SALMO 7 – VOCÊ FOI ACUSADO INJUSTAMENTE?
INTRODUÇÃO (vs.1-2)
Todo discurso e todo sermão deve ter 3 partes
indispensáveis: (1) Introdução, (2) Corpo e (3) Conclusão, ou se preferir, eles
tem Começo, Corpo e Conclusão. E assim são os salmos que são sermões
inspirados, que tem um começo, em que se introduz um assunto, tem um
desenvolvimento dele, e logo a seguir, vem o final geralmente climático. Neste
salmo, vemos uma introdução inicial, um assunto que se desenvolve por 3
palavras-chave, e um clímax no final. As 3 palavras que revelam todo o salmo 7
são estas: Acusação, Julgamento e Condenação.
Este salmo é considerado o primeiro dentre os Salmos
Imprecatórios, que contém uma solicitação de juízo, calamidade ou maldição
contra os inimigos do salmista, que são vistos como inimigos de Deus. Estes
salmos tem deixado perplexos a muitos estudiosos, mas devemos levar em conta o
propósito deles: (1) demonstrar o trato de Deus contra os ímpios, (2) dar uma
oportunidade de arrependimento para eles, (3) vindicar os justos perseguidos e
(4) motivar a todos, justos e injustos, a louvar a justiça divina, agora e no
grande Julgamento divino.
O salmo 7 é introduzido com estas palavras de Davi:
“Senhor, Deus meu, em ti me refugio; salva-me de todos os que me perseguem e
livra-me; para que ninguém, como leão, me arrebate, despedaçando-me, não
havendo quem me livre.” (v. 1-2).
Davi faz uma declaração diretamente a Deus,
afirmando que Ele é o seu “Refúgio”. Toda oração geralmente começa com uma
prece de gratidão, exceto quando a alma está atribulada. E esse era o caso
daquele homem, que agora clamava dizendo: “Salva-me e livra-me!” Ele não orava
por salvação do pecado; ele orava por livramento dos seus inimigos, que o
perseguiam “como leão”.
Davi conhecia a força destruidora de um leão. Ele
via leões destruindo vidas inocentes e indefesas, e certa vez, quando era
jovem, ele apascentava as ovelhas de seu pai, e viu um leão levando uma ovelha
em sua boca, e ele correu atrás do animal, e tirou a ovelha da boca do leão e o
matou. Mas agora, ele temia um inimigo que se comparava a um leão mais forte do
que ele, que podia arrebatá-lo, despedaçando-o, sem chance de escapar, sem uma
possibilidade de livramento.
Que palavras desesperadoras: “não havendo quem me
livre!” Parece bem com as palavras que são retratadas pelo apóstolo Paulo:
“Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta
morte?” (Rm 7:24). Mas Paulo não falava de si mesmo, porque ele conhecia o seu
Libertador; ele falava de um homem perdido, que, embora conhecesse a Lei de
Deus, desconhecia o Salvador. Davi conhecia o seu Libertador, mas falou desse
modo para ressaltar a sua desesperança se ele não tivesse a Deus como o seu
Refúgio.
De fato, se não fosse a ajuda constante de Deus,
seríamos despedaçados pelo nosso maior inimigo. Satanás é comparado a um leão,
“que ruge procurando alguém para devorar” (1Pe 5:8). Os leões são traiçoeiros e
se aproveitam das fraquezas de suas vítimas. E assim age Satanás e todos os
nossos inimigos que nos ameaçam, e rondam procurando uma ocasião oportuna para
atacar pelas costas, a fim de nos destruir. Mas, como Davi, nossa única
esperança está em buscar o refúgio em nosso poderoso Deus.
I – ACUSAÇÃO (vs. 3-5)
V. 3-4: “Senhor, meu Deus, se eu fiz o de que me culpam,
se nas minhas mãos há iniqüidade, [4] se paguei com o mal a quem estava
em paz comigo, eu, que poupei aquele que sem razão me oprimia.”
1 - Davi foi acusado falsamente. Ele usa as mesmas palavras que usou no verso 1,
dirigindo-se ao “Senhor, meu Deus”, porque estas são as expressões de alguém
que está ofendido e profundamente angustiado, sem poder achar uma solução para
o seu caso. Ele disse: “se eu fiz o de que me culpam...” Ele estava sendo
inculpado de alguma coisa que ele não praticara.
2 – Davi afirma a sua inocência. Diz ele: “se nas minhas mãos há
iniqüidade...” Ele se nega a confessar um pecado que ele não praticou. O tríplice
uso da palavra “se” indica claramente a afirmação de sua fidelidade. Davi já
havia feito um protesto diante de Jônatas a quem dirigiu estas palavras: “Que
fiz eu? Qual é a minha culpa? E qual é o meu pecado diante de teu pai, que
procura tirar-me a vida?” (1Sm 20:1). Ele tinha uma consciência limpa e era
fiel e verdadeiro.
3 – Davi revela o crime de que o acusavam. Notem o que ele diz: “se paguei com o mal a quem
estava em paz comigo.” Isto se refere ao rei Saul porque logo ele acrescenta:
“eu, que poupei aquele que sem razão me oprimia...” De acordo com o título, o
salmo foi escrito “com respeito às palavras de Cuxe”. Esse homem era um parente
de Saul, da mesma tribo de Benjamim. Ele havia caluniado a Davi, acusando-o de
conspiração contra o rei Saul, a fim de matá-lo. Quando Davi se defrontou com o
rei Saul disse-lhe: “Por que dás tu ouvidos às palavras dos homens que dizem:
‘Davi procura fazer-te mal!’?” (1 Sam 24:9).
Esta foi a explicação de Davi ao rei Saul, quando
foi instigado a matar o rei Saul, o seu inimigo opressor: “Os teus próprios
olhos viram, hoje, que o Senhor te pôs em minhas mãos nesta caverna, e alguns
disseram que eu te matasse; porém a minha mão te poupou; porque disse: Não
estenderei a mão contra o meu senhor, pois é o ungido de Deus.” (1Sm 24:10).
Davi tinha mostrado claramente sua inocência ao poupar a vida de Saul, quando
ele podia tê-lo matado facilmente.
Este é o fato: acusação falsa de conspiração contra
um homem de Deus que tinha a misericórdia de até poupar a vida de um grande
inimigo seu, que procurava matá-lo a todo custo, em muitas ocasiões, vivendo “à
caça de minha vida”, “como leão” (disse ele, 1Sm 24:11)! Assim era Davi. Não
admira que fosse chamado de “o homem segundo o coração de Deus” (At 13:22),
porque Deus é misericordioso até com os Seus piores inimigos, poupando a vida
deles, e dando-lhes oportunidade de se arrependerem para serem salvos e viverem
eternamente com o Seu Benfeitor!
4 – Davi faz o juramento de sua inocência. Disse no v. 5: [Se eu sou culpado] “persiga
o inimigo a minha alma e alcance-a, espezinhe no chão a minha vida e arraste no
pó a minha glória”. É como se diz hoje em dia: “Se eu fiz isso, quero que caia
um raio do céu na minha cabeça!” Isto é um juramento; ele está disposto a
sofrer, se ele for culpado de alguma coisa de que é acusado. Isso indica que
ele realmente é inocente, e usa uma linguagem muito forte, quase em desespero,
para se defender diante de Deus.
Com efeito, o veneno da calúnia pode levar a vítima
ao desespero ou à loucura. As palavras de
Cuxe feriram os sentimentos de Davi, atacaram a sua reputação e destruíram a sua paz.
Conta uma lenda que os animais um dia perguntaram, desafiando
a serpente:
- O leão, disseram eles, atira-se contra a
presa, mata-a e devora-a. O lobo estraçalha a ovelha que lhe serve de alimento.
O tigre, quando faminto ataca o carneiro e arrasta-o para o seu covil. Mas
você, malvada serpente, o que faz? Pica a sua vítima e transmite o veneno para
ela. Ora, que proveito você tira da sua perversidade peçonhenta?
Contorcendo-se, responde a serpente:
- Nada espero dos golpes venenosos que eu aplico.
Do mal que faço, não tiro o menor proveito. Sigo traindo, envenenando, semeando
a dor e a morte, mas não sou pior que o caluniador”. (Malba
Tahan).
A Bíblia diz que muitos outros foram caluniados,
acusados injusta e falsamente, e sofreram muito por causa de pessoas perversas
e invejosas. (1) José do Egito foi acusado injustamente de seduzir a mulher de
Potifar. (2) Jeremias foi acusado de profetizar falsamente em nome do Senhor
contra Jerusalém. (3) Daniel foi acusado de rebelião contra o decreto do rei
Dario. (4) Paulo foi acusado pelos judeus de ensinar contra a lei. (5) Jesus
Cristo foi acusado de blasfêmia, de traição e de insurreição contra Roma, e foi
“açoitado para pacificar os acusadores” (O Desejado de Todas as Nações, p.
732).
Era tempo de guerra. Aprisionaram um
soldado que regressara ao acampamento, vindo de uma mata próxima. Ele foi
acusado de estar traindo o seu exército, mantendo contato com o inimigo e foi
levado à presença do comandante.
- O que você estava fazendo naquela mata, àquela
hora da noite? - perguntou o oficial.
- Fui ali para orar por mim, fazer uma oração ao
meu Deus - respondeu o jovem.
Não convencido, o comandante ordenou friamente que
o jovem se ajoelhasse e orasse.
- Se você tem o hábito de orar tanto por auxilio,
faça-o agora.
Compreendendo que a acusação de traição poderia
significar morte, o jovem caiu de joelhos, e desabafou o coração diante de
Deus. Foi patente, em vista de sua fervorosa conversa com o Senhor, que esta
não era uma nova experiência em sua vida. Ao soltar ele as últimas palavras e
abrir os olhos, viu uma nova expressão da fisionomia do comandante.
- Ergue-te - disse simplesmente o oficial - pode ir
embora. Creio no que você disse; do contrário, não poderia fazê-lo tão bem como
fez agora.
Disse o apóstolo Paulo que todos os cristãos
sofrerão perseguição; todos os que pretendem servir a Deus serão chamados a
suportar as mais vis calúnias e falsas acusações (2Tm 3:12). A Bíblia também
diz que Satanás nos acusa de dia e de noite (Ap 12:10). Portanto, o salmo 7
contém uma grande mensagem de conforto e esperança para todos os cristãos. Esta
é também uma mensagem escatológica, porque traz uma grande consolação a todos
os que no tempo do fim são injustamente perseguidos. Ele contém um grande
encorajamento para o remanescente fiel quando for vítima das maldições do
conflito final com os poderes das trevas, e quando for acusado falsamente.
II – JULGAMENTO (vs. 6-11)
Davi apela para a intervenção divina. Ele
disse, v. 6: “Levanta-te, Senhor, na Tua indignação!” Este é um
apelo para que Deus tome uma iniciativa, e intervenha a fim de julgar o seu
caso. Ele estava sofrendo horrivelmente pela língua caluniosa dos seus inimigos,
e de Cuxe em particular. “Mostra a Tua grandeza contra a fúria dos meus
adversários!” Isso demonstra claramente que os seus inimigos queriam
destruí-lo, e estavam ferozes contra ele. Mas ele sabia que Deus estava
indignado contra eles.
Toda acusação será levada a julgamento; senão dos
homens, o caso será levado a julgamento divino. Toda palavra proferida tem as
suas conseqüências ou para o bem ou para o mal de quem a proferiu. Disse Jesus
Cristo sobre este solene assunto: “Digo-vos que de toda palavra frívola que
proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo; porque, pelas tuas
palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado.” (Mt
12:36-37).
Mas Davi responde a pergunta: Como será o
Julgamento divino?
1 – O Julgamento será universal. V. 7: “Reúnam-se ao redor de Ti os
povos!” V. 8a: “O Senhor julga os povos”, como foi no passado, e
como será no futuro! Davi não tem receio da presença de todos os povos para
presenciar ao julgamento de sua causa. Ele mesmo chama agora os povos reunidos
para serem suas testemunhas. Ele lembra que o seu próprio povo contemplava as
suas perseguições, e ouvia as acusações contra ele, e muitos estavam na
dúvida.
Ele prevê o dia do grande Juízo em que todos
universalmente comparecerão diante do Tribunal divino, em que Deus estará acima
de todas as nações da Terra. A doutrina do Juízo é encontrada em muitos lugares
na Bíblia, e nos salmos isto é uma realidade impressionante. “O Senhor julga os
povos”!
2 – O Julgamento será individual.V. 8b:
“Julga-me, Senhor!” Embora seja um julgamento universal, cada pessoa
será julgada separadamente. Davi faz um forte apelo para que Deus venha
julgá-lo pessoalmente. “Se
Deus julga a todos os povos, por que Se demora em me julgar e defender a minha
causa?” Não é admirável que ele peça que Deus o julgue? Não seria de se temer o
julgamento divino? Não, pelo contrário; ele temia mais o juízo humano; porque
ele já estava sendo julgado pelos homens que o condenaram por atos que ele não
praticara, e, portanto, julgaram mal ao inocente. Eles queriam matá-lo, porque
o juízo dos homens é preconceituoso, injusto, e implacável. Mas Davi, então,
recorre ao julgamento de Deus.
Neste ponto, fazemos 3 perguntas
pertinentes:
(1) Os
justos serão julgados? Esta é a verdade mais clara do texto. Davi era
um homem justo e queria ser julgado por Deus. Mas, pergunte aos teólogos
populares e eles responderão que os cristãos não serão julgados. Eles dizem que
os cristãos não precisam de julgamento, e não passarão pelo tribunal porque
eles já estão justificados. Esses teólogos sem teologia baseiam o seu argumento
em João 3:18: “Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado.” Mas
o que acontece é que eles estão baseando a sua doutrina no equívoco de uma
tradução.
A palavra grega original é “krino”, que significa
“julgar”, mas também significa “condenar, punir”. A versão Corrigida diz: “Quem
crê nele, não é condenado”, corretamente. De fato, quem crê em Cristo não será
condenado, como afirmou Paulo: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os
que estão em Cristo Jesus.” (Rm 8:1). Portanto, os cristãos não serão
condenados, mas serão julgados. Entretanto, ao invés de temer o julgamento,
eles, como Davi, querem apressar a Deus para que os julgue e vindique a sua
causa contra os seus inimigos opressores. Disse Davi: “Julga-me, Senhor!”
(2) Qual
era o critério de Davi? Ele mesmo diz, v. 8: “segundo
a minha retidão e segundo a integridade que há em mim.” Davi queria ser julgado
pela sua retidão e integridade. Mas como pode Davi se dirigir a Deus e
apresentar a sua justiça? Não é estranho que Lhe apresentasse esse critério e
esta condição, quando se esperava dele que se humilhasse e confessasse a sua
culpa? Ele disse no Salmo 40:12: “Não têm conta os males que me cercam; as
minhas iniqüidades me alcançaram, tantas, que me impedem a vista; são mais
numerosas que os cabelos de minha cabeça.”
Como poderia ele apresentar alguma justiça diante
de Deus? A pergunta é correta, mas está fora de contexto. Davi apresentava a
correção de sua vida com relação às coisas de que o julgavam e ele sabia com
toda a certeza que não tinha praticado aquilo de que o acusavam. Este era um
caso específico em que um homem justo estava sendo condenado e acusado
injustamente.
(3) Qual é o grande desafio de
hoje? Integridade. Davi tinha um caráter
íntegro, e os cristãos também a possuem. Prega-se em nosso tempo muito sobre os
pecados dos cristãos, mas pouco, ou quase nada, sobre a integridade deles. Os
cristãos sinceros são íntegros. Vemos em nosso mundo pessoas que mentem,
roubam, adulteram e matam com muita tranquilidade. Os cristãos revelam a sua
integridade nas circunstâncias mais difíceis, nos momentos mais dramáticos de
sua vida. Eles não mentem como é comum em nossa sociedade. Eles não se aproveitam
das horas em que o seu patrão está fora de sua vista. Eles são fiéis à sua
esposa. Não entram em confusão e respeitam as pessoas, e não são vistos em
brigas com os outros. Eles sabem amar e são pessoas em quem se pode confiar.
3 – O Julgamento será vindicatório. V. 9: “Cesse a malícia dos ímpios,
mas estabelece tu o justo!” Os justos serão vindicados, justificados,
defendidos perante todos, e então, eles serão estabelecidos e os ímpios
derrotados, e cessarão a sua malícia. Os falsos acusadores saberão que suas
mentiras serão expostas diante de todo o Universo. E eles ficarão sem poder
dizer nada para se justificar. Será uma situação terrível e embaraçosa. Então,
o mal cessará; o pecado não se levantará pela segunda vez. Então, os justos
serão estabelecidos para sempre num reino eterno. E Deus será glorificado!
4 – O Julgamento será justo. Por 2 razões, claras
nos v. 9b-11:
(1) Deus tem o poder. Deus é onisciente: “Sondas a mente e o
coração!” (v. 9). Deus é tão sábio que pode penetrar até na
mente do homem e nada escapa ao seu olhar penetrante e perscrutador. Ele é
capaz de ler os pensamentos da mente e perceber os sentimentos e afeições do
coração. Ele é sábio demais para errar, e vê o coração além das aparências. Ele
não julga pelo exterior, mas vê o coração de cada um, e julga pela reta
justiça. Se é assim, Ele tem o poder para fazer justiça.
(2) Deus tem o caráter. Deus não somente tem o poder para fazer justiça,
como também tem o caráter justo; Ele é chamado de “justo Juiz” (v.11). “Deus é
o meu escudo; Ele salva os retos de coração.” Davi confia em Deus como o seu
Escudo porque tem certeza de que Deus o salvará de seus inimigos que desejavam
a sua morte. Mas o Senhor é o “justo Juiz”, e, portanto, Ele faz distinção
entre pessoas, salvando “os retos de coração” e demonstrando a Sua indignação e
ira contra os ímpios.
Mas esta declaração do v. 10 é polêmica: “Ele salva
os retos de coração”! Como assim? Deus salva os justos? Então, temos de ser
justos e retos para que Deus nos salve? Isso não é salvação pelas obras? Como
entender estas palavras? A resposta fica por conta do contexto. Salvação aqui
se refere à libertação dos que nos oprimem e nos acusam injustamente. Davi
desejava esta libertação, e por isso confiava em Deus como o seu Refúgio (v. 1)
e como o seu Escudo (v. 10), Aquele que salva e livra os que são retos e
íntegros e tem uma vida em harmonia com os ditames da Sua Lei.
III – CONDENAÇÃO (v. 12-16)
Agora, o salmista apresenta a sorte dos ímpios e
dos que gostam de dar um falso testemunho a respeito do caráter íntegro dos
filhos de Deus. Ele responde agora à seguinte pergunta: Como serão os
ímpios condenados?
1 – Os ímpios serão condenados por um
Deus justo. V. 12-13: “Se o homem não
se converter, afiará Deus a sua espada; já armou o arco, tem-no pronto; para
ele preparou já instrumentos de morte, preparou suas setas inflamadas.” Muitos
dizem que Deus não condena a ninguém. Mas nós encontramos outra história na
Bíblia. Deus condenou a Adão e Eva, e os expulsou do Paraíso. Deus condenou a
Sodoma e Gomorra com fogo e enxofre. De condenou a Ananias e Safira, da igreja
primitiva. Condenou a Herodes. A Sua espada está preparada e as Suas flechas
prontas contra todos os ímpios que não se converterem. Ele pode fazer isto por
ser um Deus justo que não Se compraz com o pecado e a iniquidade. Ele sempre
condena o pecado, seja em quem estiver!
Mas estas palavras estão cheias de esperança. O
salmista apresenta uma condição, cuja recíproca também é verdadeira, segundo a
qual se os homens se converterem, o Senhor desviará deles a Sua espada e as
Suas setas inflamadas, a fim de que possam ser salvos. Mas se eles não se
converterem, serão condenados porque Deus é justo e não pode inocentar ao
ímpio.
2 – Os ímpios serão condenados por seus
pecados. V. 14: “Eis que o ímpio
está com dores de iniqüidade; concebeu a malícia e dá à luz a mentira.” Em
figura, a fertilidade para o mal é comparada ao processo de gestação e parto.
No simbolismo da poesia deste salmo, o ímpio produz o engano e a mentira naturalmente.
O pecado é a vida do ímpio. O pecado está nele por dentro e por fora. Nos seus
pensamentos, palavras e atos. O ímpio nasce no pecado, cresce no pecado e
respira no pecado. Não admira que as pessoas digam frequentemente: “Que mal tem
isso?” Entretanto, “quanto ao perverso, as suas iniqüidades o prenderão, e com
as cordas do seu pecado será detido.” (Pv 5:22).
3 – Os ímpios serão condenados por suas próprias mãos. V. 15-16: “Abre, e aprofunda uma
cova, e cai nesse mesmo poço que faz. A sua malícia lhe recai sobre a cabeça, e
sobre a própria mioleira desce a sua violência.” Hamã ergueu uma forca para o
justo Mardoqueu, mas ele é que foi enforcado nela. A sua maldade e violência
lhe recaiu sobre a sua própria cabeça, porque “tudo o que o homem semear, isso
também ceifará” (Gl. 6:5). O mal traz sua própria punição contra o malfeitor. O
justo Juiz destruirá aqueles que perseguem os cristãos fazendo sua violência
cair sobre as suas próprias cabeças.
CONCLUSÃO (v. 17)
Davi, finalmente conclui este salmo com as palavras
gloriosas: “Eu, porém, renderei graças ao Senhor, segundo a sua justiça, e
cantarei louvores ao nome do Senhor Altíssimo.” Este é o seu grande clímax.
Esta é a maior razão por que Davi tanto procurava o julgamento divino. Este é o
motivo mais impressionante por que Davi podia ter segurança de que seria salvo:
a justiça de Deus. Ele sabia que o seu caso seria julgado a seu favor, porque
Deus vê o coração sincero e amorável, e não julga pelas aparências, e é capaz
de revelar a justiça que emoldura o seu caráter maravilhoso.
Portanto, qual seria a atitude natural e espontânea
de Davi? Gratidão e louvor. Ele rende graças a Deus por Sua justiça e canta os
seus louvores ao nome de um Deus que tem o Seu trono soberano no Universo, como
o Excelso Senhor Altíssimo.
Precisamos ter esta experiência em nossa própria
vida. Necessitamos conhecer mais da justiça misericordiosa de Deus. E se você
também está decepcionado com algumas pessoas, se você também foi acusado
injustamente, este é o momento de voltar-se para Deus e louvar a Sua justiça
imparcial e compassiva, em favor de sua libertação. Os resultados serão logo
vistos e sentidos.
Roberto Biagini
Mestrado em Teologia
prbiagini@gmail.com
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