fosse um pecador. Você jamais se encontrou com um homem ou uma mulher que não fosse um pecador. Você jamais olhou para um ser humano que não fosse um pecador.
Mas apesar disso, Quem é o homem feliz? É o homem que foi perdoado. A transgressão foi perdoada (a rebelião foi esquecida). O pecado foi coberto (a ofensa foi aplacada pelo sangue expiatório de Cristo). A iniqüidade não lhe é atribuída, porque Deus que é o grande Juiz justificou o pecador. Os registros do livro do Céu foram apagados e nada mais existe para condenar. Esse homem é considerado como se nunca houvesse pecado.
Ora, se não há mais transgressão, pecado, iniqüidade e engano, o homem está liberto e será realmente feliz. Esta é a verdadeira felicidade de que nos fala a Bíblia, desde as primeiras páginas.

II – O HOMEM INFELIZ (vs. 3-4)
Versos 3-4: “3 Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. 4 Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio.”
Agora, o salmista descreve o homem infeliz. Davi foi esse homem e aqui ele conta a sua própria experiência. Era um tempo de guerra e os exércitos de Israel estavam em campo aberto enfrentando o inimigo. Mas Davi se encontrava ocioso em uma bela tarde, passeando pelo palácio, quando avistou uma mulher no quintal de sua casa tomando banho e se expondo sensualmente. A seguir ele mandou que os seus servos trouxessem aquela mulher para o palácio a fim de ele conversar com ela. Então, ele a levou para a sua cama, e adulterou com ela. Daí, achou que tudo estava certo, e que nada haveria de acontecer; afinal, ele era o rei de Israel e tinha certos privilégios!
Mas Bate-Seba mandou lhe dizer que estava grávida, e isso o deixou aturdido; a princípio, não sabia o que fazer. Ele havia cometido um pecado grave e agora precisava esconder o seu pecado. Como ele fez isso? Escondeu o pecado com outro pecado mais grave ainda. Ele planejou a morte do esposo da mulher com quem ele havia adulterado com o propósito de esconder isso dele.
Urias estava no campo de batalha e foi chamado para conversar com o rei no palácio, e Davi o tratou muito bem, com muita gentileza e amabilidade, recebendo-o com um rico presente (já era de se desconfiar que alguma coisa estivesse mal!) e sugeriu que ele fosse à sua casa descansar um pouco e ver a sua esposa. Mas o homem era de caráter nobre e não quis descansar nem se alegrar com a sua esposa, enquanto o seu exército estava lutando na batalha. Davi ficou sem palavra, porque Urias demonstrou muita nobreza de caráter e ele ficou sem poder responder a tais argumentos. Falhou o primeiro plano de Davi.
Entretanto, o medo de ser descoberto levou Davi a arquitetar o plano B, cometendo outra perversidade, procurando encobrir um pecado com outro pecado: escreveu uma carta e pediu que Urias a entregasse para Joabe, o comandante do seu exército. A carta dizia o seguinte: “Põe a Urias na linha de frente na maior força da peleja, e deixa-o sozinho, para que seja ferido e morra.” (2Sam. 11:15). Urias conduziu em suas próprias mãos a sua sentença de morte, e morreu como valoroso soldado de guerra.
Davi calou os seus pecados, e calar é esconder, é ocultar o pecado, e isso gera o remorso, e o remorso cria um problema de consciência que vai atacar o seu corpo e atingir até os ossos. A Medicina explica e a Bíblia já afirmava isso muito antes: Há uma íntima relação entre o corpo e a mente; há uma influência da mente sobre o corpo, de tal modo que se a mente sofre, fatalmente o corpo vai padecer.
Um especialista em artritismo e reumatismo fez a seguinte afirmação: "51% dos casos de artritismo, reumatismo e colites em pacientes que tenho examinado no hospital, tiveram sua origem no remorso que lhes estava atormentando a consciência." Davi ficou por um ano inteiro nessa situação. Sua vida foi um desastre, depois desse pecado. Ele sentiu uma angústia muito profunda que carcomia a sua alma e o seu corpo. Até os seus ossos enfraqueceram, e se encheram de dores. Ele gemia de dia e de noite.
Davi entrou em pânico e desespero com receio de ter sido abandonado por Deus. E falando da angústia de sua alma, disse: “Senhor, a tua mão pesava fortemente sobre mim”. Era a lembrança da culpa que tanto o atormentava, mas que lhe parecia ser a mão de Deus, porque era Deus mesmo que conservava essa memória diante dele. E como um resultado, perdeu as forças vitais, e se sentiu em sequidão.
O filósofo francês Jean Jacques Rousseau (1712-1778), quando jovem viveu na cidade de Turin, na casa de uma mulher de Verecelli. Em suas confissões ele escreveu: "Desta casa levo comigo um terrível fardo de culpa que depois de 40 anos ainda está indelével em minha consciência, e quanto mais velho fico, mais pesado é o fardo de minha alma.''
Ele havia roubado um objeto de valor da dona da casa. Posteriormente, quando a perda foi descoberta, lançou a culpa sobre a servente da casa, que como resultado perdeu o emprego e a dignidade.       Ele continua: "Acusei-a como ladra, lançando assim uma jovem honesta e nobre na vergonha e na miséria. Ela me disse então: 'O senhor lançou a desgraça sobre mim, mas eu não desejo estar no seu lugar.' A lembrança frequente disto dá-me noites de insônia, como se fosse ontem que tal fato aconteceu. É certo que algumas vezes minha consciência esteve adormecida, mas agora ela me atormenta como nunca dantes. Este fardo está mais pesado agora sobre o meu coração; sua lembrança não morre. Tenho que fazer uma confissão."
Este era um homem infeliz. E assim se encontrava Davi.

III – COMO SER FELIZ? (vs. 5-7)
O que fez Davi? Ele disse a mesma coisa que o filósofo francês Rouseau disse, muito tempo antes de ele nascer. Disse Davi: “Tenho que fazer uma confissão!” A diferença entre esses dois homens foi que Rousseau fez uma confissão para homens, enquanto que Davi fez uma confissão para Deus. Disse ele no verso 5.“Confessei-te o meu pecado e a minha iniqüidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniqüidade do meu pecado.”
Como foi a sua confissão? Deus sabia que ele estava sofrendo e enviou o profeta Natã para falar com ele. Natã era um verdadeiro pastor da alma em pecado. Ele contou a Davi a história de um homem rico que roubou uma ovelha de um homem pobre. A ovelha que era um animal de estimação do pobre homem, ele a roubou para dar um banquete em sua casa. Davi que era um homem muito sensível respondeu prontamente: “Tão certo como vive o Senhor, esse homem deve morrer!” Davi proferiu a sua própria sentença de morte. E Natã respondeu: “Tu és este homem!” E, profundamente emocionado, Davi reconheceu de imediato: “Pequei contra o Senhor!” Mal ele proferia estas palavras, o profeta lhe dá as boas novas: “Também o Senhor te perdoou o teu pecado; não morrerás!”
Qual é a conclusão de Davi, ao contar a sua dramática experiência para todo o povo de Israel neste salmo e para todo o mundo?
Versos 6-7: “6 Sendo assim, todo homem piedoso te fará súplicas em tempo de poder encontrar-te. Com efeito, quando transbordarem muitas águas, não o atingirão. 7 Tu és o meu esconderijo; tu me preservas da tribulação e me cercas de alegres cantos de livramento.”
“Sendo assim”, ou “portanto”, se Deus me perdoou tão grande pecado, a mim que devido a minha posição como rei, eu sou o mais culpado, “todo homem piedoso te fará súplicas”. Ele será perdoado; ele estará seguro contra as convulsões da natureza; ele poderá se refugiar em Deus como o seu esconderijo e será preservado da tribulação e cercado de alegres cantos de livramento.
Mas note as palavras: “em tempo de poder encontrar-Te”. Sabe quando é o tempo oportuno de encontrar a Deus e ser perdoado? É Hoje. Amanhã poderá ser tarde demais, porque haverá um tempo em que os homens terão fome e sede, não de pão eu sede de água, mas de ouvir a
Palavra de Deus, e não a acharão! O tempo da graça vai terminar e muitos que hoje estão deixando de confessar os seus pecados vão correr de uma parte a outra para alcançar uma palavra de alívio e consolação, mas não acharão nenhum consolo. Como são oportunas as palavras de Isaías: “Buscai ao Senhor, enquanto se pode achar; invocai-O enquanto está perto.” (Isa. 55:6).

IV – A VIDA DO HOMEM FELIZ (vs. 8-11)
Versos 8-11“8  Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho. 9 Não sejais como o cavalo ou a mula, sem entendimento, os quais com freios e cabrestos são dominados; de outra sorte não te obedecem. 10 Muito sofrimento terá de curtir o ímpio, mas o que confia no SENHOR, a misericórdia o assistirá. 11 Alegrai-vos no SENHOR e regozijai-vos, ó justos; exultai, vós todos que sois retos de coração.”.
A seguir o salmista Davi apresenta a vida feliz do homem perdoado.
1- A vida feliz é uma vida de instrução. Deus nos diz: “Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir!”
Os filhos de Deus recebem instrução completa. Deus nos dá abundância de luz espiritual pela Bíblia. Além disso, o Espírito Santo nos orienta dizendo: “Este é o caminho; andai nele”. Ou nos adverte dos perigos do caminho errado, após indicar o caminho certo para a felicidade e o sucesso em nossa vida cristã. O cristão não anda no conselho dos ímpios.
2- A vida feliz é uma vida de obediência. “Não sejais como o cavalo ou a mula”. A palavra chave é "obedecem". Os animais obedecem apenas quando são dominados por freios e cabrestos. Mas uma pessoa perdoada e feliz obedece voluntariamente, sem constrangimento, sem obrigação. Os cristãos sabem que a Lei de Deus foi dada para ser obedecida e não para ser discutida e negada. Eles obedecem aos mandamentos de Deus.
3- A vida feliz é uma vida de confiança. “O que confia no SENHOR, a misericórdia o assistirá”. Nossa confiança será depositada no Senhor que é cheio de misericórdia. Essa será a rotina da pessoa que foi perdoada e é feliz: ela viverá sempre confiando em Deus, não importam as circunstâncias. Na alegria, na provação, na dor, na provação, você sempre pode confiar que Deus o ajudará e nunca será desamparado. A vida do ímpio será de sofrimento sem escape; a vida do justo será de confiança, misericórdia e consequentemente gratidão.
4- A vida feliz é cheia de alegria. “Alegrai-vos no SENHOR e regozijai-vos, ó justos”. Há 3 verbos, que fecham o salmo com chave de ouro: Alegrai-vos, regozijai-vos e exultai. Este é o convite, é o imperativo que nos indica como será a vida feliz da pessoa que foi perdoada. Como disse o apóstolo Paulo, repetindo estas palavras: "Alegrai-vos no Senhor, outra vez vos digo: alegrai-vos".
Depois de tudo o que se passou na vida de um cristão, de como ele foi perdoado e transformado, só pode ser esta a sua vida: alegria, regozijo e felicidade.
De fato, ele está cercado de "alegres cantos de livramento" (v. 7):

CONCLUSÃO
Um pregador conferencista recebeu um belo cartão postal de um respeitado advogado e juiz. Ele escreveu:
"Desde que o senhor me ajudou a endireitar minha vida, sinto-me outro. Minha mente é clara e de novo amo minha profissão e meu trabalho. Até meus passeios freqüentes no parque pela margem do rio, parece realizarem-se numa atmosfera mudada. Agora encontro prazer em apreciar as belezas naturais. O cântico dos pássaros nas árvores é como confortante música aos meus ouvidos. Antes, eu não tinha prazer em observar as flores e as plantas, nem em ouvir os pássaros cantarem nas árvores. Oh! Muito obrigado. Agora vale a pena viver!"
Você tem um cântico de alegria e gratidão? Ou você ainda não foi perdoado? Está ainda sofrendo com um pecado acariciado?
Busque a Deus e confesse ao Senhor Jesus Cristo. Faça como Davi! E seja feliz!
Pr. Roberto Biagini
Mestrado em Teologia
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