Salmo 19 –
Sublime Contemplação
Contemplar é muito mais do que ver ou
enxergar. Ver é perceber com a vista. Contemplar é ver com a inteligência; é
demorar o pensamento naquilo que estamos vendo e tirar conclusões inteligentes
a respeito do que vemos. No salmo 19, Davi pôde contemplar 3 diferentes fontes
para ver a perfeição de Deus, e se aperfeiçoar em sua natureza humana. Este
salmo nos conta como Deus é perfeito e como podemos nós ser também perfeitos.
Ele contempla em 3 livros a respeito da perfeição divina e humana.
A estrutura do salmo tem uma correspondência
que pode ser logo percebida:
A. A Revelação da Natureza Universal (vs.
1-6): Livro 1
B. A Revelação da Natureza da Lei de Deus
(vs. 7-11): Livro 2
C. A Revelação da Natureza do Homem (vs.
12-14): Livro 3
I – Contemplando
os Céus
Davi contemplou os céus e se deslumbrou
diante de tanta glória. Mas ele não se iludiu com o brilho e a luz fulgurante
das estrelas; ele sabia que atrás de tudo isso estava a glória de um de um Ser
Todopoderoso: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as
obras das suas mãos.” (v. 1). Os céus testificam da glória divina. Este é o
livro da Natureza universal, de onde aprendemos do Seu Autor. Se nós queremos
saber quão glorioso é Deus, então, só temos que levantar os olhos, e contemplar
os céus. Então, veremos a Sua perfeição em todos os Seus atributos não
comunicáveis e exclusivos de Sua onipotência, onipresença e onisciência.
Mas muitos cientistas hoje estão
proclamando e promovendo a teoria do “Big Bang”, ou a grande explosão, proposta
por George Lemaître (1927) para a origem do universo, baseada no fato de um
universo em expansão, que pode ser constatado. A partir de uma expansão,
pode-se retroagir e chegar à explosão, porque uma explosão sempre resultaria
numa expansão. Entretanto, há controvérsias mesmo entre os cientistas que
rebatem dizendo que essa expansão poderia ser apenas algo regional de um ponto
observado pelos grandes telescópios e não a realidade de todo o universo. E
ainda está surgindo a teoria de vários universos.
Nosso universo jamais poderia ter
nascido de uma explosão cósmica, segundo a qual as galáxias teriam se
desenvolvido e se organizado de modo harmônico, com estrelas e seus planetas
girando ao seu redor com as suas leis matematicamente exatas. Não precisamos de
muita ciência para descobrir o que acontece após uma explosão: ruína,
destruição e morte. Nunca aconteceu ordem, harmonia e vida depois de uma
explosão. Quando as torres gêmeas foram explodidas, não resultaram em mais
1.000 prédios edificados perfeitamente. Pelo contrário, houve destruição, caos,
ruínas e morte. O resultado não foi evolução, mas degeneração. Davi, muito
longe das teorias modernas dos cientistas atuais, em um momento de inspiração
divina, disse que os próprios céus proclamam a glória, a majestade e o poder de
um grande Deus Criador.
Nossa galáxia, que se chama “Via
Láctea”, é apenas uma. Entretanto, os astrônomos já descobriram bilhões de
outras galáxias no espaço sideral. E cada galáxia possui de 100 mil até 3
bilhões de estrelas, com seus planetas, e luas, além de outros corpos celestes.
Em nossa galáxia, há cerca de 250 bilhões[1] de
estrelas, e o nosso Sol é apenas 1 estrela anã que brilha entre tantas gigantes
e supergigantes. Mas se o Sol se parece pequeno, essa estrela anã é 1.300.000
vezes maior do que a terra. Para termos uma ideia do tamanho dos céus: a nossa
galáxia tem 100 mil anos-luz [AL] de diâmetro. Cada ano-luz tem cerca de 10
trilhões de kms. Isso nos leva a 1 quintilhão de kms de diâmetro
(1.000.000.000.000.000.000 = 1018). Só a nossa galáxia.
Isto significa que se fôssemos viajar
pela extensão de apenas uma galáxia, a nossa, que não é das maiores, deveríamos
viver 100.000 anos para percorrer o espaço à espantosa velocidade da luz, que é
de 300.000 kms por segundo! Mas a nossa galáxia é ainda muito pequena. A “Galáxia
M60: M60 é uma galáxia do tipo elíptica, seu diâmetro é de 55 milhões
de anos-luz (520 quintilhões de km), o que acaba sendo 550 vezes maior que o da
Via Láctea, que é de "apenas" 100 mil anos-luz.”[2] Isto é: 1
quintilhão de kms comparados com 520 quintilhões da galáxia M60! Imagine agora,
se puder, como que seria o tamanho do Universo com centenas de bilhões de
galáxias![3]
Quando Cristo voltar Ele nos levará
através de todo esse infinito céu de trilhões x trilhões de kms de extensão por
apenas uma semana! Então, poderemos dizer com o salmista: “Os céus proclamam a
glória de Deus” e cantarmos o hino Aleluia de Händel, com os anjos ao
contemplarmos tanta luz, tanta glória das coisas criadas por um infinitamente
mais perfeito e glorioso Deus.
Fotografia da Via Láctea, com seu
diâmetro de 100.000 AL
Com efeito, bem poderia o salmista Davi
cantar: “Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras de
Suas mãos!” Mas ele não conhecia os dados astronômicos que hoje nós temos.
Portanto, nós podemos cantar este hino com muito mais convicção e eloquência,
em um mundo que nega o Criador, apesar de tanta luz, tanta glória e tanta
evidência anunciando a Sua existência, os Seus atributos e a Sua própria
divindade! (Rm 1:20).
Portanto, aqui temos as lições que
tiramos dos céus:
1 - A excelência dos céus indica a
perfeição infinita do seu Autor.
2 - O brilho dos céus proclamam que o
Criador é luz.
3 - A vastidão de sua extensão
fala-nos da imensidão de Deus.
4 - Sua altura revela a
transcendência e soberania do Criador.
5 - Sua influência sobre a terra nos
fala de Seu domínio, providência e beneficência universal.
6 - Sua totalidade em completa
perfeição e harmonia revela a onipotência divina, sem a qual nada disso poderia
ter vindo a existir.
Aqui está a visão climática de Davi que
ao iniciar o salmo, falou de sua contemplação extraordinária do que revelam os
céus. Ele, como faz muitas vezes, começa revelando o máximo em uma só sentença,
e então, ele passa a desdobrar o mais particular.
De que modo os céus revelam a glória de
Deus? Através do dia e da noite. V. 2: “Um dia discursa a outro dia, e uma
noite revela conhecimento a outra noite.” A palavra-chave é “revela”. Há uma
revelação que nos vem através do dia e da noite. O dia revela muita glória
através do Sol, que brilha mais e mais intensamente, até a sua máxima
perfeição. Mas a noite revela ainda mais glória porque deixa expostas as
estrelas longínquas.
Contemple uma noite estrelada. Quantas
estrelas você pode contar brilhando nos céus escuros? O antigos diziam 1000,
2000, 5000 estrelas. Mas hoje nós concordamos com Deus que disse a Abraão e a
Jeremias: “Olha para os céus e conta as estrelas, se é que o podes.” “Não se
pode contar o exército dos céus” (Jr 33:22; Gn 15:5). Somente Deus pode contar
as estrelas e bilhões de galáxias (Is 40:26). De fato, contemple os céus no
fundo escuro da noite, e você verá muitos pontos luminosos que você dirá: “São
estrelas, muitas estrelas!” Mas os astrônomos, com os seus poderosos
telescópios, dirão: “Não, não são estrelas; cada ponto luminoso são galáxias
com milhões de estrelas com seus planetas e satélites brilhando a trilhões de
kms de distância.” Sim, eles estão lá em cima e lá embaixo, declarando a glória
de Deus.
Mas, como podemos perceber a
comunicação do dia e da noite? Os céus têm uma comunicação ímpar, completamente
única: “Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som.” (V.
3). Não há linguagem humana pela qual as nações possam perceber diferentes
idiomas, não há palavras articuladas, nenhum som inteligível se pode ouvir. “No
entanto”, há um alcance dessa revelação. É um alcance global: “Por toda a terra
se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo.” (v. 4).
Onde temos um exemplo, o maior
representante da glória divina, que pode ser visto a olho nu? Olhando para o
horizonte leste, vamos parar “nos confins do mundo”. “Aí”, o Criador “pôs uma
tenda para o sol”. Aqui temos um vívida ilustração da glória de Deus. Os céus proclamam
essa glória de modo geral; mas, de modo particular, isto é mostrado
especialmente pela luz e resplendor do Sol, visto em suas jornadas pelo homem.
O Sol foi particularmente mencionado, sem dúvida, porque é o mais proeminente
objeto entre os corpos celestes, contemplado da terra, para ilustrar de modo
eminente, a glória de Deus.
O salmista em figura, diz que há uma
“tenda”, um lugar de habitação para o Sol. Naturalmente, esta é uma linguagem
figurada. Assim disse também o profeta Habacuque: “O sol e a lua param, nas
suas moradas.” (Ha 3:11). Mas nós sabemos que nem o Sol nem a Lua “param” e nem
tem literalmente “moradas”. O profeta descreve o fenômeno como ele aparece a
todos. Ele não apresenta nenhuma teoria astronômica; possivelmente, ele não conhecia
a rotação e a translação. Tanto o profeta como o poeta Davi falam na linguagem
comum do povo, a linguagem do dia a dia, como dizemos o “pôr-do-sol”, o “ocaso
do sol”.
Como é descrito esse glorioso
representante de Deus? “Como noivo que sai dos seus aposentos, se regozija como
herói, a percorrer o seu caminho. Principia numa extremidade dos
céus, e até a outra vai o seu percurso; e nada refoge ao seu calor” (V. 5-6).
Aqui temos um aspecto polêmico do salmista. Os pagãos adoravam o Sol e diziam
que ele era o “grande noivo” e o seu “grande herói”. Davi diz que ele era
“como” noivo e “como” herói, dando a sua interpretação inspirada, e censurando
a idolatria do sol. Ele é apenas um representante de Deus. Não devemos adorar a
Criação como deus, mas o Deus da Criação.
II –
Contemplando a Lei de Deus (Vs. 7-11)
O salmista Davi agora, depois de
contemplar os céus e descrever o Sol, em seu resplendor, ele tem uma visão de
uma outra Luz, uma outra revelação ainda mais ampla, mais particular e
benéfica, que nos dá uma visão muito maior da glória e perfeição de Deus. Ele
contempla o Sol da Justiça revelado na Lei do Senhor. Esta é uma luz muito mais
fulgurante para declarar a luz do caráter perfeito de Deus. Ele diz: “A Lei do
Senhor é perfeita e restaura a alma.” (V. 7).
Davi contemplou as leis do universo
natural, as estrelas obedecendo ao seu Criador, o Sol em seu trajeto infalível.
Viu nessas leis uma ordem matemática e prefeita. Então, transpôs o seu
pensamento para a contemplação de uma outra Lei que possui maior luz que o Sol
físico. Ele disse: “A Lei do Senhor é perfeita e restaura a alma.” Este é o
segundo clímax do salmo. Aqui temos a perfeição de Deus revelada através da
“Lei do Senhor”. Aqui temos a segunda e mais fulgurante Luz da revelação de Deus.
Se o Sol aquece os nossos corpos, o Sol da Justiça aquece o nosso coração, e
ilumina a alma.
O que é a “Lei do Senhor”? Podemos pensar nos 10
Mandamentos, e de fato, eles são perfeitos como a norma moral de conduta para o
homem. Jamais foram igualados, jamais foram superados por algum grande filósofo
da humanidade, e ainda continuam perfeitos. Mas a palavra “Lei” aqui é a
“Tôrâh” que significa toda a revelação e ensino de Deus no Antigo Testamento e
agora, para nós, depois de Davi, tudo o que temos de ensino e revelação do Novo
Testamento. Portanto, “Lei” aqui define e inclui os Dez Mandamentos, mas vai
muito além, e alcança toda a Bíblia em sua inspiração como a perfeita Palavra
de Deus revelada a nós. Podemos dizer que a Tôrâh significa a Lei e o Evangelho,
em síntese, e inclui tudo o que os profetas disseram.
Como o salmista identifica a Lei do
Senhor? A “Lei do Senhor” é
amplamente demonstrada no salmo 19. Davi, usando os recursos da poesia
hebraica, apresenta 5 paralelismos sinônimos, a fim de que não tivéssemos
dúvida alguma sobre o seu significado e a riqueza daquilo que ele estava
falando: a Lei do Senhor é: 1- “Testemunho do Senhor”, 2- “Preceito do Senhor”,
3- “Mandamento do Senhor”, 4- “Temor do Senhor”, 5- “Juízo do Senhor”. Este é o
“Livro do Senhor” (Is 34:16).
Qual é a
Natureza e o Poder da Lei do Senhor?
1 - “A Lei do Senhor é perfeita e
restaura a alma”. Não tem erro, não tem defeito, é
completa, e nada falta em seu todo que é completo, pleno. A Lei de Deus é
completa como uma revelação da verdade divina. Ela é perfeita como uma regra de
conduta. Ela é perfeita como uma fonte de inspiração e ânimo para a vida. Ela é
perfeita para ensinar a plenitude da verdade. Ela é perfeita para indicar o
caminho da salvação.
A Igreja Católica julgou que a lei
perfeita dos Dez Mandamentos precisava ser modificada, a fim de que fosse ainda
mais perfeita. Os líderes católicos retiraram o 2º mandamento, que proíbe a
adoração de imagens; substituíram o 4º mandamento, da santificação do sábado
pelo domingo; e para conservarem o número 10, dividiram o 10º mandamento em
dois. Mas a lei perfeita não pode ser aperfeiçoada. Eles caíram em erro, porque
adicionar algo a uma coisa perfeita é torná-la imperfeita.
Por semelhante modo, a mesma igreja
também atacou a Bíblia como um todo, porque nega as grandes verdades da Palavra
de Deus, ensinando doutrinas estranhas, como a intercessão dos santos, a
imortalidade da alma, a existência de um inferno presente, do tormento eterno e
do purgatório, bem como a idolatria de imagens de escultura e da virgem Maria,
a quem denominam de “mãe de Deus”, esta pobre criatura mortal.
Ainda ensinam a “criação” diária de
Cristo na missa através do “milagre” da transubstanciação. Além disso, essa
igreja inventou um sacerdócio terrestre, desviando os homens do santuário
celestial, onde Cristo intercede por nós. Desse modo, milhões estão sendo
enganados, ignorando que há uma dupla maldição na Bíblia para os que adicionam
ou retiram algo da Lei de Deus ou de Sua Palavra (Ap 22:18-19). Mas a Lei do
Senhor, a Palavra de Deus, é perfeita e não admite intromissões.
Mas qual é o poder dessa Palavra?
“Restaura a alma”. Perdemos a imagem de Deus, a beleza, a força e a saúde
espirituais; precisamos de restauração, “porque todos pecaram” (Rm 3:23). A
Palavra de Deus nos converte, restaurando a nossa alma, e consertando os
estragos do pecado. Necessitamos dessa restauração diariamente. Somos nascidos
pecadores, necessitados de perdão e salvação. Pois tudo isso nos promete Deus
em Sua Palavra. Ela restaura a nossa vida espiritual, e é o único poder capaz
de quebrar os encantos do pecado e nos elevar ao nível de filhos de Deus. Nesta
frase, neste clímax, o salmista faz uma síntese de tudo o que tem a dizer. Se
“a Lei do Senhor é perfeita, e restaura a alma”, então, o Senhor dessa Lei
também é perfeito, e para sermos perfeitos, devemos buscar ao Senhor da Lei.
Somente a comunhão com um Deus perfeito nos fará perfeitos.
2 - “O testemunho do Senhor é fiel e dá
sabedoria aos símplices” (v. 7). Davi
conhecia muito bem os Testemunhos; ele disse certa vez: “Compreendo mais do que
todos os meus mestres, porque medito nos teus Testemunhos.” (Sl 119:99). Disse
Jesus Cristo que as Escrituras testificam dEle: “Examinais as Escrituras... e
são elas mesmas que testificam de Mim,” (Jo 5:39. Esse Testemunho do Senhor é
fiel, porque é digno de confiança e representa com exatidão o caráter de Deus,
e nos transmite a sabedoria divina, mesmo que sejamos simples, sem a instrução
das faculdades de Teologia.
Cada pessoa pode encontrar o testemunho
fiel e fidedigno nas Sagradas Escrituras. Pessoas símplices serão colocadas
entre os grandes deste mundo que se admirarão como os líderes judaicos se
surpreenderam diante dos apóstolos: “Ao verem a intrepidez de Pedro e João, sabendo
que eram homens iletrados e incultos, admiraram-se; e reconheceram que haviam
eles estado com Jesus.” (At 4:13).
3 - “Os preceitos do Senhor são retos e
alegram o coração” (v. 8). Todos os preceitos
divinos são retos, corretos, direitos; não são tortos, tortuosos, não nos
iludem com promessas falsas, mas nos indicam um caminho proveitoso e, portanto,
ao nós descobrirmos essa retidão da Palavra de Deus por experiência, a nossa
alma encontra a alegria. Retidão e alegria sempre vão de mãos dadas, e estão
intimamente relacionadas. O coração que encontrou a retidão da Palavra,
encontra verdadeira satisfação e regozijo.
Os caminhos tortuosos deste mundo podem
levar à felicidade passageira, porque os prazeres sensuais são tão fugidiços, e
não satisfazem a alma. Somente a retidão dos preceitos de Deus pode nos valer
para a verdadeira felicidade, se nós atentarmos para isso (Pv 29:18). Ademais,
“os Seus mandamentos não são penosos” (1Jo 5:2). Os preceitos divinos não são
severos como o legalismo; o legalismo é apenas uma aparência de retidão mas
tira a alegria do seu possuidor. Os retos preceitos do Senhor abrangem o
Evangelho que traz alegria de um espírito voluntário e de uma pessoa perdoada
que pode tolerar os erros dos outros, e exercer a influência de uma vida feliz.
4 - “O mandamento do Senhor é puro e
ilumina os olhos” (v. 8) Não tem a
mistura de filosofias contaminadas e errôneas dos homens. Os mestres de nosso
tempo ensinam misturando a verdade com a mentira. Mas a Palavra de Deus é pura,
e ilumina os olhos. Nossa visão espiritual, a nossa mente é iluminada e
esclarecida, e podemos discernir o certo do errado. Quando aceitamos as
filosofias dos homens, nossos olhos espirituais são obscurecidos e se enchem de
trevas. Nossa mente fica cegada pelos encantos do erro e do pecado. Mas quando
contemplamos, aceitamos e praticamos a Palavra de Deus, nossos olhos são
iluminados, e resplandecem “como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais
até ser dia perfeito” (Pv. 4:18).
5 - O temor do Senhor é límpido e
permanece para sempre (v. 9). Outro sinônimo para a Lei
do Senhor, outro sinônimo para a Palavra de Deus é o “Temor do Senhor”, porque
temor significa respeito, não medo mórbido; significa receio de ofender,
reverência e reconhecimento da soberania, submissão diante da majestade. Quanto
mais límpido nos parecer esse Temor do Senhor, mais temor teremos da mesma
Palavra. Disse o salmista noutro lugar: “O que o meu coração teme é a Tua
Palavra.” (Sl 119:161). Mas aqui o uso não é o temor que devemos a Deus, mas se
usa a figura de linguagem chamada de metonímia, onde se troca o sentido da
palavra da causa para o efeito. Se a Palavra de Deus causa temor em nós por
Ele, ela é chamada o “Temor do Senhor”. Esse Temor é límpido, claro, não deixa
dúvida para quem ama, adora, e confia.
Aqui abrimos um parêntesis para
ressaltar a diferença entre a 1ª parte do salmo (vs 1-6), onde Davi se refere a
Deus apenas uma vez, com a palavra original “El” que no hebraico significa Deus
(v. 1) no sentido de Criador Todopoderoso e nos parece muito distante. Mas nos
versículos seguintes Davi se refere ao “Senhor”, grifado
com letras garrafais em 7 vezes. Ele deixa o termo “El” de um majestoso Deus
Criador, para se referir ao Deus do concerto, que é Iahweh, o Eterno
(traduzido Senhor). Jeová é
um Deus mais próximo que se relaciona conosco e nos dá a Sua aliança de paz e
salvação. Portanto, estamos contemplando a Jeová que é eterno e a Sua Palavra,
o Temor do Senhor, permanece
para sempre. “Seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a Palavra de nosso Deus
permanece eternamente.” (Is 40:8).
Esse Temor foi dado para nos ajudar a
não pecar. Foi dado para que tivéssemos receio de ofender a Deus. Disse o
próprio salmista: “Guardo no coração as Tuas palavras, para não pecar contra
Ti.” (Sl 119:11). Quando foram dadas as 10 Palavras de Deus no monte Sinai, o
povo se aterrorizou, e disse para Moisés: “Fala-nos tu, e te ouviremos; porém
não fale Deus conosco, para que não morramos. Respondeu Moisés ao povo: Não
temais; Deus veio para vos provar e para que o seu Temor esteja diante de vós,
a fim de que não pequeis.” (Êx 20:19-20). E completa o apóstolo João:
“Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia,
alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e Ele é a
propiciação pelos nossos pecados” (1Jo 2:1-2).
6 - Os juízos do Senhor são verdadeiros
e todos igualmente, justos. A Palavra de Deus
também é chamada de “Juízos do Eterno”. Se antes vimos o Temor de Deus, agora,
temos os Seus Juízos. Não apreciamos muito a palavra “juízos”, porque nos
remetem ao Julgamento divino, em que Deus julga a todos em seus pensamentos,
palavras e obras, e voltamos a temer a esse Juiz, porque nos sentimos pecadores
e dignos de morte, porque o “salário do pecado é a morte” (Rm 6:23).
Portanto, alguém poderia dizer: Onde
teríamos algum atrativo pelos Juízos de Deus? Há 2 característicos desses
Juízos contidos na Palavra, que são muito apreciáveis à alma:
1) Eles são “verdadeiros”,
porque os Juízos divinos são baseados na verdade (Rm 2:2). Juízos aqui são as
decisões divinas, são os Seus pronunciamentos acerca do que é verdade e o que é
erro. A Palavra de Deus é a verdade, como disse Jesus Cristo (Jo 17:17), e os
Seus Juízos são verdadeiros e se baseiam na verdade da realidade dos fatos. De
fato, eles revelam a própria verdade.
2) Esses Juízos também são “justos”.
Este é um atrativo especial porque o salmista louva intensamente ao Senhor por
ele: “Sete vezes no dia, eu te louvo pela justiça dos teus juízos.” (Sl
119:164). Nunca deveríamos temer nos defrontar com os juízos de Deus porque são
sempre justos. Os juízos dos homens é que devem despertar o nosso temor, porque
são injustos, implacáveis e sem misericórdia. Os Juízos de Deus, pelo
contrário, são caracterizados por Sua justiça, que nos anima a servi-lO com
amor e alegria. Pois a Palavra de Deus é por isso tudo denominada de “Juízos do
Senhor”, porque contém a Sua mensagem de como orientar a nossa vida no caminho
da justiça. De fato, eles declaram a justiça. “Todos os Seus mandamentos são
justiça” disse mais tarde o salmista Davi (Sl 119:172).
É por isso que o salmista se sente
atraído pelos Juízos da Palavra. Disse ele: “São mais desejáveis do que ouro,
... mais doces do que o mel.” (v. 10). Até parece uma contradição que aquilo
que nos causa temor, realmente deve nos despertar um grande desejo de
possuí-los. Muitos procuram as riquezas deste mundo: ouro, prata, dinheiro,
propriedades. Muitos são atraídos pelas filosofias do mundo. Muitos buscam
ansiosamente as ciências ocultas ou os dogmas do espiritismo. Outros se
encantam diante das mentiras do Evolucionismo. Milhões são enganados pela
igreja romana. Mas a Palavra de Deus é mais desejável do que tudo isso! Davi se
deleitava com os “Juízos do Senhor”, “mais desejáveis do que ouro, mais doces
do que o mel”. Com quanto entusiasmo desejamos nós esses preciosos Juízos que
apontam para o caminho da verdade? Muitos julgam a Palavra de Deus apreciável e
muito desejável, pregam sobre ela, e a indicam para outros, mas a Bíblia ainda
fica negligenciada nas prateleiras.
Mas qual seria o estímulo dos Juízos
divinos? Qual seria o benefício que obtemos? O que é que você ganha em
guardá-los? A resposta de Davi é esta: “Por eles se admoesta o Teu servo; em
guardá-los, há grande recompensa” (v. 11). Temos uma grande recompensa – esse é
o estímulo. Há aqui 2 verbos: “admoestar” e “guardar”. Davi diz que se admoesta
e guarda os Juízos de Deus. As duas coisas são importantes: tanto admoestação
como observância, mas esta é mais importante do que aquela. De nada adianta
alguém se admoestar e se advertir, e dizer: “Ah, eu vou me corrigir, eu vou
acertar a minha vida com Deus” e sair da reunião para fazer a sua própria
vontade pecaminosa.
É necessário se admoestar, mas guardar
os mandamentos de Deus, é muito mais importante. Cristo contou a parábola de um
pai que enviou aos dois filhos para a vinha, a fim de trabalhar. Um deles disse
que ia lá, mas não foi. O outro disse que não ia trabalhar, mas arrependido,
foi para a vinha. (Mt 21:28-32). Cristo enfatizou que o mais importante não era
uma simples profissão de fé, mas guardar os mandamentos de Deus.
Mas se é importante guardar os Juízos
do Senhor, qual é essa “grande recompensa”? O que será de nós depois de todo
esse esforço, deixando as coisas pecaminosas do mundo? Os discípulos também
fizeram a mesma pergunta, quando o jovem rico se retirou triste. Alguns estavam
agora dizendo entre si que, por fim, eles não ganhariam nada em seguir a esse
Mestre que estava para morrer. Então, se dirigiram a Cristo e disseram: “Eis
que nós tudo deixamos e te seguimos; que será, pois, de nós?” Jesus lhes
garantiu que por segui-lO haveriam de obter a vida eterna. E Cristo havia dito
para o jovem rico: “Se queres ... entrar na vida, guarda os mandamentos.” (Mt
19: 27-29, 17). O Salvador apresentou a mesma recompensa nestas palavras:
“Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna.” (Jo 5:39).
Este é o grande estímulo, a “grande recompensa” de que nos falou Davi no Salmo
19. E ele continua dizendo: “Grande paz têm os que amam a Tua Lei; para eles
não há tropeço.” (Sl 119:165).
Davi contempla a Lei do Senhor e se
entusiasma diante da perfeição de Deus em Seus ensinos que revelam o Seu
caráter santo e eterno.
Ele nos diz qual é a natureza da
Palavra do Senhor:
1. Perfeição; 2. Fidelidade; 3.
Retidão; 4. Pureza; 5. Limpidez; 6. Veracidade; 7. Justiça; 8. Eternidade.
Mas ele apresenta também o poder da
Palavra de Deus:
1. Restaura a Alma; 2. Dá sabedoria; 3.
Alegra o Coração; 4. Ilumina os Olhos; 5. Dá segurança eterna; 6. Revela a
verdade; 7. Declara a justiça; 8. Desperta a sede espiritual.
O número 7 é o nº da perfeição; o nº 8
é o número da vitória. Precisaríamos de mais alguma coisa para sermos perfeitos
e vitoriosos? Precisaríamos de mais alguma coisa para viver em santificação, e
nos prepararmos para o Céu?
III –
Contemplando a Si Mesmo (vs. 12-14)
Mas agora, Davi deixa a contemplação da
Lei do Senhor para contemplar a si mesmo, e as leis de sua própria natureza
humana, porque este é o resultado que ocorre quando alguém contempla a Palavra
de Deus: é impossível evitar uma contemplação de si mesmo. “Porque a Palavra de
Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e
penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta
para discernir os pensamentos e propósitos do coração.” (Hb 4:125).
Este é o 3º livro do qual podemos
aprender e contemplar a perfeição de Deus, que é a natureza humana como foi
originalmente criada. O homem no princípio refletia a perfeita imagem de Deus
(Gn 1:27). O salmista já fizera esta declaração no salmo 8, após contemplar a
perfeição de Deus nos céus: “Quando contemplo os teus céus, obra dos teus
dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem, que dele te
lembres e o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco,
menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste.” (Sl 8:3-5).
O homem foi criado “um pouco menor do
que Deus”, cheio de glória, e possuía a Sua imagem. E mais tarde, Davi se
admira do livro da natureza humana: “Pois Tu formaste o meu interior Tu me
teceste no seio de minha mãe. Graças Te dou, visto que por modo assombrosamente
maravilhoso me formaste... as Tuas obras são admiráveis.” (Sl 139:13-14). E
Davi podia ver a perfeição de Deus na criação da natureza humana vista em si
próprio.
Entretanto, o pecado deslustrou a
glória da imagem de Deus no homem, desfigurou a sua natureza e ele baixou ao
nível de santo para pecador. Por isso, Paulo afirma: “pois todos pecaram e
carecem da glória de Deus.” (Rm 3:23). Adão pecou e perdeu a glória da
perfeição de Deus nele. Mas ainda podemos aprender do livro da natureza humana.
Os grandes doutores da Psicanálise e da Psicologia que falem. Que falem as
numerosas obras escritas sobre essa natureza.
Davi contemplou a si mesmo, e só viu
faltas e pecados; ele disse: “Quem há que possa discernir as próprias faltas?”
(V. 12). Ou seja, ele sabe que, sem ajuda do Espírito Santo, é impossível uma
pessoa reconhecer as próprias faltas e pecados. Faz algum tempo um senhor disse
a um pastor: "Amigo, não necessito de religião. Se vocês entram no reino
do Céu, eu também vou entrar sem ela, pois não faço mal a ninguém, e faço todo
o bem que posso." Não obstante, esse homem mantinha relações ilícitas com
uma mulher; portanto, transgredia a lei de Deus e fazia mal a três pessoas.
Primeiro a sua esposa a quem era infiel, segundo arruinava a vida de outra
mulher e terceiro prejudicava seu próprio bem-estar presente e futuro.
(Schubert, 83).
Mas Davi reconhecia os seus pecados.
Ele disse depois de cometer o seu maior pecado: “Eu conheço as minhas
transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim.” (Sl 51: 3). Então,
ele faz a primeira oração do Salmo 19: “Absolve-me das [faltas] que me são
ocultas.” (Sl 19:12). Ele se reconhecia tão grande pecador que podia imaginar
“faltas ocultas” em si mesmo, e pede que Deus o perdoe dessas faltas antes
mesmo de ele as conhecer.
“Absolve-me dos pecados ocultos”, disse
Davi, em uma humilde oração. Ao contemplarmos a nossa natureza pecaminosa,
iluminados pelo Espírito Santo, despertados pela Bíblia, nos humilhamos diante
de Deus pedindo-Lhe o perdão. Mas ainda existem faltas e pecados ocultos que
necessitam ser revelados, e isso é feito pelas provas divinas. Davi ao
contemplar a sua natureza, ele testificou: “Eu nasci na iniquidade e em pecado
me concebeu minha mãe” (Sl 51:5). “Não têm conta os males que me cercam; as
minhas iniqüidades me alcançaram, tantas, que me impedem a vista; são mais
numerosas que os cabelos de minha cabeça, e o coração me desfalece.” (Sl
40:12). O homem tem tanto pecado, que mesmo sendo cristão, além dos pecados
conhecidos, revelados e descobertos pela Palavra de Deus, se somam os pecados
ocultos, desconhecidos de nós próprios, além dos pecados de omissão. Mesmo após
a conversão, a natureza pecaminosa nos persegue. Ainda sentimos as insinuações
do pecado.
Necessitamos do perdão diário de Deus;
dependemos da obra expiatória de Cristo na Cruz do Calvário, que cobre os
nossos pecados, transgressões e iniqüidades passados, presentes e futuros. Mas
também cobre os nossos pecados ocultos. A condição do benefício da Sua obra
redentora está em nos humilharmos diante de Deus e pedirmos o Seu perdão.
“Absolve-me”, perdoa-me dos pecados conhecidos, dizia Davi, mas também dos
pecados desconhecidos. Este é um pedido por justificação.
Mas Davi agora humilhado pela
contemplação de si mesmo, faz a segunda oração, o segundo pedido a Deus:
“Também da soberba guarda o Teu servo, que ela não me domine; então, serei
irrepreensível e ficarei livre de grande transgressão.” A soberba foi o pecado
de Lúcifer que o levou à rebelião contra Deus. A soberba foi o pecado de Saul
que o levou a desprezar as ordens de Deus. A soberba foi o pecado de Davi
quando adulterou com Bate-Seba, e assassinou ao seu marido, julgando que podia
cometer tamanho pecado e sair incólume, impune.
A soberba é a grande transgressão que
nos leva ao pecado imperdoável (Hb 10:26-31) e, portanto, é algo muito sério. A
soberba é o pecado da presunção que leva o pecador a pensar que pode fazer o
que quer, independentemente de Deus, usufruindo de todos os privilégios e
passando por alto as suas responsabilidades, julgando que é muito bom para ser
punido, e que nada vai lhe acontecer por continuar na transgressão. A soberba é
a grande transgressão que leva o pecador a recusar ou adiar o arrependimento. A
soberba é a grande transgressão da qual precisamos nos livrar pelo poder do
Espírito Santo.
Davi quando pediu o perdão, ele pedia
por justificação. Agora, ele pede por santificação: ele pediu que Deus o
guardasse da soberba, a fim de que ela não o dominasse. Davi entendeu que ele
não podia guardar os mandamentos de Deus em sua perfeição; ele compreendeu que
não era perfeito e não conseguia observar a todos os requerimentos divinos. O
apóstolo Paulo disse por que o pecado não precisa ter mais domínio sobre nós:
“Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e
sim da graça.” (Rm 6:14). Aqui está uma grande verdade dos cristãos: não
estamos mais debaixo da condenação da lei mas agora estamos em um novo
“status”, porque estamos debaixo do poder da graça redentora de Jesus Cristo
que morreu por nós na Cruz e enviou ao Espírito Santo para nos guardar do
pecado, que começa com a soberba.
Portanto, nós agora podemos perguntar:
Se Deus é perfeito como visto pela Sua Criação, e na Sua Palavra, como
pode ser o homem perfeito? Davi responde: “Guarda o Teu servo da
soberba ... Então, serei irrepreensível (perfeito)”. Se Deus nos guardar da
soberba, do orgulho e da presunção, se humilharmos o nosso coração diante dEle,
confessando os nossos pecados conhecidos, reconhecendo a debilidade de nossa
natureza pecaminosa, se recebemos o Seu perdão pela fé no sacrifício de Cristo,
se formos suficientemente humildes para seguir a orientação divina, então,
seremos perfeitos em nossa esfera de ação. Se formos perdoados pela
justificação e transformados pela santificação, então seremos irrepreensíveis,
santos e inculpáveis. Esta é a mensagem do Evangelho para todos.
Davi termina o salmo apresentando a sua
3ª prece: “As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam
agradáveis na tua presença, Senhor, Rocha minha e Redentor meu!” Davi estava
contemplando a si mesmo e percebe que as suas palavras precisam ser melhor
escolhidas, que ele precisa vigiar a porta dos seus lábios, e que os seus
pensamentos, produto de sua meditação no mais íntimo da alma precisam do poder
divino para purificá-los e torná-los agradáveis diante de um Deus que está
sempre perto e que Se relaciona com ele de modo a poder dizer: “Rocha minha e
Redentor meu”! Você também possui este relacionamento
pessoal com o seu Senhor? Também ora para que suas palavras e sua meditação
sejam agradáveis a Deus?
Davi meditou sobre os céus; ele meditou
sobre a Lei do Senhor; Davi meditou sobre a sua natureza pecaminosa, e agora,
ele pede que as suas palavras e a sua meditação sejam agradáveis a Deus. Quando
é que unicamente as nossas palavras e a nossa meditação podem ser agradáveis a
Deus? Somente quando estamos em harmonia com a Sua Palavra. Quando estamos em
sintonia com a Bíblia, nós agradamos ao Seu Autor. Nossas palavras dirigidas a
Deus serão preciosas orações de louvor e ações de graças. Nossa meditação será
sobre Deus: nós meditaremos sobre o Senhor de nossa vida, sobre a Sua proteção
e finalmente, descansaremos na Sua redenção, realizada por Jesus Cristo.
Hoje muito mais do que no tempo de
Davi, temos o conhecimento da “redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3:24), e
devemos meditar nisso: “Far-nos-ia bem passar diariamente uma hora a refletir
sobre a vida de Jesus. Deveremos tomá-la ponto por ponto, e deixar que a
imaginação se apodere de cada cena, especialmente as finais. Ao meditar assim
em Seu grande sacrifício por nós, nossa confiança nEle será mais constante,
nosso amor vivificado, e seremos mais profundamente imbuídos de Seu espírito.
Se queremos ser salvos afinal, teremos de aprender ao pé da cruz a lição de
arrependimento e humilhação.” (Desejado, 83:5). Então, seremos enobrecidos e
transformados, em nosso caráter.
Nossas palavras e pensamentos são
renovados e purificados mediante uma leitura consciente e meditativa da Palavra
de Deus: “Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios ... Antes,
o seu prazer está na Lei do Senhor,
e na sua Lei medita de dia e de noite.” (Sl 1:1,2). Aqui está a maior e mais
poderosa fonte para nossa meditação diária: a Lei do Senhor, a Palavra de Deus. Sim, é a
própria Bíblia. Esta é a maior revelação da perfeição de um Deus que nos deu as
Escrituras “a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente
habilitado para toda boa obra.” (2Tm 3:17). Portanto, vamos ler a mais a
Bíblia, o maior segredo de Deus para a perfeição do caráter.
Vamos fazer de Jesus Cristo o nosso
Senhor a quem obedecemos, a nossa Rocha, em quem nos refugiamos, o nosso
Redentor em quem nos salvamos. Esta é a perfeição humana, que contempla os
altos e diz: “Os céus declaram a glória de Deus!”; que contempla a Palavra
Escrita e diz: “A Lei do Senhor é
perfeita e restaura a alma!”; que contempla a si mesmo e diz: “As palavras dos
meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na Tua presença, Senhor, Rocha minha e Redentor meu!”
Pr. Roberto Biagini
Mestrado em Teologia:
[3] http://super.abril.com.br/superarquivo/1989/conteudo_111630.shtml :“...outras centenas de bilhões de galáxias
que se calcula haver no Universo conhecido...”
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