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domingo, 1 de julho de 2012

Estudando Salmos- 15


 Salmo 15 - O Verdadeiro Cidadão do Céu

Você já se perguntou se está preparado para entrar no Céu? Quais seriam as qualidades necessárias para entrar no Céu? Como posso viver de tal modo que não seja decepcionado em minhas expectativas e anseios para morar um dia no Paraíso Celeste? De fato, esta é uma grande preocupação, e deve ser respondida, antes que seja tarde demais.

O Salmo 14 ensina a universalidade do pecado: todos são pecadores, e não há quem busque a Deus. Mas, de acordo com o Salmo 15, como poderia um pecador sequer pensar na possibilidade de entrar na presença de Deus? Após a revelação do Salmo 14, é lógico pensar na impossibilidade de termos acesso a Deus. Entretanto, diz o Salmo 5:7, que é pela riqueza da misericórdia de Deus que entramos na Sua casa, e nos prostramos diante do Seu santo templo, no seu temor. É pela graça de Deus que somos transformados de pecadores em santos. Somente os santos habitarão no Seu “santo monte”.

O salmo 14 foi escrito para que soubéssemos quão pecadores somos. O Salmo 15 foi escrito para que soubéssemos quão perfeitos podemos ser. O Salmo 14 nos coloca no pó; o Salmo 15 nos coloca na glória. O Salmo 14 humilha o pecador; o Salmo15 exalta o justo. Ele é estimulante e desafiador. Ele nos leva a um profundo exame de consciência e a um desejo de agradar a Deus a fim de podermos estar com Ele. Este é o verdadeiro equilíbrio das Escrituras. 

Este salmo é mais uma jóia da Inspiração que usou o poeta Davi para nos presentear com a sabedoria divina. Aqui estão as qualidades do verdadeiro cidadão do Céu. Portanto, trata-se de um assunto essencial, a fim de que não fiquemos desavisados de nossas obrigações espirituais e sociais para com Deus e nosso semelhante.

I – UMA PERGUNTA PERSCRUTADORA (v. 1)

O salmo começa com uma pergunta dirigida a Deus Jeová: “Quem, SENHOR, habitará no Teu tabernáculo? Quem há de morar no Teu santo monte?” Esta é uma das perguntas mais perturbadoras, temidas e decisivas. Já pensou se você fizesse esta pergunta e Deus lhe respondesse: “Você está longe disso!”? Mas Cristo disse certa vez para alguém: “Não estás longe do reino de Deus!” (Mc 12:34).

Muitos estão se perguntando em nossos dias: Diante de tantas igrejas cristãs, qual é a igreja verdadeira? Qual é a que se aproxima um pouco mais da verdade? Mas a pergunta que deveria estar em nossa mente, nestes dias de tanta insegurança e confusão religiosa é esta: “Quem, SENHOR, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte?” Certamente, uma pessoa que fizer tal pergunta jamais será desapontada com referência à verdade.

A palavra “SENHOR” é correspondente a Yahweh no original, e, portanto, invoca ao próprio Jeová, que é o Deus da redenção e da aliança com o Seu povo. “Tabernáculo” ou “tenda” é o símbolo tradicional de Sua presença para um peregrino, porque somos peregrinos neste mundo, em direção à Canaã celestial, onde é o país dos nossos sonhos. Isso nos traz à lembrança o texto de Hebreus 11, onde lemos acerca dos Heróis da fé, como os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó, além de muitos outros, que viveram em tendas e ansiavam habitar com Deus, mas morreram sem ter obtido a concretização de suas esperanças.

Por outro lado, a expressão “santo monte” se refere ao monte Sião, onde foi edificado o templo de Jerusalém, a casa de Deus, na Palestina, monte que se tornou um símbolo da habitação de Deus no Céu, onde foram vistos os 144.000 diante do Seu trono (Ap 14:1).

A pergunta (Sl 15:1) de início poderia transparecer uma conotação legalista, em que certas pessoas exclusivas teriam acesso à morada de Deus, na condição de preencher certos requisitos da Lei e dos mandamentos de Deus. De uma leitura superficial, alguém poderia citar as palavras deste Salmo para dizer que ninguém pode alcançar um alvo tão elevado como a pretensão de habitar com o Eterno, o Criador do universo.

Entretanto, o contexto indica que esse não é o caso. Qualquer pessoa pode chegar ao soberano ideal de subir ao Céu e habitar com o Altíssimo por toda a eternidade. A primeira coisa que tal pessoa faz é se dirigir a Deus e Lhe fazer a mesma pergunta, sinceramente: “Senhor, como é que eu posso estar contigo sempre e morar em Tua companhia? Senhor, eu Te anseio e desejo tanto morar contigo, porque te amo tanto que desejo habitar no Céu onde estás. Como é que eu consigo isso?”

II – UMA RESPOSTA INTRIGANTE (vs. 2-5b)

A pergunta acima só será feita por uma pessoa humilde que já possui características essenciais para ser um cidadão do Céu, porque está sendo atraída pelo Espírito Santo, e é um crente no poder, na bondade e sabedoria de Deus. A resposta de Deus para tal pessoa é como encontramos nos versos seguintes.

1 – O Cidadão do Céu é Íntegro (v. 2a)

“O que vive com integridade.”

Arthur Gordon numa conferência em 1986, contou a seguinte história: Na sala de operação de um grande hospital, uma jovem enfermeira experimentou seu primeiro dia de responsabilidade total.
- "O senhor retirou 11 esponjas, doutor," disse ela ao cirurgião. "Nós usamos 12."
- "Nós as removemos todas," de­clarou o doutor. "Vamos fechar a incisão agora mesmo."
- "Não!" objetou a enfermeira. "Nós usamos 12."
- "Eu tomo a responsabilidade!" re­torquiu o cirurgião com severidade "Suture!"
- "O senhor não pode fazer isso," gri­tou a enfermeira. "Pense no paciente!"
O doutor sorriu e mostrou à en­fermeira a 12ª esponja. - "Você passou," disse o médico. Ele estava testando sua integridade - e ela tinha passado no teste.

O salmista apresenta a maior virtude do cidadão do Céu: integridade! Esta é uma palavra que tem significado amplo. Muito mais do que a ilustração acima pôde transmitir. Não basta procurar um Dicionário para defini-la. Um Dicionário diria que integridade é “inteireza moral, retidão, imparcialidade, inocência” (Michaelis). Entretanto, integridade vai muito além da simples ética moral; integridade na Bíblia é excelência moral na ética e na espiritualidade. É um conjunto de qualidades morais e espirituais que justificam a sua existência. Portanto, para definir integridade corretamente é preciso consultar a Bíblia.

Integridade no Salmo 15 vem da palavra hebraica “tâmyîm” que significa “perfeição”, como encontramos em Gênesis 17:1, onde lemos a mensagem de Deus para Abraão: “Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê perfeito.” Esse homem de Deus tinha 99 anos e ainda não era perfeito. Em certo sentido isso é uma consolação para todos. Mas Deus lhe dava a fórmula para ser perfeito e íntegro: “Anda na minha presença!” Abraão em sua natureza pecaminosa não era íntegro, tanto é que falhou em algumas vezes, mentindo, desconfiando e dissimulando. Mas quando ele se encontrava na presença de Deus, e andando com Ele, era íntegro e perfeito.

Portanto, integridade significa harmonia com Deus, porque ninguém é completo se não estiver em harmonia com o seu Criador.

Assim, integridade é excelência de caráter espiritual que se expande para todas as áreas da vida, e que só pode ser adquirida por meio de uma obra de Deus que permitimos ser realizada em nós, pelo Espírito Santo. Vem do próprio conhecimento do Todo-Poderoso.

Integridade é o clímax de todas as virtudes. É por isso que ela vem em primeiro lugar. Logo depois, vemos as demais virtudes, nos versos seguintes, que são apenas um desdobramento da integridade, e que servem apenas de ilustrações não exaustivas do que faz ou deixa de fazer uma pessoa íntegra. Este é o método em muitos poetas e profetas do Antigo Testamento: Primeiro eles apresentavam o clímax, o melhor, e depois passavam a demonstrar como chegar lá.

Integridade (“tâmyîm” = perfeição) é mais do que aparência externa. Integridade é uma virtude que parte do coração. Os perfeccionistas sem Deus não possuem integridade no sentido bíblico, e na realidade são apenas uma aparência do que se pode ver de seus atos refinados e medidos, externamente. Eles são retratados em Romanos 7, que pinta o quadro do homem que tenta fazer tudo bem, tudo correto, mas faz o mal, porque desconhece a Jesus Cristo. Eles não são perfeitos, apenas tentam ser e, muitas vezes, escondem as suas más intenções, que conspiram contra a integridade verdadeira, que se manifesta em primeiro lugar na vida correta com Deus.

Integridade é amor. É santidade. É andar com Deus, sinceramente. Portanto, a pergunta está respondida: Só uma pessoa santa, íntegra, que tem um relacionamento sincero com Deus poderá habitar no “santo monte”. Qualquer outra virtude parte desse fundamento. E qualquer pessoa pode chegar a esse ideal, se ela desejar ardentemente andar com Deus e viver pelo Seu poder.

2 – O Cidadão do Céu é Justo (v. 2b)

Ele “pratica a justiça.”

Em maio deste ano, um pastor adventista foi ao supermercado de Itajaí, e quando passou pelo caixa com as compras, notou que a jovem não registrara dois produtos iguais, no valor de R$ 14,90 cada. Logo a seguir, sua esposa também percebeu a falha através da nota, e ambos voltaram. Para surpresa da jovem atendente, o pastor lhe disse que ela precisava cobrar R$ 29,80 a mais por dois produtos que haviam passado sem cobrança.

Então, o cartão lhe foi entregue, ela seguiu o procedimento e agradeceu por aquela “gentileza” rara. Isso realmente não se chama de gentileza; o seu nome é “justiça”. Justiça é dar a alguém o que lhe é de direito exclusivo; justiça é dar a alguém o que ele merece. Injustiça seria ficar calado, e levar dois produtos para casa, sem ter pago por eles.

Se integridade é harmonia com Deus, justiça é harmonia com o próximo. Ser íntegro é cumprir os 4 mandamentos referentes a Deus. Ser justo é cumprir os 6 mandamentos referentes ao próximo. Portanto, nestas duas palavras, integridade e justiça, temos resumida toda a Lei dos 10 Mandamentos. Todas as outras virtudes estão baseadas nestas duas e partem delas. O cidadão do Céu é íntegro, e, portanto, ele será justo em todas as suas transações, e em todos os seus relacionamentos, ele será justo com o seu vizinho, até mesmo quando este lhe for injusto.

Ele poderá ser até perseguido por causa da justiça, como previu Cristo em Seu sermão do monte, mas ele ainda assim será justo e correto. Ele sabe que as suas ações são vistas por Deus, e é só isso o que importa, porque ele só deseja fazer a Sua vontade soberana. Essa justiça ele alcança mediante a fé em Jesus Cristo e na Sua confiança no Pai, em Quem ele se deleita e se compraz, como um filho de Deus. (Rm 3:22-24).

3 - O Cidadão do Céu é Verdadeiro (v. 2c)

“E, de coração, fala a verdade.” Ele gosta tanto da verdade que não mente nem por brincadeira!

Hoje vivemos em um mundo de mentiras. Estamos cheios de mentiras por todos os lados. Mentem as propagandas, os filmes de Hollywood, mentem as novelas, mentem revistas e noticiários. Mentem promotores e juízes, mentem os réus e seus advogados. Mentem os patrões e os empregados uns aos outros. Esta é a vida dos cidadãos deste mundo: enganando e sendo enganados.

Certa vez, um colportor vendeu uma coleção de livros para o chefe de uma família no interior da Bahia. Ele assinou o pedido e o colportor prometeu voltar com os livros em 30 dias. Quando chegou o colportor, bateu à porta. Demorou algum tempo até que chegou uma jovem dizendo: “Meu pai não está!” Nesse exato momento, chegou correndo a sua irmãzinha, que ao ouvir isso, falou: “Está sim, o papai está!” E saiu gritando pela casa: “Papai, papai, vem aqui; tem um homem na porta que quer falar com o senhor!”

Outra vez, um senhor bateu à porta de uma casa. Veio uma jovem bem orientada pelos pais, e, imaginando que era alguma cobrança que já esperavam, disse: “Meu pai não se encontra!” O homem respondeu: “Que pena! Eu queria pagar uma dívida que eu tenho com ele!” A moça prontamente falou: “Ah, se é para receber, então, ele está!”

Mas o cidadão do Céu “fala a verdade”! De que modo? “de coração”. Ele é íntegro, e, portanto, ele é verdadeiro porque fala a verdade que procede do coração. Ele é sincero no que diz e fala as coisas exatamente como são, sem fingimentos, sem insinuações ou suposições. Ele está seguro em Deus e, portanto, não teme dizer a verdade. Ele está ligado à Fonte da verdade, e, portanto, ele crê na verdade, fala “a verdade, só a verdade e nada menos do que a verdade”.

Ele também fala a verdade da luz do Evangelho de Deus aos outros. Ele é verdadeiro, e fala a verdade, de coração. Essa coragem e amor à verdade e ao semelhante vem do seguir Jesus Cristo que é “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14:6).

4 - O cidadão do Céu é benévolo (v. 3)

“O que não difama com sua língua, não faz mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho.”

Certa senhora resolveu sair de casa numa manhã. Ela iria acompanhada de 3 garotas, suas filhas. E chovia um pouco e ela tomou o seu guarda-chuva, e disse: "Vamos nos proteger." E as jovens tomaram também uma sombrinha cada uma. Esperaram um pouco no ponto do ônibus até que chegou. E não havia muito lugar, estava lotado, mas as meninas conseguiram um lugar para a mamãe. E a senhora se assentou ali, e para não incomodar a vizinha ao lado, ela pôs o seu guarda-chuva molhado do lado direito. E lá estava ela com seus pensamentos sem perceber que o ônibus estava se aproximando da sua parada. E as meninas disseram: "Mamãe, está na hora!", e deram o sinal. E aquela senhora preocupada em descer, tinha esquecido de que lado tinha posto o guarda-chuva, e ao invés de ela tomar o guarda-chuva à direita, ia pegando o outro do lado esquerdo. E a mulher que estava do lado já aprontou ali um barulho. Enquanto a senhora descia, ela falava ao pessoal do ônibus: "Este mundo está cheio de ladrões. Já queriam me levar o guarda-chuva. Afinal de contas, eu não sou tão rica!", e humilhava a senhora que cometera um engano.

Lá fora aquela mulher que era uma cristã, disse às suas filhas: "Que pena, a gente sai com bom espírito, e às vezes um fato assim atrapalha a gente." E as meninas disseram: "Esquece isso, mamãe! Deixa isso pra lá. Vamos fazer as nossas compras." E elas estiveram na cidade algumas horas. Depois voltaram, mas era ainda cedo. Mas a senhora já estava cansada e as meninas resolveram fazer um passeio, visitar uma amiga.

A mamãe, porém, queria voltar para casa. Mas não chovia mais. Então, as meninas disseram: "Mamãe, a senhora leva para casa os guarda-chuvas." E a senhora pegou agora os 4 guarda-chuvas e os enfeixou e esperou alguns momentos na fila do ônibus. Chegando o ônibus, ela entrou e lá estava aquela mulher que fez o barulho. E aquela mulher olhou bem, reconheceu aquela senhora, e disse à sua companheira: "Olha aí, o mundo está mesmo cheio de ladrões. Esta mulher ia indo para a cidade e ela quis roubar o meu guarda-chuva, e não conseguiu, porque eu vi e reclamei. Mas ela já conseguiu 4!"

No entanto, aquela mulher estava julgando falsamente. Ela estava detratando um bom caráter. Ela estava difamando e lançando injúria contra uma pessoa justa. Mas assim não age um cidadão do Céu. Ele tem um coração benévolo e pergunta antes de tirar conclusões precipitadas. Ele investiga as coisas sobre o que fala, a fim de poder exercer a benevolência mesmo com a língua e ninguém precisa se proteger de tal pessoa benevolente. Ele é amorável e tem muita consideração para com a reputação dos outros. É um verdadeiro candidato para entrar no Céu, onde não existe a maldade dos nossos dias.

5 - O cidadão do Céu é criterioso (v. 4a)

“O que, a seus olhos, tem por desprezível ao réprobo,
mas honra aos que temem ao SENHOR.”

Uma das virtudes mais preciosas, uma das virtudes mais atraentes e, não obstante, mais raras, é a sensibilidade no julgamento. O cristão possui critérios básicos para julgar coisas e pessoas. Ele vive por princípios e não por mero sentimentalismo. Ele sabe julgar e procede corretamente quando julga.

Mas alguém poderia dizer que isso vai contra as regras do sermão do monte. Respondemos que Cristo não condenou o ato de julgar em si mesmo, o juízo exato que se faz normalmente em nossa maneira de ver pessoas e coisas.  O que Cristo censurou, o que Ele condenou foi o juízo temerário, quando disse: “Não julgueis, para que não sejais julgados.” (Mt 7:1).

Mas note que Ele continua: “Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também.” (v. 2). Ou seja, cada um tem o seu critério para julgar, e todos julgam constantemente, porque é impossível ver uma situação e não passá-la pelo crivo da inteligência. Entretanto, o Mestre dos mestres reprovava, isto sim, o juízo temerário, o juízo perigoso, porque é imprudente, precipitado, injusto e parcial. Mas o próprio Cristo foi criterioso, ao dizer: “Ai de vós escribas e fariseus hipócritas!...” (Mt 23:13).

O apóstolo Paulo ensina, ademais, que todos somos juízes, e, portanto, devemos como cristãos, exercer esse direito com prudência e harmonia, e pecamos quando somos omissos no julgar: “Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos? Quanto mais as coisas desta vida!... Não há, porventura, nem ao menos um sábio entre vós, que possa julgar no meio da irmandade?” (1Co 6:3,5).

O cidadão do Céu é criterioso, é fino em seu julgamento, e sabe quando e onde separar coisas e pessoas. Ele despreza o “réprobo” (rejeitado, não aprovado), e o coloca em seu devido lugar. Ele está baseado nas Escrituras. É o mesmo apóstolo Paulo quem continua o argumento: “Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus.” (1Co 6:9-10). Entretanto, o homem íntegro e justo sabe também estabelecer o equilíbrio e ama as pessoas, dando-lhes a oportunidade de conhecer a verdade.

Ele também “honra aos que temem ao Senhor”. Aliás, não se pode fazer isso sem primeiro ser criterioso. Paulo completa esse pensamento, ao dizer: “Pagai a todos o que lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra.” (Rm 13:7). De fato, o cidadão do Céu não só honra aos que temem a Deus, como também se regozija na companhia deles. Como disse o próprio Davi: “Quanto aos santos que há na terra, são eles os notáveis nos quais tenho todo o meu prazer.” (Sl 16:3).

Mas nessa passagem (Sl 15:4), vemos nas entrelinhas que ele não só honra aos que temem ao Senhor, como também ele mesmo teme ao Senhor, porque integridade é um relacionamento submisso a Deus. Portanto, não podemos dizer que este salmo é legalista em sua estrutura, porque possui subentendido o pensamento de um homem ligado a Deus. Somente esse homem poderá morar com Ele, e habitar em Seu santo monte.

6 - O cidadão do Céu é confiável (v. 4b)

“O que jura com dano próprio e não se retrata.”

Winton Beaven, vice presidente do Kettering Medical Center, escreveu: “Eu cresci numa comunidade rural da parte superior do estado de Nova Iorque. Meu avô era fazendeiro. Havia poucos contratos escritos. Negócios eram fechados apenas com um aperto de mão. ‘A palavra de um homem era seu fiador,’ costumava dizer meu avô. Se uma pessoa concordou em fazer algo, ela o fará, pouco importam as conse­quências.”

Muito tempo atrás, enquanto o Duque da Burgúndia presidia o Gabi­nete do Conselho Francês, um dos ministros propôs que se rompesse de­terminado tratado, já que o rompimento resultaria em vantagens econômicas importantes para o país. Muitas razões "boas" foram apresentadas para justificar o ato. O duque ouviu em silêncio. Depois que todos fala­ram, ele se ergueu e, colocando a mão sobre uma cópia do acordo, disse com firmeza: "Cavalheiros, nós assinamos um tratado!" E isso encerrou a questão.

Você pode falar com uma pessoa tal e firmar um compromisso, e você sabe que pode confiar nessa pessoa porque ela mantém a palavra, “e não se retrata” mesmo que saia prejudicada desse acordo. Isso é o mínimo que se espera de um cidadão do Céu. Isso é o que se espera de um cristão que professa estar se preparando para um dia morar com Deus.

7 - O cidadão do Céu é honesto (v. 5a,b)

“O que não empresta o seu dinheiro com usura, nem aceita suborno contra o inocente.”

Honestidade é a virtude de um homem íntegro, porque a integridade é a mãe da honestidade, é a raiz de todas as virtudes. Mas, infelizmente, são raros os homens honestos. Vemos na política, no comércio, na alfândega, e algumas vezes na igreja, e em todos os lugares o império da corrupção.

O texto não diz que esse homem justo e íntegro não empresta o seu dinheiro. Diz que ele não empresta com “usura”. Usura é juro excessivo, lucro exagerado, avareza, mesquinhez, ganância. Se um amigo vier lhe pedir algum dinheiro emprestado porque está em dificuldades financeiras, ou porque perdeu alguns bens e precisa reavê-los, ou porque foi roubado, o cristão não se aproveita dessas circunstâncias para exigir juros altos acima do estipulado pelo senso mais honesto, ou por um percentual justo, combinado antecipadamente. Ele não aproveita as oportunidades para roubar do seu semelhante.

Ele também não aceita suborno contra uma pessoa inocente. Imagine um homem pobre e simples que está sendo julgado. Ele tem poucos argumentos para provar a sua inocência, mas todos sabem que ele não é culpado. Então o promotor, querendo ganhar a questão, em um lapso incrível do sistema, propõe aos jurados uma certa quantia em dinheiro, para que votem contra o réu. Um homem íntegro, um verdadeiro cristão, rejeita essa oferta corrupta imediatamente. “Ele não se compra e nem se vende”. Ele não se corrompe com dinheiro, e tem misericórdia dos fracos, que muitas vezes são justos, mas oprimidos pelos ímpios. O cidadão do Céu é honesto e não se aproveita da fraqueza dos outros para aumentar a sua conta bancária.

Vale aqui recordar as palavras do livro Educação: “A maior necessidade do mundo é a de homens - homens que se não comprem nem se vendam; homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens, cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao pólo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus.” (Ellen White, Educação, pág. 57).

III – UMA PROMESSA ALVISSAREIRA (v. 5c)

“Quem deste modo procede não será jamais abalado.”

Aqui temos a promessa de Deus para todos os que seguem os passos de Jesus Cristo e estão se preparando para entrar no Céu e habitar no monte Sião, junto a Deus e os santos anjos.

Estamos no limiar da eternidade, e muitos vivem em uma falsa segurança. Somente os que são íntegros poderão entrar nos portais das mansões celestes. Temos nós buscado a Deus a fim de que esse caráter possa ser visto em nós? Se nós buscarmos sinceramente a Jesus Cristo, Ele nos dará o Seu Espírito abundantemente, a fim de transformar a nossa vida, perdoando os nossos pecados e nos levando à integridade e perfeição. Desse modo, jamais seremos abalados, “ainda que a terra se transtorne e os montes se abalem no seio dos mares”. (Sl 46:2).

Pr. Roberto Biagini
Mestrado em Teologia
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