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sábado, 30 de junho de 2012

Estudando Salmos- 14

Salmo 14 – A Mensagem Dos Insensatos

Nossa mensagem se encontra no salmo 14. Aqui temos a Mensagem dos Insensatos. E aqui temos uma grande lição para a nossa vida, a fim de evitarmos a mensagem dos néscios e insensatos.

Certa vez, um incrédulo se dirigiu a um cristão, e lhe disse:
- Eu posso provar pela sua Bíblia que ela diz que Deus não existe!
- Não, disse o cristão, você não pode!
- Posso sim, disse triunfante o incrédulo.
- Duvido! Disse o cristão.
- Então, abra a Bíblia no Salmo 14:1!

O cristão, então, leu estas palavras: "Disse o insensato no seu coração: Não há Deus!"
- Viu? disse o incrédulo. Provei pela sua própria Bíblia que Deus não existe.
- Mas espera, disse o cristão. A Bíblia não está dizendo que Deus não existe. A Bíblia está dizendo que é o insensato que diz isso. E se você também está dizendo isso, o que é que a Bíblia realmente está dizendo? Que você é o insensato que diz que Deus não existe! Então, o incrédulo foi saindo de fininho, envergonhado.

É preciso saber interpretar a Bíblia. É preciso ter a iluminação do Espírito Santo para entender a Bíblia. É preciso também estudá-la, a fim de podermos ensinar aos outros. Disse Jesus Cristo certa vez: "Que dizem as Escrituras? Como interpretas?" Com isso, Ele testava a inteligência das pessoas e o grau de compreensão das Escrituras, levando-as à reflexão. Ele demonstra com essa pergunta a importância de se interpretar a Bíblia corretamente, a fim de não cairmos em Sua repreensão que Ele proferiu para certos líderes,  que pretendiam ensinar a verdade: "Errais,  não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus" (Mateus 22:29).

Que é um insensato? É uma pessoa que não tem a verdadeira sabedoria. E nós ainda vivemos em um mundo tão cheio de luz, mas falta a verdadeira sabedoria para muitas pessoas, mesmo entre os que professam ser cristãos. Nunca houve um tempo em que nós tivéssemos tanta luz da verdade como em nosso tempo. Entretanto, quantos insensatos existem em nosso mundo levando a sua Bíblia debaixo do braço! Eles negam o seu poder e eficácia em sua vida de negligência do estudo e meditação, revelando em seus atos que não possuem aquela sabedoria do alto que nos leva ao verdadeiro Deus, de Quem descendem todas as luzes.

que dizem os insensatos? Dizem que "não há Deus".
Esta é a mensagem dos ateus. Ateu é uma palavra que vem do grego: o prefixo "a" significa "não" ou "negação de"; e "theós" que significa "deus". Atheós, ou ateu é aquele que nega a existência de Deus.

Esta é a mensagem dos incrédulos, aqueles que não crêem em Deus. Esta é a mensagem dos que pregam que "Deus morreu". Nietzche foi o primeiro filósofo a ensinar que Deus morreu. E, hoje, por mais incrível que isso possa parecer, muitos teólogos liberiais ainda defendem essa teoria.

Esta é, também, a mensagem dos falsos cristãos que negam a existência de Deus em sua vida: aqueles que vivem como se Deus não existisse. Eles vivem um cristianismo sem Cristo, uma religião sem Deus, porque vivem independentes, e não consultam a Deus, não buscam a Deus quando em necessidade, e não buscam a Sua Palavra. O uso da palavra insensato (nabal) não indica um ateu teórico, mas um ateu prático, que vive como se não existisse Deus. Para todos os propósitos práticos, Deus não faz parte dos seus pensamentos.

Qual é fonte desta mensagem? Onde eles dizem que "Deus não existe"? "No seu coração" (v. 1) . O que é o coração? Literalmente, o coração é a fonte da vida física: ele é um músculo que serve como uma bomba que envia o sangue para todas as partes do corpo, nutrindo cada célula. Mas na Bíblia, coração é um símbolo, que se refere à mente. Na sua mente, eles acariciam a ideia de que não há um Deus que possa interferir em sua vida.

Qual é o resultado na vida dos insensatos? Alguns dizem que não importa o que uma pessoa crê, desde que seja sincera. Mas é impossível ser um ateu teórico, sem ser um ateu prático. Se uma pessoa crê que Deus não existe, ela vai viver como se Deus não existisse. A influência da mente sobre o corpo e a vida é automática. Se uma pessoa crê de um jeito errado, vai viver do mesmo jeito errado. Daqui não há como fugir.

Como é a vida de quem nega a Deus? O que fazem os que negaram a Deus? Como é a sua vida?

1- “Corrompem-se”:
Corrupção do Sexo: Homosexualismo, lesbianismo, masoquismo, bestialismo, etc, constituem a depravação do sexo, uma realidade de todos os tempos, mas muito mais intensa e muito mais amplamente divulgada em nossos dias, pelos meios de comunicação.

Corrupção da Educação: ensino da Evolução das espécies e negação da Criação realizada por um Deus vivo. Ensinam-se os princípios dos ímpios, e se negam os princípios cristãos da verdadeira Educação.

Corrupção da Política: a filosofia mais vivida e cobiçada se baseia no egoísmo, no engano, na avareza e no roubo. Nessa área, a palavra "corrupção" se torna cada vez mais usada no mundo.

Corrupção do Casamento: homens se casando com homens, mulheres se casando com mulheres, para vergonha de nossa raça. Casamentos têm sido degenerados para servir apenas aos propósitos egoístas e carnais. E, como ninguém pode esconder os seus propósitos por muito tempo em um casamento, logo cresce o número dos divórcios, mesmo entre os cristãos que pregam que devemos amar o próximo como a nós mesmos.   

2- "Praticam abominação"abominação aqui significa um conjunto de coisas desprezíveis. Os piores pecados são perpetrados, as piores degenerações são praticadas. Os maiores vícios, os maiores crimes, a maior depravação.

3- Não fazem o bem, só o mal. Mas alguém poderia objetar: E a grande caridade praticada pelos não-cristãos? Não há nenhum problema com a caridade; mas toda a caridade realizada por eles está maculada pelo egoísmo e orgulho, inatos em sua natureza. Qualquer benfeitoria praticada pelos que negam a Deus será manchada pelo pecado.

Certa vez, um pastor estava realizando uma série de estudos bíblicos a uma famíla, em Campo Grande, MS. Então, o senhor da casa recebia com entusiasmo as mensagens. Mas um dia, ele falou de um amigo espírita que era uma pessoa muito boa, muito caridosa, um homem exemplar, muito cortês, e queria saber como ficaria ele diante da salvação. O pastor lhe respondeu que essas atitudes positivas não eram suficientes para dizer que aquele homem estava salvo. Depois de esclarecer algumas coisas, o pastor aceitou o desafio do homem para um encontro que se transformou em um debate.

No dia marcado, se encontravam cerca de 10 pessoas, e quando o pastor viu aquilo, sentiu a responsabilidade e rogou a Deus pelo auxílio necessário, a fim de que aquelas pessoas pudessem sair dali com a convicção da verdade. O espírita era um homem culto, e começou a falar usando palavras das ciências como paleontologia, antropologia, arquelogia, etc, que eram difíceis para os leigos presentes, mas foram usadas para mostrar erudição e ganhar a confiança dos ouvintes na sua grande sabedoria.

Então, para ajudar nos argumentos, ele passou para a Bíblia, citando que o apóstolo Paulo era um grande conhecedor das ciências da sua época. E finalizou a sua palestra pedindo água, no que foi prontamente atendido pela dona da casa. O pastor, por sua vez, lhe perguntou se ele já havia concluído. Ele disse que sim. Então, disse o pastor: “Já que o nosso amigo pediu água, é a minha vez de falar. De fato, o apóstolo Paulo foi um grande sábio, conhecedor da literatura da sua época, mas ele mesmo disse que a sabedoria do mundo é loucura diante de Deus!”

Quando o pastor disse isso, o seu interlocutor espírita ficou furioso e o interrompia a todo o momento e, cada vez mais nervoso, a tal ponto que todos puderam ver que o homem “cortês e caridoso” se tornara diabólico, vociferando maldições contra a Bíblia Sagrada. De fato, não basta a caridade, motivada por falsos motivos.

Com efeito, é pelo coração que tudo começa; é pelo coração que somos crentes ou incrédulos. Disse Jesus Cristo que todos os pecados começam no coração, "porque de dentro do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfémia, a soberba, a loucura; ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem." (Marcos 7:21-23).

Quantos estão contaminados? Salmo 14: 2-3: "2: Do Céu olha o Senhor para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus. 3: Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer." "Todos se extraviaram". O apóstolo Paulo usou estas palavras para provar a universalidade do pecado, e então conclui: "porque todos pecaram e carecem da glória de Deus." (Romanos 3:23). De fato, todos já nascem pecadores.

Este é o testemunho de todos os crentes do passado: não há pessoa santa e justa. Este é o testemunho da Bíblia em muitos lugares. Este é o testemunho da experiência. Você pode andar pela rua, e ver uma grande multidão, e você não vai achar nenhum santo. Você pode entrar em um hospital e não vai achar nenhum santo. Você pode entrar em um convento e não vai encontrar nenhum santo. Você pode entrar em uma igreja e só achará pecadores, porque todos são pecadores desde o seu nascimento.

Deus mesmo testifica: Nada escapa ao seu olhar onisciente. Ele olha do Céu para ver se há quem entenda, quem busque a Sua graça, oferecida gentilmente. E não encontra, dizendo: "Todos se extraviaram!" Esta é a situação do mundo atual, como era no tempo de Davi.

Mas (v. 4), qual é o grande problema dos ímpios? Há uma pergunta perscrutadora: v. 4: "Acaso, não entendem todos os obreiros da iniqüidade, que devoram o meu povo, como quem come pão, que não invocam o Senhor?" Estas palavras indicam uma situação interessante: depois de tantas evidências que Deus colocou na própria natureza, e em todos os lugares, será que eles ainda não entendem?

1- Eles são obreiros da iniquidade, e não se sentem culpados. Não podem ver porque são cegos de sua grande culpa. Cometem os seus crimes e sacrilégios e não sentem culpa por seus crimes. Quando são presos pela justiça, negam os seus feitos; e quando não podem mais negá-los, eles simplesmente dizem que fizeram apenas o que todos esrtão fazendo.

2-  Eles perseguem o povo de Deus, e julgam que estão agradando a Deus. Saulo de Tarso era um judeu zeloso, que fazia exatamente isto: perseguia aos cristãos e julgava que esta era a vontade de Deus.

3- Eles não invocam o Senhor; pelo contrário, dizem que Deus não existe. Este é o seu maior problema. A base de todos os seus crimes e perversidades é o fato de que estão buscando muitas coisas no mundo, menos aquilo que é o mais importante para a sua felicidade.

Mas é aqui está o segredo da salvação: diz a Bíblia que "Todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo." (Romanos 10:13). Não importa se eles foram "obreiros da iniquidade"; não importa se eles perseguiram os justos; não importa se eles se tornaram corruptos, assassinos e criminosos. Se eles invocarem o nome do Senhor, se eles buscarem ao Senhor, eles serão salvos.

Se você invocar o nome do Senhor, você será salvo. Certa vez Pedro estava afundando no mar, e clamou pelo nome do Senhor, e Jesus o salvou imediatamente. Outra vez, uma mulher estrangeira,siro-fenícia, estava clamando pelo Senhor e Ele a acolheu, e ainda ensinou uma grande lição aos discípulos: de que, realmente, quem chamar pelo Seu nome será salvo, não importa a nacionalidade.

O que acontecerá no futuro, com os ímpios, se não invocarem o nome do Senhor, se não buscarem a Deus? V. 5: "Tomar-se-ão de grande pavor, porque Deus está com a linhagem do justo." Eles vão se apavorar, vão se atemorizar, vão se desesperar naquele dia quando souberem que "Deus está com a linhagem dos justos". Eles saberão que estiveram a lutar contra Deus e contra o Seu povo, e agora, vão se sentir perdidos.

Quando Jesus Cristo voltar, como estarão os ímpios? Vão correr de um lado para outro em desespero, em angústia, procurando uma palavra de consolo, uma palavra de salvação, e, apavorados, hão de clamar aos montes e aos rochedos: "Caí sobre nós, e escondei-nos da face dAquele que Se assenta no trono e da ira do Cordeiro; porque chegou o grande Dia da ira deles e quem é que pode suster-se?" (Apocalipse 6:15-17).

O que acontece no presente? V. 6: "Meteis a ridículo o conselho dos humildes, mas o Senhor é o seu refúgio." Quanto aos ímpios, eles ridicularizam os justos. De fato, eles são zombadores. Eles se deleitam em escarnecer dos que não podem aceitar as suas obras. Disse o apóstolo Pedro que "nos últimos dias, virão escarnecedores, com os seus escárnios, andando segundo as suas próprias paixões (II Pedro 3:3).

Uma professora da Alemanha Oriental, num tempo de muita intolerância religiosa, lecionava na sua classe para as suas crianças. De repente, esta professora disse: "Levantem-se todos, ponham-se em pé e digam: 'Não há Deus!' "Então todas as crianças repetiram isso, menos uma; uma menina de 8 anos se negou a dizer que não há Deus.

Então, a professora ficou muito brava com ela, e disse: "Você vai para casa e escreva 50 vezes: "Não há Deus". Ela voltou para casa e escreveu 50 vezes: "Sim há Deus". E ela trouxe para a escola no outro dia, entregou para a professora, e a professora leu: "Sim há Deus, Sim há Deus" 50 vezes. E ela, enfurecida, disse: "Você volta para casa e vai escrever 500 vezes 'Não há Deus', porque senão algo vai lhe acontecer!" Esse algo era a morte...

No outro dia, a menina voltou com o seu pai para falarem com o diretor a fim de que ele soubesse o que é que estava acontecendo. E então o diretor disse: "Vocês não precisam mais se preocupar. Ontem à noite a professora foi vitimada por um acidente de motocicleta. Ela morreu e tudo está acabado. Volte para a sua sala de aula." Os ímpios estão perseguindo aos justos, mas o Senhor é o Refúgio de todos os fiéis à Sua Palavra.

O que disse Davi dos justos? Os justos são humildes. A primeira característica dos justos é a sua humildade, mas sem hipocrisia. Alguns até se orgulham de sua aparente humildade. Eles têm uma humildade hipócrita, porque no coração não são humildes. Mas a primeira característica do cristão é a humildade, como disse Jesus Cristo em Seu primeiro sermão, na sua primeira declaração, do Sermão do Monte. E esta é a base da Justificação pela fé.

Mas qual é o "conselho dos humildes"? Os justos dão o seu conselho. Eles não seguem o conselho dos ímpios; eles seguem o conselho divino, que está expresso na Palavra de Deus. E qual é o conselho dos justos? Eles se alimentam da Bíblia e declaram a vontade de Deus, guardam os Seus mandamentos, anunciam a Volta de Cristo e pregam o  Evangelho, a fim de que os ímpios habitantes da Terra possam ter a sua oportunidade de salvação e se convertam.

Eles querem ajudar a salvar a esses homens ímpios, e levam o conhecimento de Deus para eles. Mas os ímpios zombam, escarnecem e metem a ridículo o seu conselho. Eles dizem, zombeteiramente: "Onde está a promessa da Sua vinda? Porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação" (II Pedro 3:4). O raciocínio dos ímpios é este: “Vocês têm pregado que Cristo vai voltar, mas isso não vai acontecer, porque se Ele viesse de novo, os homens haveriam de crucificá-1O novamente! E, afinal, tudo permanece sem nenhuma mudança! É tudo igual. Sempre houve terremotos, enchentes e catástrofes...”

Entretanto, não precisamos desanimar em nossa missão. Embora sejamos muitas vezes escarnecidos, debochados, zombados, sabemos que Deus é o nosso Refugio, como diz o final do verso 6. Deus é o nosso Refugio nas tempestades, nas tristezas e nas tribulações. Deus é o nosso Refugio contra todas as zombarias dos ímpios, e contra todas as suas ameaças.

Se Deus é o nosso Refúgio, qual é a nossa esperança? V. 7: "Tomara de Sião viesse já a salvação de Israel! Quando o Senhor restaurar a sorte do seu povo, então, exultará Jacó, e Israel se alegrará." Israel significa vencedor. O patriarca Jacó teve o seu nome trocado de Jacó para Israel, porque lutou com Deus e prevaleceu, tornando-se um vencedor. Assim, todos os cristãos têm esse nome, todos os cristãos fazem parte do "Israel de Deus", o Israel espiritual (Gálatas 6:16).

Aqui temos a concretização de todos os nossos anseios e esperanças: virá "a salvação de Israel", virá a salvação final do povo de Deus. De onde virá esta redenção? De Sião. Sião era o nome de um monte na Palestina, onde foi construída a cidade de Jerusalém. Sião ficou sendo um sinônimo para a habitação de Deus no Céu. Lá estarão os 144.000 e todos os salvos de todos os tempos.

A sorte dos justos será mudada: Se, hoje, eles estão espalhados, serão ajuntados dos quatro cantos da Terra. Se eles estão cativos, serão libertados (esta será a situação do povo de Deus antes de serem levados para o Céu: Eles estarão cativos e oprimidos pelos ímpios; mas, quando Cristo voltar, eles serão libertos). Então, raiará uma nova alegria, uma alegria eterna coroará as suas cabeças, porque estarão libertos por toda a eternidade. Libertos do pecado e dos seus inimigos. Então, os justos rejubilarão eternamente.

Você está fazendo planos para estar lá, juntamente com todos os salvos? O que você precisa mudar em sua vida para que você esteja lá são e salvo, por toda a eternidade? Que Deus nos abençoe, a fim de que possamos cumprir a parte que nos cabe.

Que possamos sempre nos lembrar e dizer em nosso coração"Sim, há um Deus" eterno que está disposto a me ajudar em todos os momentos. Há um Deus eterno que pode me salvar de toda a tribulação e tentação, e me levar para o Seu reino de glória.

Pr. Roberto Biagini
Mestrado em Teologia

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Estudando Salmos- 13


Salmo 13 – Até Quando, Senhor?

Este é um salmo de Davi, que clama a Deus: “Até quando?” É o salmo de uma alma aflita, angustiada porque julga que, por algum problema muito sério, Deus Se afastou. Então, ele já está cansado de esperar e pergunta: “Até quando, Senhor?” A repetição quádrupla desta frase demonstra claramente o intenso sofrimento do escritor. Ele se sente perturbado pela aparente indiferença de Deus. Ele se sente abandonado por Deus na sua maior necessidade.

“Até quando, Senhor?” é a pergunta de almas angustiadas que sofrem e não podem vislumbrar uma perspectiva de alívio ao seu sofrimento. “Até quando, Senhor?” é a inquirição de pessoas que perderam o seu cônjuge e não encontram um novo amor com quem possam compartilhar tanta vida. “Até quando, Senhor?” é a pergunta de almas desconsoladas que não acham mais um resquício de esperança e consolo para suas aflições. “Até quando, Senhor?” é o desafio de almas perplexas, que não podem ver o tempo de Deus e a Sua fantástica resposta.

I - PERPLEXIDADE

O salmista enfrentava uma tríplice perplexidade:

1- Perplexo com Deus: “Até quando, Senhor? Esquecer-te-ás de mim para sempre?” Pode haver uma angústia maior do que esta: de julgar que Deus nos esqueceu? Que Deus nos abandonou? Que estamos condenados “para sempre” a viver sem Deus? “Sem ar, sem luz, sem razão”?, para usarmos as palavras de Castro Alves. E ele ainda completa a sua queixa, dizendo: “Até quando ocultarás de mim o rosto?”

Mas será que Deus pode Se esquecer de nós? Será que Ele nos abandona? Disse o apóstolo Paulo que não há, nem haverá, qualquer circunstância em todo o universo que nos possa separar do amor de Deus. Deus não se esquece de ninguém; não abandona a quem quer que seja. E foi o mesmo Paulo quem deu a razão: Se Deus enviou a Jesus Cristo para morrer por nós, se Ele foi capaz de fazer a coisa mais difícil, por que, depois de tudo, haveria de nos abandonar e nos esquecer à nossa própria sorte? Isso seria impossível! (Rm 8:31-39).

A verdade é bem outra: nós é que esquecemos de Deus, nós é que abandonamos a Deus, nós é que não O buscamos como a nossa prioridade máxima; escolhemos fazer a nossa própria vontade e, como conseqüência, nos encontramos em situações embaraçosas, difíceis. Muitas vezes, somos vítimas da fatalidade e jogamos a culpa em um Deus cheio de amor que já estava sabendo de tudo o que se passava conosco, e já estava tomando providências para nos ajudar.

Davi estava decepcionado com Deus, e colocou a culpa das circunstâncias que o afligiam na possível demora de Deus em tomar alguma providência salvadora. E julgou que Deus o abandonara, que se esquecera dele. Por acaso você já esteve decepcionado com Deus? Por acaso, você está fazendo as perguntas do salmista para Deus? “Senhor, por que Te esqueceste de mim? Não vês a minha angústia? Não sabes de minha aflição? Por que não posso sentir o Teu rosto perto de mim? Será que me abandonaste por causa de meus pecados?” Estes eram os sentimentos de Davi.

2- Perplexo consigo mesmo: “Até quando estarei eu relutando dentro de minha alma, com tristeza no coração cada dia?” Davi agora manifesta uma perplexidade consigo mesmo. Ele olha agora para dentro de si, e se vê em uma atitude estranha, lutando entre dois pensamentos, coxeando entre duas atitudes, relutando entre o certo e errado. O certo seria confiar em Deus e nunca desconfiar de Sua soberana vontade. O errado seria esperar que Ele agisse contrariamente à Sua sábia determinação e propósito. O certo seria esperar confiantemente, deixando as coisas acontecerem no tempo exato de Deus. O errado seria atropelar as coisas passando por alto a hora de Deus. O certo e o errado clamavam e lutavam por uma decisão sábia dentro de si mesmo.

A esperança e o desespero relutavam dentro daquele triste coração: “Se Deus me ungiu como rei de Israel, por que eu deveria passar por todas estas tribulações? O que eu fiz de errado para estar assim nesta situação aflitiva? Mas se Ele me ungiu, por que deveria estar preocupado?”

Você também está lutando e relutando com algumas coisas difíceis de resolver em sua vida? É muito duro suportar tristeza a cada dia que passa por algum sofrimento, alguma dor aguda, pela falta de um ente querido que se foi! É duro suportar a solidão porque o esposo abandonou a família, deixando a esposa e os filhos em uma profunda melancolia, perguntando-se: “Onde foi que eu errei? Até quando ficarei com essa tristeza em meu coração e com essas dúvidas que estão corroendo a minha vida e a minha felicidade?”

Por acaso você está relutando dentro de si mesmo por causa de algum problema financeiro? Algumas pessoas ficam angustiadas, fazem uma profunda análise dentro de si mesmas e perguntam: “Como posso estar nessa dificuldade toda, enquanto sou fiel a Deus nos dízimos e ofertas?” Há uma profunda tristeza, porque ficam decepcionados consigo mesmos em seu relacionamento com Deus. E podem perguntar como Davi fazia: “Até quando estarei relutando dentro de minha alma, com tristeza no coração cada dia?”

3- Perplexo com os outros. Os outros eram os seus inimigos. “Até quando se erguerá contra mim o meu inimigo?” Até quando  se exaltarão os meus adversários contra mim? Será que já não chega de tanta perseguição, sem que eu tivesse culpa alguma contra eles? Até quando durará a ação do inimigo sem que se faça coisa alguma?

Se este salmo se refere ao tempo das perseguições do rei Saul, junto aos seus oficiais, caçando a alma de Davi como se fazia com animais, então, ele deve ter pensado: “Se o meu inimigo é o ungido de Deus, por que ele haveria de perseguir o outro ungido de Deus?” Esta era a sua perplexidade com o seu inimigo.

Você tem algum inimigo particular? Está perplexo com ele? Está perguntando até quando esse inimigo vai lhe perseguir e falar contra a sua alma? Então, você deve conhecer a oração de Davi, que vamos analisar agora.

II - PETIÇÃO

O salmista fez um tríplice pedido:

1- Prece por atenção: “Atenta para mim, Senhor! (v. 3). Davi suplicava de Deus atenção. Astronomicamente falando, poderíamos dizer que Ele tem tantos mundos, tantas estrelas e galáxias para os quais dar atenção que seria difícil atender a uma só pessoa em apuros tão prontamente. Mas isso não é problema para um Deus onisciente, onipresente e onipotente. Ele pode lhe dar atenção a qualquer hora do dia e a qualquer momento, e em cada segundo do dia ou da noite ou da madrugada! Muitos ainda estão em nosso mundo pedindo que Deus atente para eles. Mas você pode saber que Deus está atento para você, mesmo que muitas coisas estejam indo de mal a pior! Mesmo assim, a sua prece é necessária, a fim de ajudar a você se encontrar em comunhão com um Deus Todo-Poderoso!

2- Prece por uma resposta: “Responde-me, Deus meu! (v. 3). Davi procura uma resposta, pelo menos um indício de uma palavra de Deus, indicando a Sua aprovação e certeza de que Ele tem o controle de todas as coisas que lhe acontecem. Muitas vezes, queremos uma resposta imediata de Deus após sofrer por algum tempo algumas coisas que julgamos serem injustas. Quantas almas em nosso mundo esperam por uma resposta de Deus! Quantas pessoas estão sofrendo injustamente! Quantos estão clamando ao Senhor: “Responde-me, Deus meu!” Você também está neste rol? Continue orando e suplicando por uma resposta divina. Isso indica que você está indo na direção certa e buscando Aquele que é invisível!

3- Prece por iluminação: “Ilumina-me os olhos” (v. 3). Este é um apelo positivo entre expressões negativas. Ter os olhos iluminados significa nesse ponto serem fortalecidos para a vida. Davi tinha uma sede de viver que também pode ser encontrada facilmente em nosso instinto de preservação da vida.

O salmista vê-se constrangido a clamar a Deus, não só porque lhe é doloroso julgar-se negligenciado por Deus, mas, também, para que a morte não venha sobre si de uma forma tão inexorável como o seu próximo sono.   

Mas a sua oração tinha um tríplice propósito:

1- Segurança contra a morte: “para que eu não durma o sono da morte!” (v. 3). Davi temia a morte, como todo o ser humano normal. Ele desejava viver e não estava disposto a entregar-se a uma situação que o levasse à morte, prematuramente.

Mas é interessante que ao se revelar em favor da vida, ele nos ensina o que é a morte, em poucas palavras: “o sono da morte”. Há muitas filosofias errôneas em torno da morte e, com certa razão, porque os homens não podem saber o que é a morte, sem ter passado por essa experiência.

De fato, sem a sabedoria da inspiração divina, jamais poderíamos saber o que a morte significa. Mas, felizmente, a Bíblia nos ensina, em muitos lugares, o que é a morte: a morte é um sono, a morte é comparável ao sono. Assim disse Davi por inspiração do Espírito Santo; assim disseram os profetas, assim disseram os apóstolos, e assim disse o próprio Cristo.

Quando Lázaro havia morrido, Cristo falou para os discípulos: “11: Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou para despertá-lo. 12: Disseram-lhe, pois, os discípulos: Senhor, se dorme, estará salvo. 13: Jesus, porém, falara com respeito à morte de Lázaro; mas eles supunham que tivesse falado do repouso do sono. 14: Então, Jesus lhes disse claramente: Lázaro morreu.” (João 11:11-14).

Estas palavras não podem ser mal-interpretadas, estas palavras não podem ser mal-compreendidas, não podem ser torcidas, porque são claras demais para que isso aconteça. Jesus Cristo confirmou a doutrina dos profetas inspirados pelo Espírito Santo: a morte para Deus é como um sono, sem sonhos e sem pesadelos, um sono sem consciência e com a esperança de ser desfeito na manhã da ressurreição, ou para a vida ou para a condenação da morte eterna, da qual não haverá mais ressurreição.

Um pastor viajava certa vez de São Paulo para Brasília. Ao seu lado, uma senhora idosa chorava em silêncio. Quando o avião levantou vôo, ele perguntou: "Está tudo bem?" "Não," ela respondeu, "está tudo mal. Estou indo a Brasília para enterrar o meu filho que morreu ontem num aciden­te de trânsito." "Lamento muito, tudo vai passar." "Eu sei", ela respondeu. "Eu sei que a dor vai passar, mas pelo menos gostaria de ter certeza do destino do meu filho." Então, o pastor lhe deu uma resposta bíblica acerca do que acontece na morte.

Milhões de pessoas estão passando por uma grande angústia, porque não sabem onde estão os seus queridos mortos. Disse Davi que a morte é um sono. E, para confirmar essa declaração, disse o seu filho Salomão: “Os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma. [...] Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol" (Eclesiastes 9:5 e 6).

A morte traz completa inconsciência, e uma esperança de ressurreição. Porque disse Cristo: “28: Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: 29: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo” (João 5:28-29).

Mas continuemos em nosso salmo 13. Davi está orando por segurança contra a morte. Agora, ele pede ainda por segurança.

2- Segurança contra o inimigo: “para que não diga o meu inimigo: Prevaleci contra ele” (v. 4). Era uma prece para que o inimigo de Davi não fosse triunfante sobre ele, e que não pudesse falar jactanciosamente que tinha prevalecido contra ele. Davi temia o seu inimigo e também receava da zombaria, do escárnio e do ridículo a que seria exposto, caso ele viesse a perecer nas mãos do seu principal inimigo.

Isso não parecia uma guerra em que ele pedia a vitória sobre os inimigos. Isso parecia mais uma perseguição de um poderoso inimigo que o perseguia sem que ele fosse culpado. Em outras palavras, Davi orava por libertação do seu inimigo particular. Este era um inimigo tão perverso que desejava a sua morte e ansiava o dia em que pudesse dizer: “Ele era duro de matar, mas agora, eu prevaleci contra ele.” Tudo indica que esse inimigo era o rei Saul. 

3- Segurança contra o desânimo: “[para que] não se regozijem os meus adversários, vindo eu a vacilar.” (v. 4). Davi desejava também uma fortaleza contra a instabilidade emocional. Ele temia vacilar diante da notícia de que os seus adversários estivessem se regozijando diante da sua desgraça e derrota, vindo ele a vacilar e desanimar. Ele sabia que o desânimo era cruel e poderia abater a sua estrutura emocional e, conseqüentemente, a sua saúde física.

III - PERSEVERANÇA

“No tocante a mim” (v. 5). No que diz respeito a mim, de minha parte, eu farei isso e aquilo. Davi estava pensando em si mesmo, e isso era justo e necessário. Deus faz ou deixa de fazer certas coisas; o inimigo está me perseguindo; mas quanto a mim, eu tenho a minha parte a fazer, custe o que custar. Davi estava revelando um traço de perseverança inquebrantável. Ele era capaz de ver muita luz através das nuvens escuras e trevosas e perseverava corajosamente em direção da luz.

Assim também nós estamos enfrentando diariamente as investidas do nosso principal inimigo: “8: O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; 9: resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo.” (I Pedro 5:8-9). Cada um de nós deve ser vitorioso ao seu modo particular. Cada um deve saber como vencer. Se Satanás vem contra nós, como um leão, disse Pedro que devemos ser perseverantes, resistindo firmes em nossa fé.

Davi demonstra uma tríplice perseverança:

1- Perseverança na confiança: “Confio na tua graça” (v. 5). Muitos estudiosos gostariam que Davi tivesse dito: “Confio na Tua lei”, porque assim eles teriam um forte argumento a favor do Dispensacionalismo, que prega a Dispensação da Lei no Antigo Testamento e a Dispensação da Graça no Novo. Mas, graças a Deus que não existe tal doutrina. A graça sempre existiu desde que o pecado foi introduzido no mundo.

Disse Moisés, o grande legislador que recebeu a Lei de Deus e a deu ao mundo, em seu Salmo 90: “Seja sobre nós a graça do Senhor, nosso Deus” (Salmo 90:17). Disse o próprio Davi no salmo 6:4: “Senhor, ... salva-me por Tua graça!” E agora, ele reafirma a sua perseverança em confiar na graça de Deus, ao dizer: “Confio na tua graça” (Salmo 13:5). De fato, ele pregou a salvação pela graça.

Ele também nos deu um grande exemplo de perseverança na sua confiança, não nas obras humanas, mas na graça de Deus a qual é poderosa e salvadora. Quando todos os seus inimigos estavam a ponto de matá-lo, ele confessa a sua confiança na graça de Deus, embora não estivesse visualizando nenhuma perspectiva de salvação. Quando ele se sentia abandonado e esquecido por Deus (v. 1), quando se encontrava na dúvida e desconsolo (v. 2) e quando temia o seu inimigo (2), ainda assim, ele podia dizer: “Senhor, confio na Tua graça!” 

2- Perseverança na alegria: “Regozije-se o meu coração na tua salvação” (v. 5). Davi estava mesmo disposto a perseverar na alegria, embora a sua alma estivesse triste (v. 2). A primeira palavra pode ser traduzida no tempo presente, no tempo futuro ou como uma admoestação (como é o caso da versão Atualizada). De acordo com o contexto, parece mesmo que Davi faz uma admoestação para a sua própria alma. Ele se sentia triste internamente pelas suas tribulações, mas poderia se motivar por perseverar na alegria por causa da salvação em Deus.

De fato, a alegria, a felicidade e o regozijo é uma decisão, é uma escolha que cada um de nós pode fazer. Vamos encontrar muitas razões neste mundo para sermos tristes e infelizes. No entanto, também vamos achar sobejas razões para sermos alegres, jubilosos e felizes, se nós contemplarmos a salvação que nos foi providenciada por Deus em Seu Filho Jesus Cristo ao morrer na Cruz do Calvário. A nossa parte, “quanto a mim”, é escolher ser feliz, porque esta é a vontade de Deus para conosco, e este é o melhor caminho para nós enquanto aguardamos a vinda de Jesus e ajudamos a outros para que também se preparem para aquele glorioso dia.

3- Perseverança no louvor: “Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem” (v. 6). Jubilosos cantos de louvor e gratidão partiam daquele coração pronto para exaltar a Deus. Esta é a sua promessa final: sua perseverança em continuar no louvor a Deus porque, embora ele pudesse dizer que se sentia abandonado e esquecido por Deus, no fundo de sua alma havia uma esperança incansável, e uma fé inabalável que ainda podia contemplar os feitos salvadores que o Senhor lhe havia demonstrado no passado.

Com efeito, assim dizia Ellen G. White, após passar por muitas tribulações, desapontamentos e lutas: “Ao ver o que Deus tem realizado, encho-me de admiração e de confiança na liderança de Cristo. Nada temos que recear quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado.” (Testemunhos Seletos, v. 3, p. 443).

CONCLUSÃO

Podemos passar por muitas lutas e perplexidades, muitas vezes desapontados com Deus, com os outros e conosco mesmos. Mas isso é apenas mais um chamado à oração e preces fervorosas, e um convite à perseverança. Não esqueça os 3 “P”s do salmo 13: Perplexidade, Petição, Perseverança. Vamos continuar confiando na graça de Deus aconteça o que acontecer; e vamos encher o nosso coração triste das mais altaneiras esperanças, “aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus.” (Tito 2:13).

Pr. Roberto Biagini
Mestrado em teologia
07 de abril de 2010


quinta-feira, 28 de junho de 2012

Estudando Salmos-12


Salmo 12 - A Maior Necessidade do Mundo

Davi clama a Deus: “Socorro, Senhor!” (v. 1). Outras versões dizem: “Salva-me, Senhor!” Davi não pede por salvação do seu pecado, mas do pecado dos outros. De fato, ele está pedindo mesmo é socorro, em um tempo difícil de se viver.

E Davi clama por socorro. Com efeito, quando estamos em dificuldade, temos que clamar a Deus. Clamar é uma ação muito mais intensa do que simplesmente pedir. Temos na Bíblia muitos exemplos de pessoas que clamaram a Deus e foram atendidas em suas orações. Ana estava angustiada porque a sua esterilidade não só a impedia de ter filhos, mas provocava o escárnio e o desprezo. Então, ela clamou ao Senhor e obteve a bênção de um filho que se tornou um grande homem de Deus.

Pedro estava afundando em meio a uma grande tempestade no mar da Galileia, quando ele clamou a Jesus Cristo, fazendo a oração mais curta do Evangelho, ao proferir as palavras: “Salva-me, Senhor!” E a mão socorredora de Jesus se estendeu e Ele salvou aquele pescador duvidoso. E aqui temos a oração mais curta dos Salmos: “Socorro, Senhor!”

I – Carência de homens

Por que clama Davi? “Porque já não há homens piedosos; desaparecem os fiéis entre os filhos dos homens.” (v. 1). Este lamento nos faz lembrar de Elias, depois de ameaçado por Jezabel, quando aparentemente desamparado, fugiu para o deserto, e depois caminhou por 40 dias e 40 noites até o monte Horebe, o monte de Deus (1Rs 19:8). Então passou a noite em uma caverna onde ouviu a voz do Senhor que lhe falou: “Elias, que fazes aqui?” Ele respondeu de imediato: “Tenho sido zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida.” (v. 10). No conceito de Elias, faltavam os homens piedosos e fiéis. E do mesmo modo, Davi lamentava.

O que são “homens piedosos”? A palavra original do hebraico dá a conotação de pessoas que tem um bom relacionamento com Deus. Em Português, temos o mesmo significado, adicionado ao outro sentido de pessoas que têm pena, dó, piedade diante da miséria dos outros. Pelo contexto, os dois sentidos são necessários. Mas é claro que aqueles que têm um bom relacionamento com o seu Deus, terão piedade, misericórdia e hão de ajudar aos menos favorecidos. Mas a falta do segundo significado é causado pela falta do primeiro: quando não temos uma boa relação com Deus, então, seguramente hão de se manifestar todas as maldades próprias à natureza humana.

A outra carência é de “homens fiéis” que desapareceram, conforme lamenta o salmista. Um homem fiel de acordo com o termo original é um homem estável, que permanece firme, digno de confiança. Falta de fidelidade é algo que se observa facilmente entre os filhos dos homens. Faltam homens fiéis, estáveis, dignos de confiança. Proliferam como cogumelos, mesmo entre muitos “cristãos”, os homens em quem não se pode confiar.

“Porque já não há homens piedosos; desaparecem os fiéis entre os filhos dos homens.” (v. 1). Esta é a grande questão: Onde estão os homens piedosos, justos? Onde estão os homens verdadeiros e honestos? Davi estava vivendo em um tempo de perigo. Não por causa do tempo em si mesmo, mas por causa dos homens. Ele não sofria por causa de calamidades temporais, tempestades. Não havia terremotos, furacões, ciclones ou enchentes. O problema eram os homens: havia uma grande carência de homens piedosos, justos e verdadeiros.

Paulo, por sua vez, fala de um tempo difícil, não por causas naturais, mas por causa da falta de homens honestos e fiéis: “Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes.” (II Timóteo 3:1-5).

Mas, qual era o problema que provocou a angústia de Davi? Disse o salmista, inconformado com a sociedade dentre os filhos de Israel, considerados o povo de Deus: “Falam com falsidade uns aos outros, falam com lábios bajuladores e coração fingido... língua que fala soberbamente.” Aqui temos 4 pecados graves que se destacavam no caráter desses homens:

1) Falsidade. Davi disse que os homens falavam com falsidade uns para com os outros. E podia confirmar o pensamento do Padre Antônio Vieira: "O caminho da verdade é único e simples; o da falsidade, vário e infinito." Este grande pregador também lamentava em seu tempo a falta de homens verdadeiros e honestos. Como disse Renato Russo: “Quero ter alguém com quem conversar. Alguém que depois não use o que eu disse contra mim.” Muitos hoje falam com falsidade para com o semelhante, como se nada fosse lhe acontecer. Mas o grande engano dos enganadores é desconsiderar que eles fatalmente também serão enganados. E isso pode ser muito danoso, sem pensar na parte espiritual.

2) Bajulação. É o que também acontecia naquele tempo e em nosso. Disse Davi: “falam com lábios bajuladores... Corte os Senhor os lábios bajuladores...” (v. 2,3). Bajular é lisonjear, elogiar com excessos e afetação, é adular visando às vantagens e recompensas. Mas dá para perceber quando alguém elogia com más intenções. "A bajulação é a moeda falsa que só circula por causa da vaidade humana." (Duque de La Rochefoucauld). E é por isso, pela vaidade humana de ser glorificado, que cresce a corda dos bajuladores.

3) Hipocrisia. Davi condena também a hipocrisia, afirmando que os infiéis falavam com o “coração fingido” (v. 2). O original diz: “com um coração e um coração” querendo dizer dois corações contrários; tais homens de mente dúbia não são confiáveis. A hipocrisia é o seu recurso habitual. Por exemplo, uma amizade fingida: “A amizade? Desaparece quando o que é amado cai na desgraça ou quando o que ama se torna poderoso.” (François René). Muitas vezes isso acontece; há muitas pessoas que confundem amizades verdadeiras com amizades interesseiras.

4) Orgulho. Davi continua em sua prece e pede a Deus que corte “a língua que fala soberbamente”. E ele exemplifica o que estava acontecendo. Esses ímpios diziam: “Com a língua prevaleceremos, os lábios são nossos; quem é senhor sobre nós?” (v. 3,4). No passado, o faraó egípcio disse estas mesmas palavras, referindo-se a Deus: “Quem é o Senhor para que lhe ouça eu a voz ...? Não conheço o Senhor...” (Êxodo 5:2). Orgulho é um defeito pecaminoso do coração que se extravasa na língua. Faraó podia proferir qualquer palavra presunçosa, mas logo estaria destruído, porque palavras orgulhosas apenas indicam o pecado de um coração rebelde. Mas a arrogância e altivez dos homens serão abatidas (Isaías 2:17).

5) Opressão. Davi ainda fala dos pecados desses homens ímpios: “Por causa da opressão dos pobres e do gemido dos necessitados” (v. 5). Eles oprimem aos que não podem falar por si mesmos. Eles estão em silêncio a fim de que a sua defesa não se torne a sua ofensa e culpa. Mas estão clamando e gemendo ao Senhor para que sejam libertos. Deus mesmo toma nota desse estado de coisas injustas contra os que são oprimidos porque são pobres.

Com efeito, quais são os problemas do nosso mundo? Se perguntarmos a algum homem pensante: "O que faz com que os tempos sejam maus, difíceis?" Eles nos dirão que a escassez de dinheiro, a desonestidade do comércio e as angústias da guerra fazem com que os tempos sejam ruins. As calamidades, terremotos e tsunamis – tudo isso torna os nossos dias em tempos difíceis. Porém, as Escrituras atribuem a raiz dos males dos tempos a causas diferentes: faltam os homens verdadeiros. Virão tempos perigosos porque o pecado abundará, e Davi já se queixava disto, em seus dias. Quando a piedade se deteriora, os tempos são realmente maus.

Abraão foi visitado por três anjos, e um deles era o próprio Senhor, que lhe trouxe a grande notícia de que, depois de um ano, Sara haveria de ter um filho dele. Mas Sara, que ouvira da porta da tenda, riu-se dessa notícia, imaginando a impossibilidade de tal coisa se cumprir. E o Senhor perguntou: “Por que se riu Sara, dizendo: ‘Será verdade que darei ainda à luz, sendo velha?’ Acaso, para o Senhor há coisa demasiado difícil? Daqui a um ano, neste mesmo tempo, voltarei a ti, e Sara terá um filho.”

Então, o que você acha que aquela mulher do grande patriarca Abraão falou? Ela veio se ajoelhar e louvar a Deus, reconhecendo o seu erro e pedindo-Lhe perdão, e agradecendo ao Senhor por tão maravilhosa notícia? Não foi isso que aconteceu; antes note o que ela teve a coragem de fazer: “Então, Sara, receosa, o negou, dizendo: Não me ri. Ele, porém, disse: Não é assim, é certo que riste.” (Gênesis 18:12-15). Lá se encontrava uma mulher “justa”, que temendo por sua honra, usou de falsidade diante do próprio Deus que vê de todas as coisas, até as que estão escondidas, quer sejam boas quer sejam más.

E eles se levantaram para prosseguir viagem rumo à cidade de Sodoma, e Abraão os acompanhou até certo ponto, a fim de encaminhá-los. E o Senhor lhe falou a respeito da destruição daquela cidade ímpia, em virtude da gravidade dos seus pecados. E foram-se os três homens-anjos. Mas Abraão ficou em uma profunda angústia, e se aproximou de Deus e lhe falou: “Senhor, destruirás o justo com o ímpio? Se houver, porventura, 50 justos na cidade, destruirás ainda assim e não pouparás o lugar por amor dos 50 justos que nela se encontram? Longe de ti o fazeres tal coisa, matares o justo com o ímpio, como se o justo fosse igual ao ímpio; longe de ti. Não fará justiça o Juiz de toda a terra?”

E diante deste apelo tão convincente, Deus lhe deu uma resposta cheia de misericórdia, dizendo que pouparia a cidade nessas condições, por amor aos 50 justos que porventura houvesse na cidade. Mas Abraão continuou a interceder e fez várias outras tentativas, na suposição de haver em Sodoma 45, 40, 30, 20, até que finalmente chegou aos 10 justos. Deus lhe deu a mesma resposta: “Não destruirei Sodoma por amor dos 10.” E Abraão teve que se calar, porque não havia nem 10 justos naquela ímpia e condenada cidade, embora muito populosa. Onde estão os justos, homens fiéis, verdadeiros e tementes a Deus? Assim pensava Abraão (vs. 22-33).

O profeta Jeremias escreveu estas palavras de Deus: “Dai voltas às ruas de Jerusalém; vede agora, procurai saber, buscai pelas suas praças a ver se achais alguém, se há um homem que pratique a justiça ou busque a verdade! E Eu lhe perdoarei a ela” (Jr 5:1). Deus estava procurando apenas um justo na cidade de Jerusalém; se Ele o encontrasse, pouparia a cidade da destruição vindoura pelos exércitos de Babilônia. Onde estão os justos, os fiéis e verdadeiros? Assim dizia Deus.

E Jeremias pensava que os insensatos eram apenas os pobres, porque não tinham o conhecimento de Deus. Então, ele se dirigiu aos grandes da nação e se decepcionou porque aqueles líderes que conheciam o caminho do Senhor rejeitavam a Sua palavra e endureciam a sua consciência, “porque as suas transgressões se multiplicaram, se multiplicaram as suas traições” e falsidades. (v. 5,6). “Que é isso? Furtais e matais, cometeis adultério e jurais falsamente, queimais incenso a Baal e andais após outros deuses que não conheceis, e depois vindes, e vos pondes diante de mim nesta Casa que se chama pelo Meu nome, e dizeis: Estamos salvos; sim, só para continuardes a praticar estas abominações!” (Jr 7:9-10). E Deus procurava um homem justo ao lado do profeta Jeremias, nas ruas daquela condenada cidade.

Diógenes de Sínope (412-323 a.C.) era um filósofo grego desterrado de sua pátria que fora morar em Atenas. Diz-se que ele perambulava pelas ruas da cidade com uma lamparina em suas mãos em pleno dia. Perguntaram-lhe: “Diógenes, por que você carrega essa lamparina, em pleno Sol do meio-dia?” Ele respondeu prontamente: “Eu procuro um homem!” Ele procurava um homem honesto, verdadeiro, sincero, alguém em quem ele pudesse confiar! Esta é a maior necessidade do mundo.

Disse a escritora americana Ellen G. White: “A maior necessidade do mundo é a de homens - homens que não se comprem nem se vendam; homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens, cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao pólo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus.” (E.G.White, Educação, 57). O profeta Jeremias procurava um homem; Davi lamentava a carência de homens retos e justos. Diógenes com a sua lamparina procurava um homem. E Ellen White diz que esta é a maior necessidade do mundo.

II – Intervenção divina (v. 5)

Estas são as palavras de Deus, em resposta à necessidade de homens justos, e em contemplação da “opressão dos pobres e do gemido dos necessitados” esquecidos: “Eu me levantarei agora, diz o Senhor; e porei a salvo a quem por isso suspira.”

Esta é a grande promessa divina de Sua intervenção. Deus não pode ver o mal sem tomar providências redentoras. Os atos de Deus são atos de salvação pelo Seu povo oprimido. Ele promete Se levantar. Esta é uma linguagem figurada que indica uma reação de Deus diante da opressão do Seu povo. Ele Se levantou quando o povo de Israel estava sendo oprimido no Egito. Ele Se levantou quando o Seu povo estava sendo oprimido na Palestina pelos cananeus e enviou a muitos juízes libertadores. Ele Se levantou quando o Seu povo estava sendo oprimido pelos babilônios, e enviou a Ciro para libertá-los.

Mas Ele também Se levantou para salvar a humanidade inteira e enviou a Jesus Cristo para libertar-nos do pecado. “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16).

Certa noite João Wesley estava a caminho de casa, voltando do trabalho. Na estrada, apareceu dentre as trevas um homem, exigindo-lhe bruscamente o dinheiro ou a vida.
– Meu amigo, – disse Wesley bondosamente, enquanto lhe entregava o que tinha – talvez um dia o senhor deseje abandonar essa vida. Quando chegar esse tempo, lembre-se disto: "Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores" e: "O sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo o pecado".

Anos mais tarde estava Wesley cumprimentando o povo, à porta da igreja. Um membro se lhe aproximou e lembrou-lhe aquele incidente. Wesley bem se recordava do fato.
– Fui eu aquele salteador – disse o homem, humildemente. – As palavras que o senhor me disse nunca mais me abandonaram. Minha vida foi transformada completamente! Descobri que de fato Jesus Cristo pode salvar o mais vil pecador.

O amor e a salvadora graça do Salvador convencem e convertem o mais indigno dos homens! E através dos séculos Ele tem trazido vida e esperança a milhões de pessoas que para Ele ergueram os olhos.

III – Certeza libertadora (6-7)

1 – Certeza de Davi para os homens. Com efeito, podemos confiar na promessa de Deus de que nos porá a salvo, a nós que suspiramos por isso (Salmo 12:5), e “gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo.” (Romanos 8:23). E como podemos ter essa confiança? Como podemos ter essa fé? Como podemos ter esta certeza? O salmista nos responde a esta pergunta não formulada em seu salmo, dizendo: “As palavras do Senhor são palavras puras, prata refinada em cadinho de barro, depurada sete vezes.” (Salmo 12:6).

Ou seja, embora os homens falhem em sua palavra, sendo falsos, bajuladores, hipócritas, pretensiosos e opressores, Deus é fiel e cumpre a Sua Palavra que é santa, justa e boa. É a pureza de Sua Palavra que nos transforma e salva. É pela Sua Palavra de pureza que somos animados a ter fé nEle, como disse o apóstolo Paulo: “a fé vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Cristo” (Romanos 10:17).

2 – Certeza de Davi para Deus.  Mas, se antes Davi falou para homens, e deu o seu testemunho acerca da Palavra de Deus, agora, ele fala para Deus sobre a certeza que ele tem de que crê na Sua intervenção salvadora: “Sim, Senhor, tu nos guardarás; desta geração nos livrarás para sempre.” (Salmo 12:7-8).

Davi fala para Deus sobre a sua fé em Sua libertação: “Sim, Senhor, Tu nos guardarás!” Faz muito bem à nossa alma falar de Deus para Deus! E Ele também Se compraz em nos ouvir falar de nossa fé nEle para Ele. Quando a alma está em angústia, deve clamar a Deus, como Davi fez no início do salmo, em sua queixa; mas não ficaremos só em queixas e lamentações, à procura de homens fiéis, mas vamos além disso, da dúvida para a fé, dizendo a Deus que nós cremos nEle, e que não estamos decepcionados com Ele, embora estejamos decepcionados com os homens.

Quando Elias estava no monte Horebe lamentado a falta de homens fiéis, justos e retos, dizendo que só restava ele, que havia ficado só no caminho da justiça, e ainda procuravam caçar a sua vida, Deus lhe deu uma resposta consoladora: “Conservei em Israel sete mil, todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que o não beijou.” (1Reis 19:18). Pode ser que as nossas lamentações devam ser substituídas por louvores e declarações de fé para Deus ao dizermos: “Sim, Senhor, Tu nos livrarás para sempre!”

Conclusão (v. 8)

Vivemos em um mundo terrível, em que “por todos os lugares andam os perversos, quando entre os filhos dos homens a vileza é exaltada.” Há um aumento de crimes e criminosos; há uma proliferação de lugares contaminados por homens perversos e maus, prontos para eliminar a vida por qualquer motivo. Há uma inversão de valores, em que a vileza é exaltada, o crime levanta a sua hedionda cabeça, a depravação é elogiada, e parece que ninguém atenta para isso e a justiça anda tropeçando pelas praças.

Entretanto, há uma grande multidão de homens e mulheres dos quais o mundo não é digno, que se levantam em suas preces para louvar a Deus e dizer: “Sim, Senhor, Tu nos livrarás para sempre!” Estes são os verdadeiros e justos, que não dobraram os seus joelhos a Baal, nem aos deuses modernos da televisão, nem à Babilônia “cristã”.

Sim, existe uma multidão de cristãos, “homens que não se compram nem se vendem; homens que no íntimo da alma são verdadeiros e honestos; homens que não temem chamar o pecado pelo seu nome exato; homens, cuja consciência é tão fiel ao dever como a bússola o é ao pólo; homens que permanecem firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus.” Estes são os escolhidos de Deus. Agora, só uma pergunta: Você é um destes? Você é um escolhido? Você tem certeza de que anda no caminho da justiça e da retidão?

Você pode dizer a verdade ainda que seja ameaçado pelos ímpios?  Há muitos anos certo jovem prestava serviço no Exército Confederado do Sul, nos Estados Unidos. Estava sob as ordens do general Robert E. Lee e sentia-se muito orgulhoso dele. Certo dia, esse jovem recebeu a notícia de que sua mãe estava muito doente. De modo que pediu licença ao general Lee para visitá-la. O general lhe deu uma ordem escrita e lhe sugeriu que se vestisse à paisana, porquanto sua casa se encontrava muito perto da linha de combate.

Com toda pressa o soldado começou sua viagem. Finalmente, conseguiu divisar seu querido lar. Mas, para sua decepção, notou que vários soldados da União interceptaram o seu caminho. Pôde ver sua casa à distância. Os inimigos não demoraram em prendê-lo e levá-lo perante o comandante do acampamento dos soldados da União, onde tremulavam as bandeiras com a brisa, e havia soldados por todas as partes.

Se ele dissesse que se simpatizava com os do norte, talvez o teriam deixado ir livremente; se dissesse que era do Sul, provavelmente o levariam a um acampamento de prisioneiros.
- Quem é o você? - interrogou o oficial.

O jovem hesitou. Então pensou no seu general, e serenamente, levantando a cabeça orgulhosamente, disse:- "Sou um soldado confederado sob o comando do general Lee."
- Então, você é um espião. Será fuzilado ao amanhecer. Soldados, levai-o daqui!
- Mas, senhor, não sou um espião. Estou usando roupas civis, porque fui dispensado, vou ver minha mãe, doente, mora no fim desta rua.
- Revistem-no! - foi a ordem do oficial. Assim o fizeram, encontraram só a ordem do general Lee para visitar sua mãe. Era um momento de angústia; o oficial examinava o pedaço de papel.

Finalmente disse: "Parece que você está dizendo a verdade. Além disso, não se envergonha de sua causa. Por estas duas razões ponham-no em liberdade."

Temos certeza de que a nossa libertação é “para sempre”. Nossa suprema esperança é a vida eterna. Em uma vida tão fugaz, hoje, podemos nos preparar a fim de sermos fiéis ao dever como a bússola é fiel ao pólo. Podemos afinar a nossa consciência para ouvir a voz de Deus em meio ao vozerio carnavalesco de um mundo que se encaminha para a perdição! Como está a sua consciência? Você tem uma certeza eterna?

Pr. Roberto Biagini
Mestrado em Teologia

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